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Brasil

Comandante da Força Nacional classifica amotinados como “gigantes”, “monstros” e “corajosos”

Antes dos elogios, Aginaldo de Oliveira fez um pedido para que os policiais optassem pelo fim do motim

Redação Jornal de Brasília

03/03/2020 7h35

O comandante da Força Nacional, Aginaldo de Oliveira, fez elogios aos policiais amotinados no Ceará. Pouco antes de os militares votarem pelo fim do motim, na noite de domingo (1º),  Aginaldo classificou os funcionários de “gigantes”.

“Vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos. Demonstraram isso ao longo desses 10, 11, 12 dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir”, afirmou o comandante.

Antes dos elogios, Aginaldo fez um discurso estimulando os policiais a encerrarem o motim. “Se os senhores não voltarem, as mortes não acabarão e atingirão os nossos amigos, os nossos familiares, nossos entes queridos e pessoas inocentes. Nenhum de vocês quer isso.”

Sobre a declaração, a Força Nacional disse que não irá se pronunciar.

Recém-casado com a deputada federal Carla Zambelli (PSL -SP), que integra a base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o coronel Oliveira é subordinado do secretário nacional de Segurança Pública, general Theophilo, que foi derrotado nas eleições pelo governo do Ceará. O general Teophilo disputou o pleito pelo PSDB e ficou em segundo lugar no Estado, com 11,3% dos votos. Apoiado por Ciro e Cid Gomes, Camilo Santana (PT) foi reeleito em primeiro turno.

Na assembleia que decidiu pelo fim do motim neste domingo, 1, Oliveira discursou ao lado do principal líder do movimento, o ex-deputado federal Cabo Sabino, e do advogado dos policiais amotinados, o coronel Walmir Medeiros. O diretor da Força exaltou o fato de o motim ter conseguido “atingir os seus objetivos”.

“Só os fortes conseguem atingir os seus objetivos. E vocês estão resistindo, vocês estão atingindo objetivos”, ele disse. “Acreditem: vocês são gigantes, vocês são montros, vocês são corajosos. Demonstraram isso ao longo desses dez, 11, 12 dias em que estou aqui, dentro deste quartel, em busca de melhorias para a classe, que vão conseguir.”

Fim do motim

Após uma votação realizada no domingo (1), os policiais militares decidiram pelo fim do motim da categoria que já durava 13 duas no Estado do Ceará. O período representou um caos para o povo cearense: foram mais de 200 pessoas mortas, embora a Secretaria de Segurança Pública tenha deixado de divulgar os números nos últimos dias da greve.

Os PMs, que voltaram ao trabalho nesta segunda-feira (2), aceitaram proposta da comissão especial, formada pela Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Justiça e a OAB do Estado. A anistia aos amotinados, tão pedida nos últimos encontros, não faz parte da proposta.

No entanto, a proposta assegura aos policiais um processo legal sem perseguição, com amplo direito a defesa e contraditório, além do apoio de instituições como a OAB, a Defensoria Pública e o Exército. 

Entre o início da paralisação de PMs e o último dia 26, foram registrados 220 assassinatos. O número de assassinatos durante o mês de fevereiro foi o maior dos últimos cinco anos.

Por causa da paralisação, cerca de 2,8 mil homens do Exército e da Força Nacional circulam pela capital cearense e por cidades do Interior para reforçar a segurança nas ruas. Ao todo, 230 policiais militares respondem a processos administrativos e foram afastados por 120 dias. Os agentes estão fora da folha de pagamento e podem ser expulsos da corporação.

Chefe tanto do general Thophilo quanto do coronel Oliveira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que o fim do motim ocorreu “sem radicalismo” e que “prevaleceu o bom senso”. “Recebo com satisfação a notícia sobre o fim da greve dos policiais no Ceará. O governo federal esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível dentro dos limites legais e do respeito à autonomia do Estado. Prevaleceu o bom senso, sem radicalismos. Parabéns a todos”, escreveu o ministro.

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