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Brasil

Autismo: tratamento intensivo e precoce

Com capacidade para atender até 120 crianças em um espaço de 360m², o Ciip pretende desenvolver um trabalho de incentivo às habilidades sociais a pessoas com autismo

Lindauro Gomes

12/08/2019 6h13

autismo Crédito: Instituto Ninar/divulgação

Larissa Galli
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O primeiro espaço de atendimento intensivo e precoce para tratar o autismo em crianças abre as portas hoje em Brasília. O Centro de Intervenção Intensiva e Precoce (Ciip) nasceu com a ideia de oferecer um tratamento multidisciplinar a crianças com transtornos do neurodesenvolvimento de até cinco anos.

Com capacidade para atender até 120 crianças em um espaço de 360m², o Ciip pretende desenvolver um trabalho de incentivo às habilidades sociais a pessoas com autismo. Segundo o psicólogo e cofundador do Centro, Gustavo Tozzi, a ideia é preparar as crianças para o mundo real. “Não estamos falando em cura, mas sim do melhor desenvolvimento comportamental dessas crianças”, afirma

Para isso, o Ciip conta com um espaço que simula uma “mini cidade”. Dentro do local foram construídas estruturas iguais a uma cozinha, banheiros, sala de aula, feiras e até um espaço que imita um consultório médico para acostumar as crianças com a realização de exames, por exemplo. “Queremos proporcionar experiências próximas ao mundo real. Assim, podemos tornar a rotina dessas crianças terapeutizante”, pontua.

Segundo o psicólogo, o atendimento precoce e intensivo é importante para ajudar na evolução dos pacientes. “Conseguimos um ótimo prognóstico se começarmos os tratamentos antes dos três anos de forma intensiva, com atendimentos de duração entre 12 e 20 horas semanais”, detalha. De forma geral, as crianças devem ter atendimentos de quatro horas por dia, três vezes na semana.

Vários especialistas

No Centro trabalham cerca de 30 profissionais, entre psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos, musicoterapeutas, educadores físicos e técnicos terapêuticos.

Conforme explicou Gustavo, o local tem disponibilidade para atender até 36 crianças por turno, que serão divididas em subgrupos de seis, de acordo com o nível em que se encontram de desenvolvimento. “O atendimento é em grupo, mas a atenção é individual. Queremos ter um olhar especial para o indivíduo e tornar toda a interação mediada”, afirma.

Segundo o psicólogo, promover essa ideia de coletividade também traz benefícios para as crianças. “Nós vivemos em coletividade e nosso mundo é social. Dentro de um consultório comum, a gente acaba criando um mundo artificial para essas crianças, diferente do mundo lá fora. No Centro, queremos aproximá-las o máximo possível da realidade”, finaliza.

Tratamento específico

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Atualmente, não há como contabilizar a quantidade de pessoas com autismo no Brasil, porque não existem dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre esse assunto. Informalmente, estima-se que existam 70 milhões de pessoas no mundo com o transtorno, sendo que dois milhões delas estão no Brasil.

A partir deste ano, os censos demográficos incluirão as especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista em suas pesquisas. Essa nova prática passou a ser obrigatória a partir da Lei 13.861/2019, sancionada no mês passado. A ideia é ajudar a determinar quantas pessoas no Brasil apresentam esse transtorno e como elas estão distribuídas pelo território. Com isso, o governo brasileiro poderá direcionar as políticas públicas para que os recursos sejam corretamente aplicados em prol de quem tem autismo.

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