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Brasil

Desmatamento na Amazônia cresce 96% em setembro, indicam alertas do Inpe

Junho teve aumento de 90% no desmate. Em julho, foram 278% de crescimento. Em agosto o salto foi de 222% em relação ao mesmo período do ano anterior

Lindauro Gomes

11/10/2019 18h50

FILE PHOTO: Piles of wood are seen during “Operation Green Wave” conducted by agents of the Brazilian Institute for the Environment and Renewable Natural Resources, or Ibama, to combat illegal logging in Apui, in the southern region of the state of Amazonas, Brazil, July 27, 2017. REUTERS/Bruno Kelly /File photo

O desmatamento cresceu cerca de 96% em setembro na Amazônia na comparação com o mesmo mês de 2018, segundo dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que dispara alertas de desmate para orientar ações do Ibama.

Desde junho, a devastação na Amazônia tem aumentado na comparação com a série histórica do Inpe. Os meses de julho, agosto e setembro do primeiro ano do governo Jair Bolsonaro tiveram as maiores taxas de desmate desde 2015 e 2016 (no caso de julho) -o Deter está em funcionamento desde 2004.

Junho teve aumento de 90% no desmate. Em julho, foram 278% de crescimento. Em agosto o salto foi de 222% em relação ao mesmo período do ano anterior.

No mês de setembro foram devastados 1.447 km² de floresta amazônica.

O Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real) não tem a função de medir precisamente a área desmatada, o que é feito pelo sistema Prodes, que é divulgado anualmente e aponta o desmatamento entre agosto de um ano e julho do seguinte.

Ainda assim, o Deter pode ser usado para apontar a tendência geral de aumento ou redução da destruição na floresta.

A divulgação dos dados de julho e agosto geraram uma crise no Inpe e críticas do presidente, que acusou o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, de estar a “serviço de alguma ONG”. As informações de devastação também foram contestadas pelos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e pelo general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Galvão se defendeu do ataque e defendeu os dados do Inpe. O então diretor acabou exonerado pelo ministro Pontes no dia 2 de agosto.

A destruição crescente também gerou alerta nos países que investem em desenvolvimento sustentável no Brasil, como a Noruega e Alemanha, que doavam dinheiro para bilionário Fundo Amazônia. O fundo foi bloqueado após Bolsonaro ter extinto os conselhos que geriam o fundo. Como resultado, os dois países pararam de enviar recursos.

Em meio ao aumento do desmate, cresceram também as queimadas. A alta atraiu atenção internacional ao Brasil e gerou uma crise da imagem ambiental do governo Bolsonaro. Líderes como a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron demonstraram preocupação com os incêndios na Amazônia, e Bolsonaro reagiu criticando ambos.

Bolsonaro recusou ainda US$ 20 milhões de dólares (R$ 82 milhões) do G7 para combater as queimadas e chamou a oferta de ajuda de “esmola”.
Aceitou, porém, a ajuda israelense. Inicialmente o país disse que enviaria material químico para conter o fogo, mas, no fim, enviou somente uma delegação com 11 especialistas em combate a incêndios.

A crise das queimadas, que se concentra principalmente em áreas privadas e florestas não destinadas -nas quais qualquer desmatamento e incêndio é ilegal-, levou o presidente Bolsonaro a assinar um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autorizava uso das Forças Armadas para combater os incêndios. Além disso, um decreto presidencial de 29 de agosto criou uma moratória de queimadas por dois meses.

A consequência foi a redução do número de queimadas. Em agosto, foram registrados 30 mil focos de incêndio em todo o país. O número caiu para 19,9 mil em setembro.

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