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Sem Firula

Sem surpresinha

Arquivo Geral

16/12/2016 11h28

Sempre que vão ao cinema meus filhos querem ficar até o final da apresentação dos créditos atentos a alguma provável “surpresinha”, como eles falam. Alguma cena que não foi editada, alguma gracinha. Invariavelmente são os últimos a deixar a sala de projeção. Ontem, o Real Madrid segurou o público até o final em Yokohama na semifinal do Mundial de Clubes contra o América do México. E, se pode-se falar em surpresinha, diria que foi o gol marcado por Cristiano Ronaldo, já nos acréscimos da segunda etapa – logo ele, tantas vezes eleito o melhor do mundo, que jamais marcara no torneio.

Na realidade, o 2 a 0 alcançado pelo time espanhol foi de uma tranquilidade tão absurda que podemos parar e perguntar: o que o América do México foi fazer no Japão? Aliás, o torcedor mexicano neste momento deve se questionar de forma mais profunda: o que os times mexicanos fazem nos Mundiais de Clubes? Até hoje jamais passaram da semifinal – apenas para provocar, lembro que a África já chegou à final (com o Mazembe) e, agora, chegou a vez da Ásia com o Kashima Antlers. O México… Bem, continua jogando como nunca e perdendo como sempre. Poderão alegar os mexicanos que enfrentar o Real Madrid é algo acima da capacidade de seu representante – ou de qualquer equipe da Concacaf. Pode ser, mas a falta de força demonstrada pelo América diz mais do que isso. A impressão que passam é considerar chegar ao Mundial o ponto mais alto, o clímax. E não é assim. O Kashima provou isso.

Agora, domingo, o Real Madrid entra como favorito absoluto na luta pelo título. Aos japoneses cabe, aparentemente, o papel de meros espectadores. Cristiano Ronaldo, agora sem o peso de não marcar em Mundiais, estará mais leve para exibir seu futebol. Espera-se que os jogadores do Kashima entrem em campo não como fãs e admiradores, mas como adversários. E aí… Seria pedir demais uma surpresinha na final?

Polêmica

Durante a campanha para a eleição da Fifa que elegeu Gianni Infantino como novo presidente, o então candidato, em típica “promessa de campanha”, principalmente para agradar africanos e asiáticos, afirmou que planejava aumentar o número de países na fase final da Copa do Mundo, alegando que aqueles dois continentes “mereciam ter o valor de seu futebol reconhecido”. Claro que, com o tal aumento no número de vagas, a Europa (continente de origem do candidato) também ganharia mais alguns lugares, o que é antiga reivindicação dos cartolas do Velho Continente – daí eles, europeus, terem preferido não se manifestar naquele momento.

Eleito, Infantino está deixando as coisas acontecerem. Em maio do próximo ano, porém, haverá um congresso da Fifa no qual a proposta deverá ser discutida – para o Mundial de 2026, que ainda não tem sequer sede aprovada. A ideia da Fifa é elevar para 48 o número de países na fase final do Mundial (praticamente 25% das nações filiadas à entidade), alterando-se a fórmula de disputa atual, que passaria a ser 16 grupos de três seleções, classificando-se o país ganhador em cada chave e, a partir daí, mata-mata. Falando-se em números absolutos, não aumentaria em nada o número de jogos que a possível campeã realiza – e ainda diminui a participação de quem cai na primeira fase.

Só que os clubes europeus já estão chiando. Como detêm a maioria dos jogadores que atuam em Copas do Mundo, os gigantes do futebol estão fazendo uma forte campanha contra a ideia da Fifa. O alemão Rummenigge, presidente da Associação de Clubes da Europa (ECA, pela sigla em inglês), que representa nada menos do que 200 times (isso mesmo, 200) já disse que a visão comercial e política não pode superar a esportiva no futebol. Foi o primeiro recado. Ou melhor, o primeiro para este Mundial de 2026, porque para 2022, no Qatar, os times europeus já estão protestando, há tempos, pelo fato de a Copa ser realizada em novembro e dezembro, para aproveitar o “inverno” no país, o que provocará uma radical alteração no calendário do futebol europeu.

Bom futuro?

Dos quatro times semifinalistas da Copa RS de futebol sub-20 três são cariocas: Fluminense (que enfrentará o São Paulo), Botafogo e Flamengo (que jogarão entre si por uma vaga na decisão). Será que isso aponta para um futuro promissor naquelas três equipes fluminenses? Pelo bem financeiro e esportivo dos clubes, espero que sim. Como espero, também, que não apenas os três cariocas, mas todos os demais clubes brasileiros percebam que as chamadas categorias de base devem servir para formar jogadores para o time principal, e não serem simples “fábricas de troféus” – alguns clubes se vangloriam de ganhar tudo na base, mas depois não conseguem aproveitar um só jogador para seu time “de cima”.

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