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Sem Firula

Perdas e ganhos

Arquivo Geral

13/12/2016 7h00

Atualizada 12/12/2016 11h41

Finalmente terminou o Brasileiro de 2016. Um campeonato que foi, não adianta esconder, fraco e desanimado o tempo todo, mas acabou trazendo para a última rodada algumas definições importantes, como por exemplo as duas últimas vagas para a Libertadores e o rebaixamento do Internacional, tricampeão brasileiro (e único a conquistar o título de forma invicta, em 1979). Ainda estamos na fase de entrega de prêmios para os melhores da competição, sendo assim, este colunista tentará avaliar, não necessariamente de forma individual, quem ganhou e quem perdeu alguma coisa neste Brasileiro.

Entre os ganhadores, claro, está o Palmeiras. O Verdão armou-se para brilhar na competição. Trouxe um técnico experiente, que sabe montar não só um time, mas principalmente um grupo. E era notório que os jogadores do Palmeiras estavam envolvidos no objetivo: a cada gol via-se a vibração dos reservas com o mesmo entusiasmo daqueles que estavam em campo. A entrega da equipe, mesmo com algumas pequenas rusgas que acontecem numa caminhada tão longa é outra prova disso. A perda de Fernando Prass no meio da competição (contusão que acabou tirando-o até dos Jogos Olímpicos) foi bem superada e acabou “fechando” ainda mais o time. Mesmo sem Cuca no comando, e com um treinador que ainda não provou sua capacidade num time grande, deve fazer boa figura na Libertadores.

Agora, em lote. Outros ganhadores foram os alvinegros Santos e Botafogo. O time da Vila Belmiro terminou na segunda colocação depois de começar a competição sem maiores pretensões. Soube superar os desfalques – a seleção brasileira andou mutilando a equipe em vários momentos – e terminou o ano com dinheiro em caixa e um grupo azeitado. Resta saber como irá superar a janela de transferências de janeiro. Sem esta preocupação, pelo menos aparente, o alvinegro carioca fez muito mais do que dele se esperava. Entrou no Brasileiro como um dos tristes favoritos a cair de novo – e surpreendeu. Na última rodada garantiu vaga na pré-pré-Libertadores, consagrando o trabalho de um jovem treinador. Infelizmente parece que existem alguns problemas de relacionamento no elenco, mesmo assim, se conseguir superar estas situações, começará 2017 em situação bem diferente da que enfrentou este ano.

Outros ganhadores, mas não necessariamente devido ao Brasileiro, são o Grêmio e a Chapecoense. Fica até estranho falar em “ganhador” para o time catarinense tendo em vista a tragédia que se abateu sobre o clube e a cidade, mas a vida continua. Se a Chapecoense souber reconstruir-se, poderá (tem condições para tal) manter o clima de crescimento que cerca o clube há algum tempo e tornar-se um emergente do futebol nacional. Dinheiro, aparentemente, não será problema – principalmente com a decisão da Conmebol em dar o título da Sul-Americana, a pedido do adversário Atlético Nacional, de Medellin. A Libertadores será apenas o primeiro desafio de um ano que promete ser cheio. E cheio também deverá ser o ano do Grêmio. Campeão da Copa do Brasil, o tricolor gaúcho precisará, antes de qualquer coisa, cuidar da soberba. Na Libertadores, enquanto seu maior rival irá amargar a segunda divisão nacional, o Grêmio precisa ficar atento para não se deixar levar pelo oba-oba – principalmente porque tem no seu banco de reservas o bem humorado, porém falastrão, Renato Portaluppi.

Fechando os ganhadores podemos incluir os dois rubro-negros nordestinos, Sport e Vitória, que garantiram na 38ª rodada suas permanências na Série A. Instáveis durante todo o ano, conseguiram arrancar bons resultados no finzinho e ficaram. Devem muitos agradecimentos, respectivamente, a Diego Souza (que acabou como um dos artilheiros do Brasileiro) e Marinho, que praticamente colocou o Vitória nas últimas rodadas e salvou a equipe. Não deve continuar por lá, para tristeza da torcida do Leão baiano, que ainda terá de se preocupar com a possível luta do Internacional no tapetão. E antes que me cobrem sobre incluir o Flamengo entre os ganhadores… O rubro-negro carioca chegou a brigar pelo título, tirou onda com os rivais falando em “cheirinho de hepta” e, no fim, ficou sem gás, terminando em terceiro lugar. Não ganhou, mas também não perdeu.

A relação dos perdedores, claro, abre com o maior deles, o Internacional. Na semana em que comemora os dez anos de seu título mundial o Colorado acabou sendo rebaixado para a Série B nacional pela primeira vez em sua história. Golpe duro para uma diretoria que foi eleita na véspera da queda da equipe. Mas, verdade seja dita: era a crônica de uma morte anunciada. Um time não pode passar 14 jogos consecutivos, isso mesmo, 14 jogos seguidos, sem ganhar. Em algum momento esta conta será cobrada. Se nestas 14 partidas em que não venceu o Internacional tivesse ganhado ao menos uma, hoje não estaria rebaixado. Foi o grande perdedor do ano.

Outro que deixa o Brasileiro como derrotado é o Corinthians. Claro que irão alegar que o time foi desfeito durante o torneio. É verdade. Mas… Quem poderia evitar isso? Justamente a sua direção, mas a cartolagem mostrou que não conseguia controlar suas contas. Como parece que não consegue controlar os problemas com o Itaquerão. E o sonho do estádio próprio pode virar um pesadelo logo, logo. Amigos corintianos temem que, sem ter alcançado um lugar na Libertadores, o Timão sofra com a falta de grana e no fim de 2017 viva o mesmo drama do Internacional. Exagero? Quem sabe?

Na mesma linha do Internacional (ficar jogos e mais jogos sem vencer), mas com a felicidade de ter acumulado pontos antes de o jejum começar, o Fluminense também encerra o ano como um derrotado. Quando eram quatro vagas para a Libertadores o tricolor carioca brigava diretamente com o Santos por uma delas – o time da Vila Belmiro terminou em segundo lugar. Quando passou para seis o número de classificados o Fluminense simplesmente desmontou. Fechou o ano com dez jogos seguidos sem vencer. Isso: em 30 pontos disputados faturou apenas quatro. Se tivesse, nestes dez jogos, um rendimento de rebaixado, terminaria o campeonato com 57 pontos e tomaria o lugar do Atlético Paranaense na pré-pré-Libertadores. É ou não é para considerar-se um derrotado?
Claro que Figueirense, Santa Cruz e América Mineiro devem ficar na lista ruim do ano. Talvez, com boa vontade, possamos colocar a Ponte Preta na relação dos ganhadores. Mas Cruzeiro, São Paulo e Coritiba, ah estes entrarão no rol que a turma gozadora chama de “água de salsicha”: não têm muito do que reclamar, afinal permanecem na elite do futebol nacional, mas fizeram um Brasileiro sem brilho. Acabaram salvos dos riscos do rebaixamento pela combinação de resultados e pela péssimas campanhas dos rivais que caíram. Muito pouco para times de tanta tradição.

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