A vitivinicultura brasileira avança mais um passo rumo à consolidação de sua identidade nacional. A 33ª edição da Avaliação Nacional de Vinhos confirma um cenário cada vez mais plural, técnico e diversificado. Organizado pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), o evento deste ano reúne números expressivos: 536 amostras de vinícolas de nove estados, com a estreia do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, além do Distrito Federal, Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e o tradicional Rio Grande do Sul.
Mais que um evento, a Avaliação Nacional de Vinhos é um termômetro de qualidade, inovação e expansão da produção no país. Embora não tenha caráter competitivo, tornou-se o principal palco para apresentar o avanço técnico e o amadurecimento do setor. A cada edição, os rótulos analisados e selecionados revelam o que há de mais promissor na safra, aproximando profissionais, consumidores e entusiastas da cultura do vinho brasileiro.

Território em expansão
O crescimento da Avaliação acompanha a evolução da vitivinicultura no Brasil. Em três décadas, a produção deixou de estar concentrada no Sul para formar uma rede de polos emergentes. A entrada do Espírito Santo e do Rio de Janeiro em 2025 é simbólica: mostra que o vinho brasileiro rompeu barreiras geográficas e se espalha por diferentes biomas, altitudes e climas, ampliando o mapa vitícola nacional.
O Distrito Federal, por exemplo, vem se destacando com vinhos de dupla poda e colheitas de inverno, técnica que também se consolida em Minas Gerais e Goiás. Na Bahia, o Vale do São Francisco mantém safras contínuas ao longo do ano. Santa Catarina e São Paulo seguem firmes com projetos de altitude e rótulos cada vez mais refinados.

Qualidade que ultrapassa fronteiras
Para o presidente da ABE, enólogo Mário Lucas Ieggli, a Avaliação é mais que uma vitrine da safra: é uma celebração coletiva. “É uma conquista do setor, um momento em que colocamos em análise o esforço, o conhecimento e a paixão de milhares de pessoas envolvidas na cadeia da uva e do vinho. Este evento reforça a credibilidade do vinho brasileiro e projeta uma imagem de qualidade que ultrapassa fronteiras”, afirma.
O encontro reforça a diversidade de terroirs e o protagonismo do Brasil como produtor de vinhos competitivos. O reconhecimento internacional, os prêmios conquistados e o aumento do consumo interno mostram que o paladar brasileiro evolui junto com seus produtores.

Degustação coletiva
A coleta das amostras começou em 7 de agosto, diretamente nos tanques e barricas das vinícolas. A apresentação dos vinhos selecionados será em 25 de outubro, às 17h, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS), em celebração presencial para até 800 pessoas. Os ingressos começam a ser vendidos em agosto no site da ABE (www.enologia.org.br).
Para quem acompanha de perto o setor, esta 33ª edição é mais que um evento de números impressionantes: é a prova de que o Brasil do vinho está cada vez mais diverso, qualificado e pronto para conquistar novas taças — dentro e fora do país.