Menu
Sem Firula

Vermelho sem razão

Arquivo Geral

14/12/2016 7h00

O Internacional se queixa de ter virado a “Geni” do futebol brasileiro (nota do colunista, para os mais jovens: Geni era personagem de uma música de Chico Buarque onde se dizia “joga pedra na Geni, joga bosta na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, maldita Geni…”). Ou, como diriam os antigos, em cima de tombo, coice: não bastasse o rebaixamento à Série B, o Colorado enfrenta, neste momento, a antipatia dos torcedores. Tudo porque, durante o drama da Chapecoense, seus cartolas e jogadores tentaram levantar a bola da virada de mesa para permanecerem na elite do futebol nacional. Pior: às tentativas foram adicionadas frases de extrema insensibilidade, o que só fez aumentar o ódio – e, para completar, temos a situação da possível querela jurídica com o Vitória.

A situação “Geni” não é nova no futebol brasileiro. Há tempos esta posição vinha sendo ocupada pelo Fluminense.
Desde o rebaixamento não concretizado em 1996 (outra nota do colunista: não se concretizou porque ficou provado, à época, que dirigentes de duas equipes haviam agido nos bastidores para ajeitar resultados, o que brecou o rebaixamento), passando pela ascensão à Série A na Copa João Havelange em 2000 (terceira nota do colunista: o tricolor carioca vencera a Série C em 1999, mas devido ao imbróglio jurídico com São Paulo, Botafogo e Gama, o Clube dos 13 organizou o Brasileiro em 2000 e convidou vários times para formarem um só torneio, levando o Fluminense de volta à Série A, como também o Bahia, entre outros), terminando com a questão Flamengo/Portuguesa em 2013 (precisa de outra nota do colunista?), era o clube das Laranjeiras a “Geni” favorita, posição que está perdendo para o Internacional.

Só que o clube gaúcho não está sabendo conviver com o drama do rebaixamento. E digo isso verificando as idas e vindas de seus cartolas e as reações extremadas de alguns apaixonados pelo Internacional. Depois de, domingo, afirmarem que não buscariam juridicamente a permanência na Série A, os dirigentes do Internacional prosseguiram, segunda-feira, com a solicitação de retirada de pontos do Vitória pela escalação irregular de Vitor Ramos (mais uma nota do colunista: o Colorado tem todo o direito de buscar seus direitos, se os tiver, e ninguém poderá falar em virada de mesa se ficar provado o erro do time baiano). E mais: num programa esportivo em Porto Alegre, um ex-presidente do Internacional agrediu um jornalista por discordar de suas posições e críticas.

Assim, ficará cada vez mais difícil “defender” o Internacional. E o papel de “Geni”, que certamente será muito bem alimentado pela mídia, irá perseguir a equipe por muito tempo.

Tricolor sem razão

Que coisa ridícula o que fizeram dois torcedores do Fluminense com rivais do Internacional, domingo, na volta de Edson Passos onde o Colorado fora rebaixado. Sim, a gozação, a brincadeira, as provocações fazem parte do futebol. Dão graça, inclusive, ao esporte. Mas o que se viu naquele vídeo que os infelizes agressores postaram ultrapassa o bom senso, o espírito esportivo, a “zoação”. Em maioria absoluta, mesmo levando-se em conta que todos os demais passageiros não participaram da agressão, os bobalhões demonstraram que, da mesma forma que existem maus políticos, maus policiais, maus professores, existem péssimos torcedores, que não respeitam o direito de outra pessoa ter um pensamento diferente do seu. Agora, pagarão pelos atos hostis, principalmente porque um dos agredidos era idoso.

Sem festa

Já que esta é uma coluna praticamente colorada… Conversando com amigos do Sul questionei se haveria festa esta semana – perguntei sem ironia. Ontem, completaram-se 24 anos da conquista da Copa do Brasil pelo Internacional; sexta-feira são dez anos da conquista do título mundial… A resposta mais educada que recebi (não faltou educação para comigo, mas para a situação) foi algo do tipo “se depois de rebaixarem o clube ainda desejarem fazer festa é questão de internação de todos eles”, completada com “e vou cancelar meu sócio-futebol e minha cadeira no Beira Rio”. Como se vê, a galera ainda não percebeu o quanto será importante sua participação para tentar reerguer o clube neste momento difícil.

Na torcida

Como já citei, sem a presença de um time brasileiro o Mundial de Clubes não está fazendo sucesso no Brasil. Claro que, agora, chegando a hora de o Real Madrid jogar, as atenções devem aumentar. E hoje, às 8h30 (horário de Brasília), o Atlético Nacional, da Colômbia, entrará em campo na semifinal do torneio para enfrentar o Kashima Antlers, campeão japonês, que já passou por dois adversários para chegar até aqui. O time de Medellin, desde a forma carinhosa como tratou a questão da Chapecoense, tornou-se um queridinho da torcida brasileira (bem diferente do Internacional, tantas vezes citado na coluna de hoje). Por isso, não estarei exagerando em dizer que o Atlético Nacional será um “representante brasileiro”, hoje, no Japão, mesmo com todo o carinho que os rubro-negros, em especial, possuem pelo Kashima, time que recebeu Zico em sua passagem pelo Oriente.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado