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Ideias desordenadas: falta didática, técnica, leitura, treino, descanso ou hormônio?

Como fatores cognitivos, emocionais e hábitos cotidianos influenciam a clareza do pensamento e a fluidez da comunicação

Luana Tachiki

04/12/2025 15h30

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Foto: Freepik

É bem provável que você já tenha vivido ou visto alguém vivenciar esse quadro, que traz incômodo para quem escuta e até transtorno para quem fala. Existem várias causas possíveis para uma pessoa não conseguir ordenar bem as ideias, e geralmente não é apenas uma razão, mas um conjunto de fatores cognitivamente, emocionalmente, comportamentais e até fisiológicos.

1. Mente acelerada

Quando a mente está sobrecarregada de informações como preocupações, multitarefas e excesso de estímulos, isso pode gerar pensamentos simultâneos em excesso e trazer dificuldade de priorizar o que realmente importa. As ideias deixam de seguir uma coerência de início, meio e fim porque vários pensamentos competem entre si, e essa falta de foco provoca a sensação de pensar mais rápido do que consegue falar. A mente acelerada ativa em excesso o córtex pré-frontal, região responsável pelo planejamento, linguagem, tomada de decisão e organização. Por isso, desacelere. Minimize as tarefas, faça tudo por etapas e execute uma atividade de cada vez caso você sofra com mente acelerada.

2. Falta de repertório

Não é mito: quem lê mais, escreve melhor e pensa melhor. A leitura frequente aumenta o repertório linguístico, melhora a lógica e a coesão e aprimora a capacidade de organizar narrativas. Sem leitura, o cérebro tem menos blocos de construção para estruturar pensamentos. É claro que agora você vai ler mais, afinal ler nunca é demais e só amplia a mente.

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Foto: Freepik

3. Falta de organização mental

A mente também precisa de processos internos. Seguir uma ordem cronológica ajuda muito. Algumas pessoas não têm o hábito de estruturar ideias em tópicos, não treinam síntese e acabam misturando o que é principal com o que é secundário. É importante saber separar tema, tópico frasal, argumento e exemplo ou simplesmente sujeito, verbo e predicado. Evitar períodos muito longos na fala facilita a concatenação com mais precisão e clareza. Isso não é falta de inteligência, e sim falta de higiene mental cognitiva. Revisar o que é relevante, descartar excessos e estruturar camadas de pensamento são atitudes que organizam a mente. Criar formatos que facilitem a didática do pensamento ajuda na entrega dos argumentos e melhora a receptividade de quem escuta.

Vamos ver um exemplo de alguém explicando algo sobre escuta ativa enquanto está preocupada com o cachorro que está com fome pedindo comida.

Desordenada: “Quando falamos de escuta ativa, que é essa habilidade importante para manter a concentração na conversa. Sai cachorro daqui. Meu cachorro tá com fome pedindo comida aqui. Na escuta ativa você está cem por cento presente, ouvindo. Billy, sai daqui, já falei. É importante desenvolver uma escuta ativa pra ter uma comunicação mais eficiente. Já disseram que essa foto do seu perfil tá com cara de foto profissional? Nossa, tá ótima. Biiiilly. E sua escuta como está?”

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Foto: Freepik

Ordenada: “A escuta ativa exige que o ouvinte mantenha atenção plena na fala do outro. Mudando de assunto, meu cachorro está com fome e está inquieto me arrudiando.”

Perceba que cada frase tem início, meio e fim e é apresentada uma de cada vez. Não há competição entre os temas.

4. Falta de técnica de comunicação

Organizar ideias é uma habilidade treinável. Quanto mais treinar, melhor. Não dominar técnicas como raciocínio em tópicos, storytelling básico, síntese e clareza pode gerar fala desordenada, prolixa ou confusa. Para desenvolver essa técnica, treine. Organize a fala em tópicos, separe os pontos principais dos secundários e deixe o título simples e objetivo. Organize uma ideia por slide, dê um ou dois exemplos para não ficar extenso demais e lembre que menos é mais. Respire e não pire.

5. Fatores emocionais e ansiedade

Muita gente acha que ideias desordenadas são apenas racionais, mas também são emocionionais. A ansiedade ao falar por medo de julgamento, cobrança interna e autocrítica exagerada são fatores que travam o córtex pré-frontal e atrapalham a organização do pensamento. Para evitar isso, trabalhe crenças limitantes e desenvolva uma metanoia. Acredite no seu potencial e na sua capacidade e minimize os níveis de adrenalina, noradrenalina e cortisol para não comprometer o córtex pré-frontal.

6. Fadiga mental, estresse, sobrecarga e Burnout

Às vezes pode se confundir com ansiedade, mas existe uma peculiaridade aqui. Quando o cérebro está cansado, ele perde a capacidade de manter foco, velocidade de processamento e memória de trabalho. A pessoa sabe o que quer dizer, mas não consegue encadear.

Atenção. Se você se identificou com uma dessas situações, seja mente acelerada, falta de repertório, falta de organização mental, ausência de técnica de comunicação, ansiedade e bloqueios emocionais ou cansaço mental e estresse, todas elas possuem solução prática. Basta se conscientizar e buscar técnicas de desenvolvimento a partir da identificação de cada problema.

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