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Brasil extradita repressor da ditadura argentina

“Depois de preso no Rio de Janeiro na segunda-feira, o repressor Gonzalo Sánchez (69 anos) já está na Argentina para ser processado por crimes contra a humanidade”, afirmou

Redação Jornal de Brasília

15/05/2020 14h56

O Brasil extraditou nesta quinta-feira (14) um repressor da última ditadura argentina (1976-1983), acusado das mortes do escritor e jornalista Rodolfo Walsh e do jovem sueco Dagmar Hagelin, informou o Ministério das Relações Exteriores em Buenos Aires.

“Depois de preso no Rio de Janeiro na segunda-feira, o repressor Gonzalo Sánchez (69 anos) já está na Argentina para ser processado por crimes contra a humanidade”, afirmou.

Sanchez, apelidado Chispa, era fugitivo das investigações judiciais sobre crimes cometidos na Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), um emblemático centro clandestino de detenção da ditadura em Buenos Aires.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a divulgação do mandado de prisão internacional para Sánchez, um ex-oficial da Marinha, “foi de vital importância para que a Interpol Brasil” o prendesse em Paraty, cidade entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Um pedido anterior de prisão e extradição de Sánchez em 2017 falhou.

A entrada na Argentina foi através da passagem de fronteira de Puerto Iguazú, no nordeste do país, “onde as forças brasileiras o entregaram com um atestado médico e teste para COVID-19”, disse o Ministério das Relações Exteriores.

O repressor foi levado à Superintendência de Investigações Federais, em Buenos Aires, onde foi detido provisoriamente.

Segundo a justiça argentina, Sánchez era membro dos comandos repressivos da ESMA (hoje museu da memória), onde desapareceram cerca de 5.000 presos políticos do regime, incluindo Walsh e Hagelin, sequestrados em 1977.

Os corpos de Walsh e Hagelin nunca foram encontrados. Os líderes da ESMA ordenaram os chamados “voos da morte”, dos quais os detidos, depois de serem drogados, eram jogados vivos no mar ou no Rio de la Plata.

Mais de mil chefes, oficiais e policiais do regime foram condenados por crimes contra a humanidade desde 2003.

As organizações de direitos humanos estimam que 30.000 pessoas desapareceram na ditadura.

Dezenas de milhares de outras pessoas seguiram para o exílio.

© Agence France-Presse

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