A mais recente pesquisa sobre as torcidas brasileiras revelou mudanças importantes no cenário nacional. Com dados colhidos entre os dias 20 e 25 de junho, o levantamento apontou o Flamengo isolado na liderança, mas também mostrou crescimento expressivo do São Paulo e recuperação de clubes como Botafogo, Cruzeiro e Vitória.
O estudo contou com 2.069 entrevistas em 619 municípios, utilizando metodologia digital para captar respostas espontâneas e reduzir vieses típicos de abordagens presenciais. Além das porcentagens atualizadas de preferência, os dados também revelam oscilações significativas em torcidas tradicionais como Santos, Fluminense e Atlético-MG, que perderam espaço.
“Ter clubes entre os maiores do mundo mostra que o futebol brasileiro ainda é referência global em paixão, identidade e relevância”, disse Alan Corrêa, jornalista esportivo do CarroDasNoticias.com.
Mais do que números, a pesquisa serve como termômetro do momento vivido por cada clube. Títulos recentes, gestões bem avaliadas, campanhas decepcionantes e presença midiática estão entre os fatores que explicam as mudanças no ranking. Veja abaixo os destaques, impacto e o que esperar daqui em diante.
Flamengo se isola na liderança; Corinthians e São Paulo seguem no topo
Com 20,6% da preferência nacional, o Flamengo continua sendo a maior torcida do Brasil. O clube carioca apresentou crescimento em relação ao levantamento anterior, reafirmando seu protagonismo em campo e fora dele. Mesmo sem conquistar títulos em 2025 até o momento, a força da marca e a popularidade seguem inabaláveis.
O Corinthians, embora ainda na segunda colocação, registrou uma leve queda, caindo de 14,5% para 13,9%. A estabilidade do time no cenário nacional contrasta com a perda de espaço que pode estar ligada ao desempenho esportivo mais discreto nos últimos meses.
A principal novidade no topo foi o São Paulo, que saltou de 7,6% para 10,1%, superando o Palmeiras. O crescimento do tricolor paulista indica um movimento de reconexão com sua torcida, impulsionado por campanhas sólidas, presença digital e um calendário de conquistas recentes em categorias de base.
Já o Palmeiras caiu para a quarta colocação, com 7,8%, apesar de manter regularidade esportiva. A diferença entre o terceiro e o quarto lugar indica uma disputa acirrada pela preferência dos brasileiros, principalmente entre torcidas do eixo Sudeste.
● Flamengo — 20,6%
● Corinthians — 13,9%
● São Paulo — 10,1%
● Palmeiras — 7,8%
● Cruzeiro — 6,0%
● Vasco — 6,0%
● Grêmio — 4,6%
● Atlético-MG — 3,6%
● Botafogo — 3,6%
● Internacional — 3,3%
● Santos — 3,1%
● Fluminense — 2,6%
● Bahia — 2,4%
● Sport — 2,4%
● Vitória — 1,7%
● Ceará — 1,1%
● Fortaleza — 1,0%
Crescimento de Botafogo, Cruzeiro e Vitória expõe impacto dos títulos e da retomada
O Botafogo foi o clube que mais ganhou projeção no levantamento. Após conquistar a Libertadores e o Brasileirão em 2024, o time alvinegro do Rio viu sua torcida crescer de 2,9% para 3,6%, ultrapassando o Atlético-MG e encostando em clubes de maior tradição nacional.
O Cruzeiro também ganhou força e chegou aos 6,0%, agora empatado com o Vasco, que perdeu espaço. A retomada esportiva do clube mineiro, aliada à chegada de novos investidores e ídolos recentes, recoloca o time em posição estratégica na disputa por novos torcedores.
Outro destaque é o Vitória, que aparece com 1,7% das preferências, após não figurar nas últimas edições da pesquisa. O clube baiano demonstrou crescimento, refletindo sua ascensão para a Série A e uma sequência positiva dentro e fora dos campos.
Clubes que perderam espaço no coração da torcida
Por outro lado, clubes tradicionais como o Santos sofreram queda considerável, indo de 3,8% para 3,1%. A falta de conquistas e o momento institucional instável impactam diretamente a manutenção e renovação da base de torcedores.
Fluminense e Bahia também registraram retração. Ambos tinham 2,8% e agora aparecem com 2,6% e 2,4%, respectivamente. As quedas indicam não apenas uma crise de resultados, mas também desafios de engajamento em um ambiente cada vez mais competitivo.
Esses dados reforçam a necessidade de estratégias de fortalecimento de marca e engajamento, sobretudo em regiões onde a concorrência com times do Sudeste é intensa.
Nova metodologia de coleta aponta tendência digital nas análises de torcida
A AtlasIntel aplicou sua metodologia RDR (Recrutamento Digital Randômico) para coletar os dados de forma online, durante a navegação dos usuários. Isso permite maior alcance e espontaneidade nas respostas, especialmente em comparação com as pesquisas presenciais tradicionais.
O levantamento abrangeu usuários em smartphones, tablets e computadores, sem concentrar-se apenas em capitais. Dessa forma, clubes de regiões menos populosas conseguiram captar com mais clareza o tamanho de suas torcidas reais em nível nacional.
O uso de ferramentas digitais também ajuda a reduzir distorções causadas por constrangimentos ou enviesamentos nas respostas. O resultado é uma fotografia mais próxima do comportamento atual dos torcedores brasileiros.
Ainda assim, 6,2% dos entrevistados afirmaram torcer por times fora do grupo dos 17 principais clubes. Entre os clubes da Série A que não pontuaram estão Red Bull Bragantino, Mirassol e Juventude, o que evidencia o desafio desses times em se consolidar nacionalmente.
Panorama final e tendências para os próximos anos
A pesquisa revela um cenário em movimento, no qual resultados esportivos, gestão de imagem e presença digital desempenham papéis fundamentais na atração e manutenção de torcedores. O Flamengo continua soberano, mas a movimentação abaixo do topo é intensa.
O São Paulo desponta como o clube que mais avança no cenário nacional, enquanto o Botafogo se beneficia diretamente do impacto de grandes títulos. Em contrapartida, equipes como Santos, Atlético-MG e Fluminense precisam reavaliar estratégias de engajamento com suas torcidas.
O crescimento de clubes como Sport e Vitória mostra que há espaço para protagonismo regional se transformar em força nacional, desde que bem trabalhado. Por fim, a tendência é que metodologias digitais ganhem cada vez mais espaço em levantamentos dessa natureza.
A expectativa para os próximos anos é de um ranking ainda mais competitivo, no qual títulos, comunicação e presença social serão diferenciais decisivos na batalha pela paixão dos brasileiros.