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Brasil

Casal narra saga para buscar filha gerada em barriga de aluguel no exterior durante pandemia

O casal, que é de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, só não esperava que teriam que buscar a criança em outro país

Redação Jornal de Brasília

08/09/2020 5h27

Simone Machado
São José do Rio de Preto, SP

Após mais de uma década de tentativas de engravidar, sem sucesso, a administradora de empresas Camila Pavan, 32, e o fisioterapeuta Adriano Garbelini, 36, decidiram ter o tão desejado filho por meio do processo conhecido como gestação por substituição, a chamada barriga de aluguel.

O casal, que é de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, só não esperava que teriam que buscar a criança em outro país bem no momento em que o mundo enfrenta uma pandemia.

Antes de decidir pela barriga de aluguel, o casal tentou engravidar, mas Camila descobriu uma doença que a impede de gestar.

“Tive dois abortos espontâneos, e a partir daí comecei a procurar respostas. Durante 15 anos, fui em vários médicos e recebi diversos diagnósticos. Ao procurar um especialista nos Estados Unidos descobri que tenho distrofia muscular, e soube que meu corpo não aguentar ter uma gestação”, conta Camila.

O casal tentou a barriga solidária com a ajuda da irmã de Adriano. Mas também não deu certo, e a cunhada teve um aborto espontâneo. Diante disso, o casal passou a pesquisar sobre o processo de barriga de aluguel.

O procedimento, que não é permitido no Brasil, mas é legalizado em países como a Ucrânia e Tailândia, consiste na doação temporária do útero por uma mulher que carrega o bebê durante os nove meses de gestação em troca de pagamento.

“Aqui no Brasil, esse procedimento ainda é um tabu a ser vencido. Busquei informações nos Estados Unidos, na Tailândia e na Ucrânia até decidirmos fazer o procedimento em uma clínica em Kiev [capital ucraniana] que nos pareceu muito segura e nos oferecia alguns benefícios como um número de tentativas ilimitado, caso o primeiro procedimento não desse certo”, diz Camila.

Há um ano e meio, o casal foi até o centro de reprodução humana -local que une clínica e hotel- e passou ali cinco dias. Adriano teve o material genético colhido, mas os óvulos de Camila não foram usados devido à doença dela. O casal escolheu uma doadora através de uma seleção sem identificação.

“Nós optamos por não escolher também a mulher que geraria nosso bebê, só pedimos à clínica que fosse uma pessoa responsável para que não tivesse intercorrências durante a gestação”, explica a administradora.

Para realizar o sonho, o casal gastou aproximadamente R$ 230 mil, pagos ao longo de nove meses. O valor do procedimento, afirmam os dois, varia de acordo com o número de tentativas, de acordo com a genética, escolha da mãe e uso ou não de óvulos próprios.

Pietra estava com nascimento previsto para junho e vinha sendo muito aguardada pelo casal e por toda a família. O que eles não imaginavam era que na reta final da gestação o mundo estaria enfrentando uma pandemia, e a maioria dos países estariam com suas fronteiras fechadas.

Com os voos comerciais cancelados a viagem deles até a Ucrânia estava em risco.

Foram dias de incertezas até que Camila e Adriano conseguissem passagens em um voo de repatriação de ucranianos que sairia de Munique, na Alemanha, no dia 1º de junho. Para chegar até lá eles tiveram que fazer escala em Amsterdã, na Holanda, chegar à Alemanha, e finalmente seguirem até Kiev.

Chegando ao destino, o casal fez o teste para Covid-19 e ficou nove dias em quarentena em um hotel designado pelo governo do país. Com o resultado negativo dos testes, eles foram liberados e puderam ir para o hotel da clínica de fertilização. No dia seguinte, 11 de junho, Pietra nasceu.

“Achei que não conseguiríamos chegar a tempo do nascimento e de acompanhar os primeiros dias dela, mas deu tudo certo”, diz Camila.

O casal permaneceu por mais 55 dias na Ucrânia, para a bebê ganhar alguma imunidade, antes de retornar para casa com a filha nos braços. O medo de encarar horas em aeroportos e dois voos com um bebê recém-nascido, em meio a uma pandemia, era grande. Bebês não podem usar máscara de proteção, e Pietra ainda não havia tomado todas as vacinas.

Para poderem viajar, dois dias antes da data de embarque, Camila e o marido fizeram novo teste para a Covid-19. Diante do resultado negativo, foram autorizados a embarcar. Após 34 horas de viagem, com escala em Paris, chegaram a São José do Rio Preto com Pietra nos braços.

“Foi uma viagem bem complicada porque os aeroportos estão com trabalhos limitados. Em Paris estava tudo fechado, não tinha lugar para comprar comida ou água. Mas quando chegamos em casa e encontramos nossa família foi uma sensação de vitória”, diz Camila. “Ver que o esforço deu certo e ver a Pietra recebendo o amor de todos é algo inexplicável.”

As informações são da FolhaPress

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