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Brasil

Desemprego de trabalhador formal preocupa economistas

De acordo com a Pnad Contínua, o número de empregados com carteira de trabalho chegou ao menor patamar desde o início da série, em 2012

Redação Jornal de Brasília

31/10/2020 11h07

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Carteira de trabalho. Foto: Reprodução

Diego Garcia
Rio de Janeiro, RJ

Depois de atingir principalmente trabalhadores informais nos primeiros meses da pandemia, a desocupação vem crescendo agora principalmente entre trabalhadores com carteira assinada, segundo dados do IBGE.

O resultado divulgado nesta sexta-feira (29) se contrapõe ao balanço apresentado no dia anterior pelo governo a partir do Caged, que aponta aumento de contrações e crescentes saldos positivos em julho, agosto e setembro.

De acordo com a Pnad Contínua do IBGE, o número de empregados com carteira de trabalho chegou ao menor patamar desde o início da série, em 2012. De junho a agosto, ficou em 29,1 milhões.

Em comparação com o trimestre encerrado em maio, houve retração de 2 milhões de vagas. Na comparação com igual período do ano passado, a queda é o dobro: 4 milhões.

Segundo a analista do IBGE Adriana Beringuy, no trimestre encerrado em agosto a parcela informal do mercado de trabalho respondeu por 29% do total de vagas fechadas no país. No trimestre móvel anterior, terminado em maio, esse número correspondia a 74%.

“No auge da pandemia, pelo isolamento social, a população informal foi a mais afetada.”

Agora os dados mostram que a perda de ocupação entre informais perdeu força. Já entre trabalhadores com carteira assinada, o fechamento de vagas mantém o ritmo.

“O informal foi o primeiro a ser impactado e é o primeiro a retomar”, diz Beringuy.

Para Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, o baque da pandemia na economia e seus efeitos sobre o mercado de trabalho vêm em fases.

Para especialistas ouvidos pela Folha, a discrepância entre Pnad e Caged se deve às diferenças na metodologia de cada pesquisa. A Pnad, do IBGE, tem caráter amostral, enquanto o Caged é construído a partir de informações enviadas pelas empresas ao Ministério da Economia.

A pandemia também pesa, criando distorções que podem comprometer os levantamentos de maneiras diferentes.

“A Pnad agora é feita por telefone, quando pessoalmente é melhor”, diz Tobler. “No caso do Caged existe uma preocupação em relação à quantidade de empresas que podem não estar atualizando suas informações, por subnotificarem o desligamento ou mesmo por terem fechado.”

Bruno Ottoni, da consultoria IDados, diz que a falta de sintonia entre formais da Pnad e e do Caged chama a atenção.

“A perda no emprego formal está num ritmo estranho quando comparada com os dados do Caged, que mostram crescimento na ponta”, diz. “Os informais não, já perderam muito; chega uma hora que se perde o que tinha para perder.”

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos a desocupação vai continuar avançando.

“Você teve um crescimento orgânico e disseminado entre setores e regiões, isso dá um tom positivo para estatística”, afirma. “Mas, com o arrefecimento da pandemia e uma eventual vacina, vamos ver as pessoas buscarem trabalho, informal ou formal.”

Daniel Duque, do FGV Ibre, ressalta que a Pnad Contínua é uma pesquisa de trimestres móveis, então carrega um pouco do passado. “Quando a gente olha os dados mensalizados, a Pnad Covid mostrou geração de vagas com carteira em agosto, assim como o Caged”, diz, citando pesquisa do IBGE criada para mensurar efeitos da pandemia no mercado de trabalho.

Na Pnad Covid de setembro, o IBGE já mostrou um aumento na população ocupada com carteira, indo de 31 milhões em junho para 31,4 milhões. Porém, os dados não são considerados oficiais e não podem ser comparados com os da Pnad Contínua.

Na Pnad Contínua de agosto, a divulgação desta sexta apontou que os empregados sem carteira assinada no setor privado somam 8,8 milhões, redução de 5% (463 mil pessoas) no trimestre e de 25,8% (3 milhões) no ano. Os trabalhadores por conta própria alcançaram 21,5 milhões, queda de 4% (894 mil pessoas) desde maio e 11,4% (2,8 milhões de pessoas) frente a agosto de 2019.

Já os trabalhadores domésticos atingiram o menor número da série histórica, com 4,6 milhões de pessoas, retração de 9,4% (473 mil pessoas) no trimestre e de 27,5% (1,7 milhão de pessoas) no ano.

As informações são da Folhapress

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