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Sem Firula

Tolo orgulho

Arquivo Geral

07/12/2016 15h40

Ivan Tozzo, presidente em exercício da Chapecoense, deu algumas declarações interessantes logo após a Conmebol confirmar sua equipe como a campeã da Copa Sul-Americana 2016 e a CBF decidir pelo WO duplo para o jogo (que não acontecerá) contra o Atlético Mineiro, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Ao mesmo tempo em que o colunista louva a atitude sensata do dirigente, recusando, polidamente, a oferta dos clubes que disseram que iriam (irão?) oferecer jogadores para a Chapecoense remontar a equipe, fico pensando no que leva o cartola (vejam que na primeira afirmativa usei dirigente, agora, o termo pejorativo) a falar que é “bobagem” a proposta para que seu clube fique livre do rebaixamento por três temporadas (na realidade esta foi uma proposta inicial, poderia ser alterada) no Brasileiro da Série A.

Agradecer os possíveis reforços com a explicação de que a Chapecoense precisa reconstruir-se com jogadores compromissados com seus ideais, que tenham na equipe do Oeste catarinense seu porto seguro, e não uma porta de passagem, me parece extremamente coerente. De que adianta montar uma equipe que pode até ser forte, por seis meses, um ano, e depois ver todos os jogadores partirem? Seria preparar-se para recomeçar tudo de novo. Melhor, mesmo, que a Chapecoense garimpe jogadores que queiram participar deste novo momento, dentro de suas possibilidades financeiras, é claro (possibilidades que receberam uma bela ajuda com a decisão da Conmebol, é bom que se diga), e reinicie a trajetória que já deu certo uma vez e, certamente, poderá continuar a dar bons resultados, desde que haja envolvimento por parte dos escolhidos.

Já a questão do rebaixamento…

Não se pode falar em praxe para estes casos porque, felizmente, não é todo dia que times inteiros de futebol são desfeitos por conta de um acidente de avião. Mas não seria nada de mais, não afetaria o orgulho do povo catarinense (nem o de Chapecó especificamente) se por três temporadas (volto aqui a citar proposta inicial) a Chapecoense tivesse condições de jogar sem essa preocupação de cair ou não cair. Se quis mandar um recado para o Internacional quando falou “quer a vaga joga no campo e garante”, o cartola catarinense esqueceu de dizer que mesmo jogando, às vezes até bem, seu time poderá não suportar a pressão – e aí, depois, não me venham dizer “também, não tinham nem jogadores para montar um time e disputar”. A proposta de alguns clubes, que provavelmente seria encampada por todos os demais, não trazia nenhum quê de “coitadismo”, nada disso. Seria, apenas, uma forma de todos dividirem a tristeza pelos fatos que ainda mexem com todos nós.

Sem festa

Grêmio e Atlético Mineiro entrarão em campo logo mais, na Arena Olímpico, para decidir a Copa do Brasil. Por mais otimista que seja o torcedor do Galo, não há dúvidas de que o time gaúcho é o grande favorito. O placar da partida de ida, em Belo Horizonte (3 a 1 para o tricolor), mostra isso. Mesmo assim, sem treinador efetivo (Marcelo Oliveira foi demitido após a derrota), o alvinegro mineiro irá à luta para tentar seu segundo título na competição. O Grêmio quer erguer o troféu pela quinta vez, o que o deixaria como o maior ganhador da Copa do Brasil (até hoje está empatado com o Cruzeiro).

Assim que chegou ao Grêmio, Renato Gaúcho afirmou que sua prioridade seria a conquista da Copa do Brasil. Fez por onde, apesar do susto, por exemplo, contra o Atlético Paranaense. No Atlético Mineiro, considerado por muitos o melhor elenco do futebol brasileiro, chegar à final e ser campeão é considerado quase uma obrigação. Uma parte foi feita. Menos mal que a vaga na Libertadores está assegurada – sem o título de hoje, no mata-mata pré-fase de grupos. E esta “garantia” pode ajudar o Galo. Sem muito a perder, pode ir para cima e complicar a vida do Grêmio.
Na torcida pelo Galo estarão também o Atlético Paranaense, o Botafogo e o Corinthians. E justamente por causa da Libertadores. Se o Atlético Mineiro for o campeão, o G-6 vira G-7 e, aí, o Furacão, o Fogão e o Timão (este ainda com algum sofrimento na última rodada) estarão garantidos na Libertadores. Como se vê, uma partida com muitos interesses envolvidos. O que sei, com certeza absoluta, é que qualquer que seja o resultado de hoje a festa terá um gosto amargo. Isso, claro, se houver festa – e será natural que aconteça, é bom que se diga. Para melhorar o astral, digamos que a festa será por uma dupla conquista: a do vencedor da Copa do Brasil e da Chapecoense, pela conquista da Sul-Americana.

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