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Três Poderes
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Prioridade total na defesa da educação

Tendo a educação como prioridade, deputado federal Reginaldo Veras é o entrevistado da semana

Marcelo Chaves

16/12/2025 22h47

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Fotos: Ingrid Pedroza e Kayo Magalhães

Professor e servidor público de carreira, o deputado federal Professor Reginaldo Veras (Partido Verde/DF)leva para o Congresso a experiência de quem conhece o serviço público por dentro. Ligado historicamente à educação, construiu sua trajetória política a partir da sala de aula e hoje atua no centro das decisões que moldam o orçamento e as políticas nacionais. Veras fala ao Jornal de Brasília sobre escolhas políticas feitas na nossa cidade, os impactos dessas decisões em todo o Distrito Federal e os limites entre ajuste fiscal e preservação de serviços essenciais. Uma conversa direta sobre prioridades, responsabilidade e custo político.

Deputado, sua trajetória política está fortemente ligada à educação. Qual é hoje a principal prioridade do seu mandato e como ele se reflete em ações concretas na Câmara Federal?

A prioridade central do meu mandato é a defesa intransigente da educação pública, gratuita, de qualidade, e dos direitos dos profissionais da educação e do serviço público. Essa não é uma bandeira abstrata, ela se materializa em posicionamentos claros e votos responsáveis na Câmara Federal. Atuei contra a PEC 66/2023, que ameaçava a aposentadoria dos professores, defendi a PEC 169/2019, que amplia o direito à acumulação de cargos, e apoiei o PLP 21/2023, garantindo a contagem do tempo de serviço dos servidores durante a pandemia. São ações concretas, alinhadas à realidade de quem está na sala de aula, nas escolas e nos serviços públicos, e que demonstram compromisso com a valorização profissional e a justiça social.

O Distrito Federal enfrenta desafios persistentes na educação básica. O que, na sua avaliação, deixou de ser feito nos últimos anos e precisa ser corrigido com urgência?

Faltou prioridade política. O DF deixou de investir de forma contínua na educação básica, falhou no planejamento de médio e longo prazo e negligenciou a valorização dos profissionais. Persistem o déficit de professores, a precarização da infraestrutura escolar e o descumprimento de metas dos planos educacionais. É urgente recompor o quadro de servidores, ampliar o investimento na educação infantil e enfrentar as desigualdades históricas entre as regiões administrativas, garantindo condições reais de aprendizagem para todos.

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Como o senhor avalia a valorização dos professores no DF e no Brasil atualmente, tanto do ponto de vista salarial quanto das condições de trabalho?

A valorização ainda está muito aquém do necessário. Houve conquistas importantes, fruto de mobilização e luta da categoria, mas os salários seguem defasados e as condições de trabalho continuam adversas. Há sobrecarga, adoecimento, falta de estrutura e pouco reconhecimento institucional. Valorizar o professor não é discurso: é garantir carreira estruturada, remuneração digna, formação continuada, condições adequadas de trabalho e respeito ao papel estratégico da educação para o desenvolvimento do país.

O mandato tem dialogado com outras áreas além da educação, como saúde, assistência social e mobilidade. Quais projetos nessas frentes o senhor considera mais relevantes?

Nosso mandato tem atuação transversal na defesa dos direitos sociais. Na saúde, atuamos em defesa do SUS, especialmente da atenção básica. Na assistência social, apoiamos entidades comunitárias que atendem a população em situação de vulnerabilidade. Na mobilidade, defendemos o transporte público como direito social e instrumento de inclusão, sobretudo para quem mora nas periferias e depende diariamente desse serviço para acessar trabalho, saúde e educação.

Em um cenário de restrições orçamentárias, quais políticas públicas o senhor considera inegociáveis para o DF?

Educação, saúde e assistência social são absolutamente inegociáveis. Cortes nessas áreas não são ajustes fiscais, são escolhas políticas que aprofundam desigualdades e comprometem o futuro do Distrito Federal. O orçamento público precisa cumprir sua função social, priorizando quem mais precisa e garantindo direitos básicos à população.

O senhor costuma adotar uma postura crítica ao Executivo local. Como avalia hoje a relação entre a Câmara Federal e o Governo do Distrito Federal?

A relação deve ser institucional, republicana e responsável. Meu papel, como deputado federal, é fiscalizar, cobrar resultados e defender o interesse público. Quando há acertos, reconhecemos. Quando há erros, fazemos a crítica de forma firme e responsável. Isso não é oposição por oposição, é compromisso com a democracia e com a população do DF.

Há espaço real para consensos na Câmara Federal ou o ambiente político tem dificultado a construção de agendas comuns em favor da população?

O ambiente político tem dificultado a construção de consensos, especialmente para quem está na oposição. No Distrito Federal, falta disposição do Governo do DF para dialogar e construir agendas conjuntas. Isso se reflete, inclusive, na dificuldade de execução das emendas parlamentares, muitas vezes travadas pela ausência de projetos ou de interesse do próprio GDF. O resultado é o atraso de investimentos importantes e prejuízo direto à população.

Pensando nos próximos anos, qual legado o senhor pretende deixar como deputado federal?

Quero deixar o legado de um mandato coerente, combativo e comprometido com quem vive do trabalho. Um mandato que não se omitiu diante de retrocessos, que defendeu a educação pública, o serviço público e os direitos sociais, e que atuou com responsabilidade, diálogo e coragem política. Meu compromisso é com o presente, mas sobretudo com o futuro do Distrito Federal e do Brasil.

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