Menu
Brasil

Beto Freitas foi asfixiado por 4 minutos diante de 15 testemunhas em Carrefour do RS; veja vídeo

Além dos dois seguranças, é possível ver uma fiscal do hipermercado filmando e observando o espancamento sem interferir na agressão

Redação Jornal de Brasília

22/11/2020 9h02

Matheus Moreira
Porto Alegre, RS

Imagens obtidas pela Folha revelam que Beto Freitas, 40, foi asfixiado por quase quatro minutos, diante de 15 testemunhas, após ser espancado por pelo menos dois minutos por seguranças do Carrefour em Porto Alegre na última quinta (19).

O vídeo mostra, ainda, que Freitas agrediu um dos vigilantes. Devido à qualidade do vídeo não é possível ver com clareza se um dos seguranças, Giovane Gaspar, disse algo que teria desencadeado a primeira agressão. A gravação mostra que, antes de agredir Giovane, Freitas para por um segundo e olha para o vigia.

Além dos dois seguranças, é possível ver uma fiscal do hipermercado filmando e observando o espancamento sem interferir na agressão.

Um homem tenta ajudar Beto Freitas mas é afastado pela fiscal enquanto outros dois seguranças de terno se aproximam.

Durante as agressões, diversas pessoas passaram pelo local e não intervieram. Quando Beto Freitas se mexe pela última vez, há em volta dele pelo menos 17 pessoas no local, sendo 15 testemunhas e os dois seguranças que sufocaram Freitas. É possível que haja mais testemunhas fora do alcance da câmera.

Uma das testemunhas é a fiscal, Adriana Alves Dutra, que aparece também em um vídeo obtido pela Folha intimidando testemunhas.

Ao homem que filma o sufocamento de Beto Freitas a fiscal diz: “não faz isso [filmar] que eu vou te queimar na loja”. A funcionária afirma, então, que Freitas “deu em uma mulher lá em cima”.

?Ao ser questionada sobre por que os funcionários o agrediram com tanta brutalidade e sobre o motivo de estarem sobre ele, ela diz: “Se você conseguir acalmar ele, eu tiro todo mundo de cima dele [Beto Freitas]”.

Beto Freitas foi velado e sepultado neste sábado (20) no cemitério São João, em Porto Alegre, sob pedidos de justiça e fim do racismo.

Beto era o segundo filho de um casal dedicado à família. Após a morte da mãe, há cerca de três anos, Beto se aproximou ainda mais do pai, aposentado e pastor há cerca de quatro anos. “Eu acordava e ligava para ele todo dia. A gente se falava duas vezes por dia e nos víamos sempre”, conta o pastor João Batista Rodrigues Freitas, 65 –leia a entrevista no texto ‘Beto Freitas foi pai precoce, filho presente e marido errático’.

De acordo com o Atlas da Violência, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2018, 43.890 negros foram assassinados no Brasil, o equivalente a 120 pessoas por dia ou 5 por hora. Na prática, a cada 12 minutos uma pessoa negra foi assassinada naquele ano. ?

As informações são da FolhaPress

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado