Entrevista a Marcondes Brito
O Norte Online – Parceiro do JBr na Paraíba
“Quem vem conhecer João Pessoa, volta. E quem volta, decide ficar.” A frase do prefeito Cícero Lucena resume o momento vivido hoje pela capital paraibana, que passou a figurar entre os destinos turísticos que mais se destacam no País. Em entrevista ao Jornal de Brasília, ele explica que esse avanço é fruto de um conjunto de ações que envolvem planejamento urbano, investimentos em infraestrutura, reorganização da cidade no pós-pandemia e promoção permanente do destino em feiras e eventos nacionais e internacionais. Além do turismo, Cícero também aborda os efeitos desse crescimento na geração de empregos, na atração de investimentos privados e nos desafios de manter o desenvolvimento de forma sustentável.
A entrevista
Qual o segredo do sucesso do turismo em João Pessoa?
CL – Não acredito muito em “segredos”. Acredito em trabalho, planejamento e união. O que João Pessoa vive hoje não caiu do céu; foi construído. Quando assumimos, encontramos uma cidade com potencial enorme, mas que precisava de organização e de um olhar mais atento para infraestrutura e qualidade de vida. Começamos arrumando a casa: pavimentação de mais de 1.500 ruas, modernização da iluminação, reforço na limpeza urbana e ações de segurança — mesmo sendo responsabilidade do Estado, entendemos que o Município não pode cruzar os braços. Ao mesmo tempo, criamos um calendário de eventos que mantém a cidade viva o ano todo, do Carnaval Multicultural ao Forró Verão, além de eventos esportivos e culturais que atraem visitantes de todo o País.
O que faz a diferença em João Pessoa?
CL – Havia uma demanda enorme por destinos que combinassem beleza natural, segurança e boa experiência. João Pessoa se encaixa exatamente nesse perfil. Hoje, colhemos os frutos. Como sempre digo: quem não conhece, quer conhecer. Quem conhece, quer voltar. E muita gente que volta decide ficar. É esse ciclo virtuoso que estamos construindo.
Como se deu a reorganização da cidade e a vitrine nacional?
CL – Quando chegamos, a cidade vivia — como todo o Brasil — os efeitos da pandemia e da crise econômica. Mas não houve paralisia. Tínhamos um plano e agimos rápido. A primeira missão foi reorganizar as finanças, definir prioridades e atacar aquilo que mudava imediatamente a vida das pessoas. Na saúde, zeramos a fila de cirurgias eletivas e inauguramos o Centro de Doenças Raras, algo inédito para a nossa rede pública. Na educação, estamos requalificando todas as escolas, levando tablets, internet e tecnologia para alunos e professores. Esses avanços, somados às grandes obras de infraestrutura, mudaram a percepção da cidade.
Houve um motivo especial para essa guinada turística?
CL – João Pessoa virou vitrine nacional porque mostrou capacidade de gestão, de planejamento e de entrega. Em meio a um cenário difícil, conseguimos fazer uma administração que funciona, que cuida e que transforma. A visibilidade veio naturalmente.
Qual o legado e os capítulos a serem concluídos em João Pessoa?
CL – Se tivesse que escolher uma palavra para definir nossa gestão, seria “inclusão”. Tudo o que fazemos — pavimentação com calçadas padronizadas e acessíveis, escolas inclusivas, parques abertos à convivência, captação de grandes investimentos — converge para um mesmo objetivo: tornar João Pessoa a melhor capital para se viver no Brasil. Esse é um legado que vai além das obras físicas. É sobre autoestima, sobre pertencimento, sobre uma cidade que olha para todos. Agora, olhando para frente, o capítulo que ainda precisa ser concluído é o da consolidação desse crescimento sustentável. O trabalho público não tem linha de chegada. Precisamos continuar levando desenvolvimento a todas as regiões, qualificando nossos jovens, modernizando os serviços, ampliando infraestrutura. João Pessoa vive um momento especial, e nossa missão é garantir que esse ciclo de progresso se mantenha pelas próximas décadas.
Insisto na pergunta: qual o fator decisivo para a mudança de patamar?
CL – Não houve um único fator. Foi a soma de planejamento, parcerias e trabalho coordenado. Planejamos onde queríamos chegar e estruturamos a máquina para isso. E, claro, abrimos o diálogo com quem podia ajudar. As parcerias foram essenciais. Obras como o Parque das Três Ruas, o anel viário da UFPB e tantos outros projetos nasceram desse diálogo. E ampliamos a segurança com o João Pessoa Smart City, porque entendemos que cuidar da cidade também é responsabilidade do Município.
Qual o papel da iniciativa privada neste processo?
CL – A iniciativa privada também voltou a acreditar. O Polo Turístico Cabo Branco é o melhor exemplo disso: investimentos gigantescos, geração de empregos e transformação econômica. E trabalhamos fortemente na promoção da cidade em feiras e eventos nacionais e internacionais, de forma profissional. Isso reposicionou João Pessoa no mapa dos destinos desejados. Não foi um ato isolado. Foi uma estratégia ousada, sustentada por muito trabalho e pela leitura correta das oportunidades — oportunidades que nós mesmos criamos.
Como o senhor definiria o estilo administrativo da Prefeitura?
CL – Meu estilo de governar combina experiência, planejamento e presença nas ruas. Acho que o gestor precisa conhecer a máquina, sim, mas também precisa ouvir as pessoas, sentir a cidade, acompanhar as obras de perto. Procuro equilibrar visão de longo prazo com solução prática do dia a dia. Sou pouco afeito a burocracia. Prefiro equipes técnicas, metas claras e acompanhamento direto. Isso começou a mostrar resultados quando a própria população virou defensora das nossas ações. A satisfação do morador que esperou décadas pela pavimentação da sua rua; da mãe que vê o filho estudar em uma escola com Sala Google e Sala Maker; do empresário que investe aqui porque confia na gestão. É nessas horas que a gente percebe que está no caminho certo.
Prefeito, o senhor está bem avaliado nas pesquisas, mas existiria algum motivo, algum chamamento da cidade que fosse capaz de mudar sua intenção de concorrer na eleição de 2026?
CL – Fico honrado com o reconhecimento que as pesquisas apontam. Isso é fruto do trabalho coletivo e da confiança da população. Hoje, sou visto como um nome forte para 2026, o que aumenta ainda mais minha responsabilidade. Sempre disse: só Deus e o povo podem mudar os rumos dessa caminhada. Não fui eu que coloquei meu nome; foi a própria Paraíba, lideranças como o senador Veneziano e tantas outras vozes que manifestaram esse desejo. Mas, neste momento, meu compromisso é integral com João Pessoa. A cidade tem dois prefeitos — e estou muito tranquilo com a liderança que Leo Bezerra exercerá quando deixarmos o cargo no próximo ano. Fui reeleito para quatro anos e vou honrar cada voto. Temos muitos projetos em curso e muitos sonhos para a nossa capital. Se for da vontade de Deus e do povo, estarei pronto para servir à Paraíba. Mas até lá, minha prioridade é João Pessoa.
Na sua opinião, como vê a modernização do jornalismo e o papel do Portal O Norte Online nesse contexto?
CL – Acompanhei a história do Jornal O Norte e sei da sua importância para a memória e para o debate público da Paraíba. Ver essa marca centenária renascer no formato digital é uma alegria. É prova de que tradição e inovação podem caminhar juntas. O Jornalismo vive uma mudança profunda. A tecnologia e a inteligência artificial trouxeram desafios, mas também criaram novas possibilidades. Hoje, a informação chega mais rápido, de modo mais dinâmico e acessível. Iniciativas como o Portal O Norte Online são fundamentais para a democracia. Um jornalismo forte, independente e comprometido com a verdade qualifica o debate, fiscaliza o poder e dá voz à sociedade. Desejo vida longa ao O Norte, para que continue ajudando a construir uma Paraíba mais justa, informada e consciente.