José Aparecido da Costa Freire (foto), presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), é o entrevistado da semana da Coluna Três Poderes. Graduado em Ciências Contábeis pelo Centro Universitário ICESP e atuando como empresário no setor de papelarias e livrarias há mais de 30 anos, ele foi reeleito presidente do Sistema Fecomércio-DF em maio de 2022, após mandato tampão de um ano e dois meses. Aparecido também é vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), além de presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Papelarias e Livrarias (Sindipel-DF) desde 2001.
Seu trabalho vem fazendo a diferença na região Centro-Oeste. Antes de presidir os Conselhos Regionais do Sesc-DF e Senac-DF, José Aparecido foi conselheiro das duas entidades e também do Departamento Nacional de ambas as casas. Foi também membro do Conselho Fiscal da CNC de 2014 a 2018. Participou de representações pela Fecomércio-DF e órgãos como a Junta Comercial do DF (Jucis-DF) e o Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais (TARF). Como empresário e gestor, tem sua atenção pautada na defesa dos interesses das categorias do comércio brasiliense e no desenvolvimento socioeconômico de todas as regiões administrativas do Distrito Federal.
Qual é a importância do setor de comércio, serviços e turismo para o desenvolvimento do Distrito Federal, especialmente diante dos desafios econômicos atuais?
Os dados reforçam o papel do setor de comércio, serviços e turismo para a capital do país, e evidenciam sua importância para o nosso desenvolvimento socioeconômico. Somos responsáveis por gerar renda, movimentar a economia e sustentar o mercado de trabalho. O setor de serviços privados, em especial, liderou a criação de empregos, demonstrando sua vitalidade mesmo diante de um cenário desafiador, com alta taxas de juros e dificuldades de acesso ao crédito. Acredito que se superarmos essas barreiras, poderemos crescer ainda mais.
O senhor pode dizer quais são os destaques do mercado de trabalho formal no Distrito Federal?
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o Distrito Federal registrava, até maio, um total de 1.035.941 pessoas com vínculo formal de trabalho – seja por carteira assinada, seja por vínculo no serviço público. Desse total, 86,9% atuam no setor de comércio e serviços, sendo 503.899 no setor de serviços privados (48,7%) e 205.879 no setor público (19,6%). Já o comércio representa 190.442 contratos formais (18,4%). O saldo entre admissões e desligamentos também foi positivo no período de janeiro a maio, com a criação de 25.762 novos postos de trabalho. O setor de serviços foi o principal motor desse crescimento, com 22.415 novas vagas, das quais 15.844 (61,4%) no setor privado e 6.582 (25,6%) no setor público. Em seguida, vieram a Construção Civil (1.448 vagas), o Comércio (1.104), a Indústria (763) e a Agropecuária (32).
O senhor costuma afirmar que “Juntos Somos Mais Fortes”. Esses dizeres, que fazem parte de suas ações e decisões, têm trazido resultados?
Essa frase é um princípio que guia minhas decisões pessoais e profissionais. Acredito no poder das parcerias e dos esforços conjuntos, como mostram iniciativas realizadas no Distrito Federal e também fora do país. Estivemos recentemente em Medellín [Colômbia], uma cidade que se reinventou por meio da cooperação entre governo, sociedade e instituições, servindo de inspiração para pensarmos caminhos semelhantes para Brasília. Um exemplo concreto de parceria inspiradora aqui na nossa capital é a reabertura da Casa de Chá, revitalizada como café-escola do Senac-DF em parceria com a Secretaria de Turismo. Esse projeto resgatou um patrimônio cultural da cidade e o transformou em um espaço de aprendizado, cultura e convívio. A experiência reforça que agir em conjunto é fundamental para alcançar resultados duradouros e socialmente relevantes.
Brasília tem características únicas como capital federal e centro de decisões. De que forma a Fecomércio tem trabalhado para transformar essas características em oportunidades para o comércio e os serviços locais?
Brasília, como capital federal e centro de decisões, possui características únicas que impactam diretamente o comércio e os serviços. A Fecomércio-DF tem aproveitado esse potencial por meio de parcerias estratégicas com órgãos governamentais federais e distritais, parlamentares de todos partidos políticos, entidades da sociedade civil, embaixadas e organizações do setor produtivo.
O senhor poderia citar algumas dessas parcerias?
Temos desenvolvido diversos projetos. Destaco o projeto do Sesc-DF com a Secretaria de Segurança, voltado para a saúde mental dos agentes de segurança pública. Outro destaque é a Padaria Artesanal, liderada por dona Lu Alckmin, esposa do vice-presidente Geraldo Alckmin, que promove inclusão social e geração de renda. Realizamos ainda, recentemente, em parceria com o Ministério do Trabalho, a Semana do Trabalhador, que levou serviços gratuitos do Sesc e Senac à Esplanada. Essas são algumas das ações que mostram como o trabalho conjunto amplia o impacto social e econômico do Sistema Fecomércio-DF e beneficia tanto a nossa sociedade quanto a nossa economia.
O comércio de bens, serviços e turismo é hoje um dos principais motores da economia do DF. Na sua visão, qual o papel da Fecomércio para fortalecer esse setor e ampliar sua contribuição para o desenvolvimento de Brasília?
A Fecomércio-DF tem um papel estratégico no fortalecimento do setor terciário, que é a base da economia do Distrito Federal. Nosso compromisso é atuar como ponte entre empresários, trabalhadores, poder público e sociedade, promovendo o diálogo, defendendo interesses legítimos e criando condições mais favoráveis para o crescimento sustentável do comércio, dos serviços e do turismo. Fazemos isso de várias formas, seja com qualificação profissional por meio do Senac, ou ações de assistência e bem-estar social com o Sesc, e também representando o setor em fóruns de decisão que impactam diretamente o ambiente de negócios. Também buscamos constantemente desburocratizar e melhorar o ambiente de negócios na nossa capital.
Como o senhor avalia a realização dos eventos Conecta e Sicomércio, promovidos pela CNC em Brasília na semana passada?
A realização do Conecta e do Sicomércio em Brasília foi muito positiva. Esses eventos reuniram cerca de 1,6 mil participantes e movimentaram setores importantes da economia local, como hotelaria, alimentação, transporte e diversos outros tipos de serviços que envolvem o setor de turismo, somando mais de 50 segmentos no total. A programação criada pela CNC foi extremamente rica, tanto para os participantes das Federações quanto para os milhares de sindicatos presentes. Abordamos temas relevantes, como inovação e os desafios do setor terciário, e tivemos a participação de muitas autoridades e especialistas. Sem dúvida alcançamos um resultado extremamente positivo para o Sistema Comércio brasileiro.