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Brasil

Cidades do oeste do Pará, divisa com o Amazonas, sofrem com falta de oxigênio

Os municípios fazem divisa com o estado do Amazonas, que enfrenta um colapso na saúde pública

Redação Jornal de Brasília

19/01/2021 16h22

Eduardo Laviano
Belém, PA

Municípios da região Oeste do Pará registraram um aumento no número de casos e internações por Covid-19 nos últimos dias e já registram escassez de oxigênio em unidades de saúde. Os municípios fazem divisa com o estado do Amazonas, que enfrenta um colapso na saúde pública.

Na cidade de Faro (920 km de Belém), seis pessoas morreram nas últimas 24 horas em unidades de saúde com falta de oxigênio, além da escassez de leitos e medicamentos.

Apenas na comunidade Nova Maracanã, 34 pacientes estão hospitalizados, de acordo com a prefeitura. A cidade tem apenas 12 mil habitantes.

“Nossa reserva de oxigênio está zerada. Temos 37 pacientes internados dividindo 11 balas [cilindros] de oxigênio para que nenhuma vida seja perdida. Estamos pedindo remédios emprestados, oxigênio, não temos recursos. Hoje dependemos de doações, estamos entrando em desespero”, afirmou Thiago Azevedo, secretário da prefeitura de Faro, para o jornal El País. Também no Baixo Amazonas, o prefeito de Oriximiná, William Fonseca (PRTB), afirmou que o município precisa de ajuda principalmente com o transporte de insumos. Um cilindro cheio de oxigênio que atenderia unidades de saúde da cidade chegou a ser furtado. Após investigações, foi recuperado em um estaleiro e devolvido para a maternidade do município.

“Estamos consumindo de 30 a 40 cilindros de oxigênio por dia. Cada um faz muita diferença, pois tivemos um crescimento repentino dos casos. Pegamos 15 cilindros emprestados do Hospital Regional, que foi o que deu para a gente segurar aqui o povo que está internado”, afirmou Fonseca.

As distâncias amazônicas são o principal desafio do ponto de vista logístico. A cidade de Oriximiná realizou a compra de uma usina de oxigênio com capacidade de produção de 26 metros cúbicos por hora, mas ainda não sabe como irá transportá-la até a cidade, que fica a 820 quilômetros da capital Belém. “A empresa fica em São José dos Pinhais, no Paraná. Então já solicitamos este apoio para as autoridades e também fizemos um apelo nas redes sociais mesmo, para que nossos deputados e o governador possam intermediar este pedido de uma aeronave de grande porte para trazer a usina para Oriximiná, pois isso ajudará Terra Santa, Juruti, Faro e todas as cidades vizinhas”, disse o prefeito.

Até o momento, a Secretaria de Saúde de Oriximiná não identificou a variante P1, nova cepa da Covid-19 identificada em Manaus por pesquisadores, entre os novos casos registrados na cidade.

Durante entrevista à imprensa do início da vacinação no Pará nesta terça-feira (19), o governador Helder Barbalho informou que cilindros de oxigênio foram encaminhados aos municípios do oeste paraense e chegaram por volta de 12h.

Ao todo, 79 cilindros foram para Oriximiná e outros 20 para Faro. Barbalho disse ainda que a empresa que fornece oxigênio para o Pará já garantiu produção suficiente para a demanda do estado. A empresa possui duas fábricas de oxigênio, além de duas unidades de envasamento de cilindros, com uma capacidade de produção de 58 mil metros cúbicos diários.

Na semana passada, o tráfego fluvial entre o Pará e o Amazonas foi proibido por meio de decreto estadual e, ainda assim, a avaliação epidemiológica da região do Baixo Amazonas, no Oeste do Pará, regrediu para a bandeira vermelha.

“Elevamos para vermelho porque percebeu-se uma pressão no sistema de saúde, o que nos obriga a sinalizar que é preciso tomar medidas enérgicas para evitar o colapso”, informou o governador.

As informações são da FolhaPress

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