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Brasil

Desafiando ordem judicial, funcionários da Petrobras mantêm greve

Funcionários da companhia estão no 18º dia de paralisação, mesmo após a apresentação de recursos legais e incentivos laborais

Redação Jornal de Brasília

19/02/2020 15h03

FILE PHOTO: People walk in front of the Brazil’s state-run Petrobras oil company headquarters in Rio de Janeiro, Brazil, October 16, 2019. Picture taken October 16, 2019. REUTERS/Sergio Moraes/File Photo

Motivada pela demissão de uma série de funcionários em uma fábrica subsidiária da Petrobras no Paraná e pela venda de ativos da empresa, funcionários da companhia estão no 18º dia de paralisação, mesmo após a apresentação de recursos legais e incentivos laborais.

Após várias derrotas judiciais, os grevistas obtiveram uma vitória nesta terça-feira, quando o tribunal do trabalho que está mediando o conflito determinou que as demissões sejam suspensas até a próxima audiência entre funcionários e a empresa, dentro de duas semanas.

A paralisação começou no último 1º de fevereiro após o anúncio do fechamento de uma fábrica de fertilizantes subsidiária da Petrobras no Paraná, seguida da demissão de aproximadamente 400 funcionários fixos e 600 terceirizados.

O tribunal do Paraná também determinou que o sindicato da fábrica solicite aos outros trabalhadores que interrompam a greve em todo o país até a próxima audiência.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), mais de 20 mil funcionários aderiram à greve, representando um terço do total de empregados, nas 121 unidades da petrolífera, entre plataformas, refinarias, fábricas e sedes administrativas.

“A pressão dos petroleiros, em uma greve nacional há 18 dias, era essencial para garantir essa importante conquista”, afirmou a FUP em comunicado, mas não determinou o fim da greve, porque considera que a empresa viola outros aspectos do acordo coletivo com os trabalhadores e que é uma decisão provisória.

Greve “ilegal” 

Na véspera, o ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou na segunda-feira que a greve é “ilegal” e tem “motivação política” e estabeleceu uma multa diária de até 500.000 reais para sindicatos que não acatarem sua decisão.

Além disso, autorizou a Petrobras a sancionar funcionários que não retornarem ao trabalho.

Mas nada disso desmobilizou os trabalhadores.

“É o maior movimento grevista petroleiro desde 1995”, afirma Alexandre Finamori, porta-voz da FUP, durante manifestação que ocorreu em frente à sede nacional, no Centro do Rio de Janeiro.

Além da quebra do acordo coletivo na fábrica do Paraná, os trabalhadores também denunciam de maneira geral a política de venda de ativos iniciada pela estatal em 2015, como forma de se recuperar da crise relacionada à Lava Jato e pela queda nos preços dos barris de petróleo.

A empresa não comenta sobre o número de funcionários em greve, mas garante que a paralisação não afetou a sua produção por causa da contratação de funcionários terceirizados e dos petroleiros que não aderiram ao movimento.

Segundo dados da Petrobras, a empresa tem cerca de 60 mil funcionários.

No último 12 de janeiro, a empresa informou que adiantaria parte do pagamento do bônus anual aos funcionários com bom desempenho até o final deste mês, previsto para maio.

A Petrobras divulgará os resultados de 2019 na quarta-feira, e a empresa estatal registrou seu primeiro lucro líquido anual em cinco anos em 2018, de 25,8 bilhões de reais (7,058 milhões de dólares na variação média desse ano).

Agência France-Presse

 

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