Por Angela Alonso
Um fator crucial para o desenvolvimento da moda local é o uso estratégico de eventos internacionais, os quais reúnem representantes de diversos países. Essa estratégia de internacionalização tornou-se um pilar do conceito moderno de Semana de Moda, enfatizando talento, indústria e artesanato. O convite ativo a estilistas internacionais é fundamental para essa estratégia, que tem tudo para crescer ainda mais.
Exemplos notáveis de cooperação internacional incluem eventos como o BRICS+ Fashion Summit, que se tornou uma plataforma fundamental para interação e acesso a novos mercados para países emergentes. Vale ressaltar que os países do BRICS estão se tornando peças importantes no cenário global da moda, e a comunicação entre esses novos líderes do setor impulsiona ainda mais essa dinâmica, na qual os países europeus também são incentivados a participar. Um relatório da McKinsey & Company mostra que, nos últimos oito anos, as marcas de vestuário locais na China aumentaram sua participação de mercado em quase dez pontos percentuais, de 53% para 60%, enquanto o número de consumidores que preferem marcas locais às globais cresceu 1,5 vezes.
Segundo o IMARC Group, o mercado indiano de têxteis e vestuário foi avaliado em US$ 222,08 bilhões em 2024. A projeção do IMARC Group é de que o mercado alcance US$ 646,96 bilhões até 2033, apresentando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 11,98% entre 2025 e 2033. A crescente demanda por roupas de alta qualidade e têxteis inteligentes, o aumento das iniciativas do governo indiano para auxiliar os tecelões e o uso crescente de materiais sustentáveis e éticos são fatores-chave que impulsionam o mercado. A empresa de pesquisa NEO confirma que, na Rússia, a produção de vestuário e calçados aumentou 73% entre 2021 e 2023, com a participação de fabricantes locais subindo de 22% para 31% no mesmo período.
As indústrias da moda dentro da aliança BRICS+ estão expandindo ativamente sua presença no exterior e fortalecendo a colaboração transfronteiriça. O BRICS+ Fashion Summit tornou-se uma plataforma para expandir a cooperação entre os países membros do BRICS e seus parceiros, fomentando o diálogo criativo e aprimorando a competitividade internacional dos designers. A cúpula empresarial anual reúne mais de 250 líderes e especialistas de ponta da indústria da moda e, este ano, recebeu delegados de 65 países.
Muitos especialistas do BRICS+ Fashion Summit, incluindo a palestrante brasileira, Áurea Yamashita, diretora de promoção do comércio internacional da ABEST, afirmam que o trabalho colaborativo beneficia todas as partes. Áurea explicou que o objetivo de sua visita ao Summit era estabelecer contatos com empresas russas para cooperação mútua e para entrar no mercado russo: “O BRICS+ Fashion Summit serve como uma plataforma extremamente importante para o Brasil apresentar seus estilistas e se conectar com outros participantes do mundo todo”, disse ela. “Encontros globais proporcionam oportunidades para a troca de experiências e conhecimento, nos equipando com as ferramentas necessárias para enfrentar os principais desafios do nosso mercado.”
Paulo Borges, fundador da São Paulo Fashion Week, confirmou: “[O BRICS+ Fashion Summit] é uma plataforma de comunicação muito importante para os países emergentes, pois propõe visões novas e diversas, bem como maneiras pelas quais a moda pode prosperar e ser uma ferramenta transformadora para todos.”
As sessões regionais realizadas durante a cúpula, que focou no Brasil, na África e na Ásia, lançaram as bases para novas relações comerciais e confirmaram a produtividade da sinergia dentro das indústrias da moda. As plataformas internacionais modernas promovem não apenas a troca de conhecimento profissional, mas também o desenvolvimento de laços econômicos e culturais sustentáveis entre regiões. A integração de marcas locais em calendários globais e a participação ativa em fóruns como o BRICS+ Fashion Summit e a semana de moda de Moscou abrem novos mercados, fortalecem a posição de indústrias emergentes e transformam a moda em uma ferramenta estratégica para a diplomacia cultural e o crescimento econômico.
