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Brasil

De longe, mãe viu filho com paralisia cerebral superar Covid-19

“Passam mil coisas na cabeça, eu fiquei com medo dele não resistir e eu não me despedir”, relembra a mãe

Redação Jornal de Brasília

08/07/2020 9h12

Isabella Menon
São Paulo, SP

Quando soube que seu filho Dillan Sanches do Nascimento, 26, estava internado na UTI com Covid-19, Terezinha Sanches do Nascimento teve medo e chorou. Além do temor óbvio da morte, ela ficou aflita com o risco de nem poder dizer adeus.

“Passam mil coisas na cabeça, eu fiquei com medo dele não resistir e eu não me despedir”, relembra.

Dillan tem paralisia cerebral, deficiência visual e vive na Casa André Luiz desde os 12 anos. Terezinha e seus outros filhos costumavam visitá-lo todos os finais de semana e sempre que surgia uma brecha a mãe dava uma “passadinha na instituição”. “É pele, é cheirinho, existe uma ligação muito forte entre mãe e filho”, diz.

Devido à pandemia do coronavírus, as visitas na instituição foram suspensas. Por isso que, mesmo após Dillan se recuperar da Covid-19, Terezinha ainda não pôde ver seu quarto filho.

“Ele sente muita falta da gente, eu tinha medo dele ficar doente de tristeza”, diz a mãe.

Quando o filho se recuperou, recebeu um vídeo dele tendo alta da UTI em meados de maio. “Ele ficou muito ruim, a médica dizia que não tava bem, achei que dessa vez eu fosse perder meu filho, mas essa foi mais uma batalha que ele venceu”, afirma a mãe.

O encontro entre os dois só deve acontecer a partir do dia 20 de julho, quando a instituição prevê reabrir para visitas. Todos terão a temperatura aferida e poderão ficar apenas poucas horas.

“Nem acredito que vou poder apertar as bochechas dele”, diz.

Dillan foi um dos cem pacientes infectadas pela Covid-19 que vivem na instituição Casas André Luiz —cinco morreram. Ao todo, a instituição cuida de mais de 550 pacientes.

Roberta Aparecida Pedroso, cardiologista e diretoria técnica e clínica da instituição, diz que os pacientes começaram a manifestar sintomas em um final de semana no final de abril. “Foi um período bem difícil, pois foi um caso atrás do outro”, relembra ela.

Ela acredita que a infecção tenha ocorrido por meio dos profissionais da saúde que trabalham na instituição e em outros hospitais. Segundo Pedroso, todos usam os equipamentos de proteção individual.

O jovem Dillan, 26, junto com a sua mãe Terezinha Arquivo Pessoal O jovem Dillan, 26, junto com a sua mãe Terezinha ** A maioria dos pacientes que vivem na Casa André Luiz tem comorbidades, muitas delas relacionadas a complicações pulmonares, por isso o o temor dos responsáveis pelo local era de que eles não resistissem ao vírus. Além disso, cerca de 50 profissionais da saúde testaram positivo.

Para evitar a contaminação ainda maior, a instituição logo isolou os pacientes que manifestavam sintomas da Covid-19.

Daniela Silvestre trabalha na área institucional da Casas André Luiz e afirma que a instituição tinha um programa de voluntários ativo, com a projetos e padrinhos que costumam visitar aqueles que não tem mais a família presente.

“Eles já vivem de certa forma num isolamento, tem paciente que mora aqui há 50 anos, então essas atividades externas são muito positivas e sentem muita falta”, diz Silvestre.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a instituição tem retomado aos poucos a educação física e terapias. Por ali, os bazares, uma das maiores fontes de renda da Casas André Luiz, foram fechados e a instituição calcula que desde março tenha deixado de captar cerca de R$ 4 milhões mensalmente.

A pandemia encareceu custos com remédios e equipamentos de proteção individual. A casa, fundada em 1949 como um centro espírita, é uma instituição filantrópica, financiada com doações de pessoas físicas, ajudas e patrocínios de empresas. Neste site é possível obter informações para doar.

As informações são da FolhaPress.

Foto: Arquivo pessoal

 

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