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Brasil

Como curar os estragos mentais causados pela pandemia

Estudo de universidade mostra que o número de pessoas com depressão dobrou no Brasil

Redação Jornal de Brasília

12/10/2020 8h22

Um estudo feito pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) apontou que os casos de depressão praticamente dobraram desde o início da quarentena por causa da pandemia do novo coronavírus. Entre março e abril, dados coletados online indicam que o percentual de pessoas com depressão saltou de 4,2% para 8,0%, enquanto para os quadros de ansiedade o índice foi de 8,7% para 4,9%.

“O que estamos vivendo nos colocou diante de um estado de impotência e insegurança. Tanto na questão da saúde como financeiramente. E todo esse cenário nos fragilizou. Pessoas sem histórico de transtornos sendo acometidas por ataques de pânico e ansiedade. Quem já tinha algum tipo de doença psiquiátrica, precisou de um suporte maior. Difícil ficar indiferente a tudo que ainda estamos passando”, afirma a psicóloga Flávia Teixeira, mestre em Saúde Coletiva pela UFRJ e pós-graduada em Psicossomática Contemporânea.

E como curar os estragos que a pandemia causou na nossa saúde mental?  Primeiramente, é preciso ficar atento aos sintomas. Tristeza profunda e contínua, apatia, desânimo, perda do interesse pelas atividades que gostava de fazer, pensamento negativo (ideias de fracasso, incapacidade, culpa, pensamentos de morte), alterações do sono e do apetite; são sinais de alerta. Daí a importância de procurar ajuda médica quando os sintomas descritos estiverem se manifestando. O tratamento pode envolver o uso de antidepressivos, associados à psicoterapia”, pontua a psiquiatra Danielle H. Admoni, especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e psiquiatra na Unifesp.

Especialistas apontam dois dos transtornos mais percebidos na pandemia (e como lidar com eles).

Síndrome de Burnout

De acordo com informações divulgadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o número de solicitações de auxílio doença quintuplicou entre março e abril. Estes foram os dois meses de evolução do contágio do coronavírus no Brasil. Os dados apontam que entre um mês e outro, os pedidos saltaram de 100 mil para 500 mil.

“De fato, o número de requerimentos de benefícios previdenciários no INSS de natureza psiquiátrica está entre os primeiros colocados. Os pedidos de auxílio doença e benefícios assistenciais, em decorrência de transtornos mentais, só possuem menor incidência em relação aos de natureza ortopédica”, diz Carla Benedetti, advogada, mestre em Direito Previdenciário pela PUC-SP.

Pesquisa recente da Microsoft apontou um aumento de 44% de brasileiros com esgotamento profissional. “A síndrome de Burnout, consequência do excesso ou sobrecarga de trabalho, se agravou na pandemia. Nesta condição, a pessoa se sente literalmente exausta, esgotada física e psicologicamente, seja por causa do número de horas trabalhadas, seja pelo estresse provocado pelas condições de trabalho”, explica Marcia Dolores Resende, psicóloga, especialista em Gestão de RH pela USP e conselheira em Desenvolvimento Humano e Estudos da Família no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

O home office, por exemplo, se tornou uma rotina para muitos profissionais. No entanto, nem todos conseguem se adaptar com a junção do ambiente de trabalho ao de casa. “Pacientes relatam desânimo, dificuldade de raciocínio, ansiedade, irritabilidade, sensação de incapacidade, diminuição da motivação e da criatividade, entre outros sintomas”, conta a Dra. Cristiane Romano, fonoaudióloga, mestre e doutora em Ciências e Expressividade pela USP.

A privação do sono também é um forte gatilho para a síndrome de Burnout. “Isso resulta em uma extrema exaustão, pois o organismo, que já está habituado com um determinado padrão de sono, sofre um forte impacto, precisando de tempo e resistência para se adequar às mudanças”, afirma a psicóloga Marcia Dolores Resende.

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