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Análise de uso emergencial de vacinas tem força-tarefa de 42 técnicos em jornada de 16 h

A corrida para análise começou na sexta-feira (8), quando os primeiros pedidos para autorização de uso emergencial foram protocolados pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e pelo Instituto Butantan

Redação Jornal de Brasília

13/01/2021 17h45

Fachada do edifício sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foto: Agência Brasil

Natália Cancian

A análise dos pedidos de uso emergencial de vacinas contra a Covid-19 fez a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) criar um grupo com 42 servidores de diferentes áreas, implementar reunião diária para discutir os dados e suspender agendas não ligadas a vacinas na diretoria mais à frente do tema.

A corrida para análise começou na sexta-feira (8), quando os primeiros pedidos para autorização de uso emergencial foram protocolados pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e pelo Instituto Butantan.

A primeira tem um acordo com a farmacêutica AstraZeneca para obter doses da vacina de Oxford, e a segunda firmou parceria com a empresa chinesa Sinovac para produzir a Coronavac.

Desde então, a verificação dos dados -etapa que deve embasar a decisão de um possível aval para aplicação das doses no Brasil- ocorre por meio de um comitê formado principalmente por técnicos das áreas de medicamentos, fiscalização e monitoramento, além de membros de outras diretorias da Anvisa.

A área de medicamentos, com 12 servidores dedicados à tarefa, é quem coordena a análise. No grupo estão biomédicos, estatísticos, biólogos, farmacêuticos e médicos.

Farmacêutico e servidor de carreira da agência, o gerente da área de medicamentos, Gustavo Mendes, está à frente da comissão.

Para fazer a análise, parte dos servidores se dividiu entre os dois processos -da Fiocruz e do Butantan.

Já o grupo da área de medicamentos se divide por tipo de demanda -um grupo, por exemplo, verifica dados de eficácia, enquanto outros checam dados de qualidade e o protocolo de estudos clínicos.

Há ao menos uma reunião diária para discutir os dados, além de contato frequente com os laboratórios.

A agência não informa o tamanho dos processos. Fontes do Butantan, no entanto, dizem que o relatório enviado à agência sobre a vacina Coronavac soma cerca de 10 mil páginas. Já o da Fiocruz teria cerca de mil páginas em anexos.

Um painel foi criado para acompanhar a evolução das análises.

Até o início da tarde desta quarta-feira (13), cerca de 41% dos documentos enviados pelo Butantan já tinham a verificação concluída. No entanto, o instituto ainda precisava enviar mais dados exigidos para o processo.

Já os da Fiocruz somavam 33% entre os já concluídos. O restante ainda estava em análise ou dependia de informações complementares.

Segundo os técnicos, o grupo tem trabalhado cerca de 16 horas por dia. O objetivo é preparar dois relatórios, um para cada vacina, documento que deve basear a decisão de diretores sobre a liberação ou não dos imunizantes.

A discussão é prevista para ocorrer em reunião marcada para domingo (17). Haverá transmissão ao vivo.

A data corresponde a um dia antes do fim do prazo de dez dias definido para análise do uso emergencial das vacinas. No encontro, cinco diretores da Anvisa devem analisar o relatório técnico e votar, cada um, sobre o aval.

Embora siga o padrão de outras análises, o modelo é inédito em termos de vacinas, já que, até então, a agência não tinha uma regra que permitisse pedidos de uso emergencial -modelo que vale para vacinas que já tiveram dados de segurança e eficácia, mas cujos estudos ainda estão sendo concluídos.

Caso a decisão seja pelo aval, o Brasil já teria, em tese, autorização para aplicar os imunizantes. O pontapé oficial para isso deve ser uma publicação no Diário Oficial da União, que informará sobre a decisão dos diretores.

Somados os pedidos de Butantan e Fiocruz, são, ao todo, 8 milhões de doses em análise para eventual liberação. Destas, 6 milhões são da Coronavac, e 2 milhões da vacina de Oxford, ambas importadas de outros países.

O início da vacinação, no entanto, ainda deve depender da organização do Ministério da Saúde.

Alvo de críticas em relação à demora para definir a estratégia, o ministro da Saúde, general, Eduardo Pazuello, disse na segunda-feira (11) que pretende iniciar a imunização “no dia D” e “na hora H”.

O Ministério da Saúde avalia marcar o início da imunização contra a Covid em um evento no Palácio do Planalto na próxima terça-feira (19) com governadores. A ideia é vacinar um idoso e um profissional de saúde.

A agenda, porém, ainda não foi confirmada. A opção por fazer a cerimônia é avaliada pelo Ministério da Saúde. Pelo lado do Planalto, no entanto, ainda há dúvida sobre a realização do evento. Bolsonaro já disse que não vai se vacinar.

As informações são da Folhapress

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