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Discurso de Trump adota retórica alarmante e reacende temor global

Em discurso tenso e repleto de provocações, o presidente dos EUA anuncia ataque ao Irã, rompe com discurso anti-guerra e reacende temor de escalada global no Oriente Médio

Luana Tachiki

24/06/2025 16h20

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Foto: Carlos Barria/AFP

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump fez, na noite de sábado, um pronunciamento que impactou o cenário geopolítico internacional. Em um discurso breve, direto e carregado de tensão, Trump anunciou a entrada oficial dos EUA na guerra entre Israel e Irã, iniciada dias antes. O tom adotado foi agressivo, com forte apelo patriótico e militar, e gerou repercussões imediatas em todo o mundo.

Conhecido por discursos objetivos e nacionalistas, Trump dividiu opiniões ao justificar o ataque ao território iraniano sem a aprovação formal do Congresso. A decisão, segundo ele, foi baseada em décadas de hostilidade por parte do Irã — país que, há mais de 40 anos, entoa o lema “morte à América, morte a Israel”. O presidente argumentou que o momento exigia uma resposta firme: o Irã, segundo ele, poderia agora escolher entre a retomada do diálogo diplomático ou sofrer consequências ainda mais graves.

Em seu pronunciamento, Trump reforçou uma imagem de força nacional ao relatar o sucesso da missão que destruiu as usinas nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, utilizando bombardeiros B‑2 e mísseis Tomahawk. A operação, conduzida pelos comandos militares dos EUA, teve sua autorização final dada por Trump, que se apresentou como protagonista da ação. Em tom de ameaça, afirmou: “Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã. Hoje foi o dia mais difícil de todos, e talvez o mais letal. Mas, se a paz não vier rápido, vamos continuar atacando com precisão e habilidade”.

A retórica se tornou ainda mais controversa quando Trump declarou: “Durante 40 anos, o Irã repete ‘morte à América, morte a Israel’. Agora estamos quebrando suas pernas com essas bombas”. A declaração, interpretada como provocativa e vingativa, gerou forte impacto e foi vista como um risco real de escalada militar com envolvimento de outras potências.

A postura de Trump contradiz seu discurso anterior, no qual se apresentava como um político anti-intervencionista, crítico das “guerras intermináveis” e defensor da retirada dos EUA de conflitos estrangeiros. A mudança gerou acusações de hipocrisia, inclusive entre seus próprios eleitores.

Veículos internacionais, como o The Guardian, alertaram para o risco de uma escalada irreversível no Oriente Médio. Segundo o jornal britânico, “os EUA foram à guerra”, e bases militares americanas, além de áreas civis, podem se tornar alvos de retaliação. A crítica mais severa recaiu sobre a falta de dados consistentes para justificar o ataque. Analistas apontam que Trump se baseou nas declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre uma suposta ameaça nuclear iminente — sem respaldo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ou de outras fontes confiáveis da inteligência ocidental. Comparações com a invasão do Iraque em 2003 se tornaram inevitáveis.

Especialistas alertam que bombardear instalações nucleares não resolve disputas complexas como o programa iraniano, o conflito Israel-Palestina ou rivalidades regionais históricas. Para muitos, a ação representa uma “aposta imprudente” que pode, ao contrário, tornar o uso de armamento nuclear mais plausível e agravar o quadro regional.

O discurso foi duramente criticado por:

  • Contradição com sua postura anterior de evitar guerras;
  • Risco de envolvimento direto e prolongado dos EUA no conflito;
  • Ausência de dados sólidos que sustentem a ofensiva;
  • Potencial de desestabilização regional e global.

O mundo reagiu de forma dividida à decisão de Trump em apoiar Israel no confronto. De um lado, houve quem interpretasse a ação como um movimento necessário para conter uma ditadura armada e imprevisível. De outro, o tom bélico e provocador adotado por Trump alarmou líderes internacionais e gerou preocupações quanto à possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial.

No dia seguinte ao discurso, a ONU convocou uma reunião emergencial. O secretário-geral António Guterres expressou grave preocupação com os desdobramentos, apelando por moderação: “Estamos caminhando como sonâmbulos rumo à guerra”. Em sessão extraordinária do Conselho de Segurança, Guterres alertou que a tensão entre Israel e Irã “está à beira do abismo” e reforçou a necessidade urgente de desescalada imediata.

Ainda durante a reunião, os Estados Unidos, apesar de alinhados com Israel na condenação aos ataques iranianos, solicitaram que o Conselho emitisse uma posição firme pela contenção e pela adoção de medidas exclusivamente defensivas, de forma a evitar uma nova escalada militar.

Na noite de segunda-feira, 23 de junho, Trump utilizou suas redes sociais para anunciar um suposto cessar-fogo. Em tom otimista, escreveu:
“ISRAEL não vai atacar o Irã. Todos os aviões vão dar meia-volta e retornar para casa, enquanto fazem um amistoso ‘aceno com os aviões’ ao Irã. Ninguém será ferido, o cessar-fogo está em vigor! Obrigado pela sua atenção a este assunto! DONALD J. TRUMP, PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS.”

No entanto, não foi o que ocorreu. Poucas horas depois de Trump trazer essa informação Irã volta a tacar Israel e Israel contra-atacou Irã posteriormente. O que fez com quem o presidente em entrevista coletiva se posicionasse novamente com um tom de indignação, desta vez contra Israel. Indignado solta palavrão e vira as costas em tom de indignação após o descumprimento do cessar-fogo de Irã e Israel.

The guadian.com e apenews.com

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