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Era da IA: a geração mais conectada e a mais solitária

Como a hiperconexão digital intensifica a solidão e transforma relações em vínculos cada vez mais frágeis e imediatistas na era da inteligência artificial

Luana Tachiki

13/11/2025 12h12

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Foto: Freepik

Na era da inteligência artificial, vivemos em conexão constante. Todos online, o tempo todo, mas, paradoxalmente, cada vez mais isolados, solitários e emocionalmente distantes. As relações perdem solidez e intensidade. A hiperconexão digital inaugura uma modernidade líquida, solúvel, rápida e superficial, como Bauman antecipou em Amor Líquido e em toda sua obra sobre a fragilidade contemporânea. Conectados por telas, porém pouco envolvidos de verdade.

Bauman descreve a modernidade líquida como um tempo de relações instantâneas, fáceis de começar e igualmente fáceis de encerrar. Não há peso, nem compromisso, nem construção lenta. É a lógica do “não me serve mais, vou para o próximo”. O profundo intimida. As pessoas temem se envolver, criar vínculos duradouros e assumir riscos emocionais porque vínculos exigem responsabilidade e a sociedade prefere a leveza do descartável.

Assim, os afetos viram consumo. Tratamos pessoas como produtos. Os relacionamentos passam de compromisso para experiência. Conexão não significa vínculo. Apesar da hiperconexão, estamos cada vez menos vinculados. A tecnologia facilita o contato, mas dificulta o compromisso. Bloquear, silenciar e desfazer amizade substituem diálogo e reparação.

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Foto: Reprodução

A metáfora da liquidez de Bauman explica a fluidez de tudo que antes era sólido: trabalho, relacionamentos, identidade, instituições. Em obras como Modernidade Líquida, Amor Líquido, Vida Líquida e Tempo Líquido, ele descreve uma sociedade instável e em constante mutação, cenário que hoje se intensifica com a IA.

Nesse contexto, o medo da solidão acaba sendo menor do que o medo da intimidade. É um paradoxo da era líquida. As pessoas desejam companhia, mas temem a entrega. O isolamento parece mais seguro. Existem estímulos rápidos que substituem relações humanas, como navegar online, que oferece doses instantâneas de dopamina com muito menos esforço do que construir relações verdadeiras, nas quais ambos precisam ceder. Isso gera conexões mornas, mais ou menos, sem compromisso real.

A era da IA trouxe praticidade e facilitou rotinas domésticas e corporativas, mas também remodelou a forma como nos relacionamos. Tudo se tornou fluido, incluindo amores, empregos, cidades e identidades. Nada parece ser feito para durar. As relações acompanham esse movimento, tornando-se superficiais, frágeis, imediatistas e facilmente substituíveis.

É um caminho sem volta que consolidou uma cultura acelerada, mediada por redes, mensagens instantâneas e inteligências artificiais. Todas influenciam a maneira como nos relacionamos, que se torna mais rápida, porém mais rasa. Reportagens recentes da Business Insider, The Guardian e WindowsCentral mostraram que Mark Zuckerberg acredita que a tecnologia pode criar amigos de IA para suprir a falta de laços humanos. Mas surge a pergunta essencial: o digital pode realmente substituir o humano?

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Foto: Reprodução

A solidão não nasce da falta de tecnologia, mas da falta de conexão genuína. O que transforma contatos em relacionamentos é a comunicação, a presença e a intenção de se relacionar. E isso só existe no humano.

Na Verbalize, acreditamos que a tecnologia é aliada da comunicação e das conexões verdadeiras, nunca um instrumento de isolamento. A IA deve unir, não separar. Um evento online não é apenas uma transmissão, mas também um espaço de networking, troca e acolhimento, mesmo no ambiente virtual. A mensagem é simples: pertencer, encontrar e se conectar, seja de forma presencial ou digital.

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Foto: Freepik

Durante este mês, criamos dois caminhos para viver essa cultura:

• Presencialmente, na Academia Verbalize, com a Black Friday ativa até 14 de novembro.
• Online, no Verbalize Hype, dias 17 e 18 de novembro, um evento digital com pessoas reais e conexões reais.

Porque, no fim das contas, a tecnologia aproxima as telas.
Mas é a comunicação que aproxima as pessoas.
Quem verbaliza, se conecta.

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