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Brasil

Ativação do 5G pode começar só daqui a 2 anos, estimam empresas de telefonia

Expectativa é que ligação da rede demore de 18 a 24 meses para ficar pronta, após leilão das faixas de frequência

Redação Jornal de Brasília

05/02/2021 10h24

A tão aguardada internet móvel de quinta geração (5G) ainda pode demorar para se tornar realidade no Brasil. O sindicato que representa as operadoras de telecomunicações, Conexis Brasil, estima que a ligação do 5G deve levar de 18 a 24 meses após a leilão das faixas de frequência.

Portanto, tende a ultrapassar 2022, limite previsto na minuta do edital. O certame só deve ser realizado por volta da metade deste ano, conforme sinalizou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O problema, segundo as teles, está na solução escolhida pelo órgão regulador para fazer a limpeza das faixas e evitar interferências. Como as antenas parabólicas recebem as transmissões por meio da chamada banda C, que fica pertinho da faixa por onde vai navegar o 5G, é preciso fazer uma acomodação para evitar conflitos.

A solução recomendada pela área técnica da Anatel e acolhida pelo conselheiro relator do edital do leilão, Carlos Baigorri, foi a migração das parabólicas para a banda KU. A iniciativa exigirá a distribuição de equipamentos para que as residências com parabólicas passem a receber o sinal pela nova banda. Trata-se de uma solução semelhante ao que foi feito na época do leilão do 4G, quando foi preciso transferir os canais analógicos para o digital – processo custeado pelas teles.

A outra opção para resolver o problema das interferências seria instalar um filtro nas parabólicas para evitar que os sinais “se misturem”, o que permitiria a continuidade do uso da banda C, como é hoje. Esta alternativa de mitigação foi apontada pelas teles como mais rápida e barata. No entanto, não agradou a área técnica da Anatel, que ainda vê chances de interferências com a mitigação, e recomendou a migração.

“Essa decisão vai atrasar os investimentos. Esperávamos começar a ligar o 5G em alguns dias depois do leilão. Agora vai levar um ano e meio, talvez até dois anos”, criticou o presidente da Conexis, Marco Ferrari.

Custos

A distribuição de equipamentos e a migração entre as bandas vai custar R$ 1,64 bilhão, enquanto a mitigação por filtros ficaria em torno de R$ 388 milhões, de acordo com levantamento da Conexis.O processo é mais custoso e complexo porque exigirá dos vencedores do leilão a constituição de uma entidade para a distribuição dos equipamentos, a criação de uma rede logística e muitas negociações com governos estaduais para o abatimento do ICMS desse item. Pelas regras da minuta do edital, os kits deverão ser distribuídos para todas as famílias de baixa renda que constam no Cadastro Único de programas sociais do governo.

“Como a solução proposta é de migração, e não mitigação, isso impõe um desafio de logística maior”, observa Claudia Viegas, diretora de regulação da consultoria LCA, que realizou estudos sobre o tema a pedido da Conexis. Ela acrescenta ainda que será um grande desafio providenciar todos os equipamentos, pois a política pública inclui todos os usuários de parabólicas, e não só os que estão numa área de interferência dos sinais.

Com esses fatores em vista, o sindicato das operadores disse ver com preocupação os prazos estabelecidos na minuta do edital para ligação do 5G. A agência reguladora prevê 300 dias para as teles iniciarem a distribuição dos kits e o limite de 31 de dezembro de 2022 para que as antenas 5G sejam instaladas nas capitais. “Achamos que, nesse prazo, é muito difícil de acontecer”, previu Ferrari.O presidente da Conexis acrescentou que vai discutir o tema com a Anatel na tentativa de ajustar os prazos e/ou as soluções tecnológicas. A minuta do edital foi apresentada no começo da semana, mas a aprovação foi adiada após o presidente do órgão, Leonardo de Morais, pedir vistas.

Mesmo assim, é pouco provável uma mudança no teor do texto. O relator, Carlos Baigorri, recomendou a aprovação, e os conselheiros Moisés Moreira e Vicente Aquino acompanharam na íntegra o voto do relator. Isso garantiu três votos em um colegiado de cinco membros. Faltam apenas os votos do conselheiro Emanuel Campelo e do presidente.

Por enquanto, as companhias vão oferecendo o 5G numa modalidade chamada DSS, que usa um pedaço das faixas de radiofrequência nas quais já trafegam os sinais do 4G. O 5G DSS é um avanço na conexão ante o 4G, mas ainda está abaixo da velocidade super alta de navegação e da latência mínima, que virão no 5G “definitivo” e prometem revolucionar as comunicações. Isso ainda depende do leilão da faixa de 3,5 Ghz, específica para o 5G.

Estadão Conteúdo

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