Menu
Sem Firula

Penetras

Arquivo Geral

23/02/2017 16h23

O leitor decide pegar umas cervejas, alguns pedaços de carne, lingüiça, asa de frango e ruma para a casa de um amigo. Casa bonita, com piscina, sauna, campo de futebol. Tudo perfeito para um domingo cheio de lazer. O único problema é que não avisaram ao proprietário. Não procuraram saber se ele estaria em casa, se estaria recebendo alguma visita, nada disso. E o leitor ainda fica magoado com o amigo que não cedeu a casa para o churrasco.

Parece loucura, não é mesmo?

Mas foi mais ou menos isso que aconteceu nos últimos dias por conta da decisão do “clássico de torcida única”, no Rio de Janeiro. Para permitir a presença das duas torcidas, dirigentes de Vasco e Flamengo decidiram que iriam jogar em Juiz de Fora – fora do Rio de Janeiro, logo, distante do cumprimento da determinação judicial. Só que esqueceram de combinar com a cidade mineira. E o que se viu a partir daí? Bem, as autoridades de Juiz de Fora pularam nas tamancas e disseram que não tinham condições de receber as duas torcidas, afastando a possibilidade de realização da partida pelas semifinais da Taça Guanabara “da mais carioca das cidades mineiras”.

A decisão das autoridades é perfeita. Pelo atual clima de beligerância entre as torcidas do Rio de Janeiro (e vascaínos e flamenguistas lideram o ranking da barbárie), é um risco, sim, receber jogos das equipes. Ainda mais se o jogo for entre dois deles e com caráter decisivo.

Claro que os cartolas se reuniram para protestar. Espertamente não quiseram discutir o não recebido por Juiz de Fora (mesmo porque seria inútil e perceberam que não dá para marcar churrasco na casa dos outros sem avisar), mas posaram todos de bons moços para tentar demover a Justiça da proibição da participação das duas torcidas em clássicos. Só esqueceram de criticar quem merece, efetivamente, ser criticado: o poder público.

Enquanto as autoridades acharem que é mais fácil dar uma de avestruz e se esconderem em momentos de decisões importantes, vamos caminhar para jogos de torcida única ou, até, pasmem, para a idéia de realizar o Flamengo x Vasco, no Engenhão, com portões fechados – como se fosse impossível conter a violência nos arredores.

Céu e inferno

Há menos de seis meses ele quebrou o maior jejum da história do futebol brasileiro. Jejum, só, não. Poderíamos dizer que a medalha de ouro olímpica era um verdadeiro trauma. Várias vezes batemos na trave. Jogadores que mais tarde seriam reconhecidos como os melhores do mundo, formando equipes campeãs entre os profissionais, não conseguiam a primeira colocação quando o assunto era Olimpíada.

Pois bastou não classificar a seleção sub-20 para o Mundial da categoria, em maio, na Coreia do Sul, para Rogério Micale, o treinador campeão olímpico, ser demitido pela CBF. À parte a comprovação de que, realmente, foi uma campanha vergonhosa na fase final (em seis, não conseguir colocar-se entre os quatro primeiros para garantir uma vaga, sendo superado por Uruguai, Equador, Venezuela e Argentina), algumas dúvidas surgem após a demissão.

De início, volta-se a suspeitar que, antes dos Jogos Olímpicos do Rio, Tite não quis assumir o comando do time com medo de queimar-se. Esta pode ser a primeira verdade. Depois, há quem garanta que foi providencial a intervenção do treinador da seleção brasileira principal para “arrumar o vestiário” da equipe olímpica. Talvez esta seja a segunda verdade. E, finalmente, feito o “trabalho sujo”, no primeiro tropeço era hora de limpar a área para que, também na sub-20, ficasse alguém “coordenado” com Tite.

Disso tudo, resta a velha máxima do futebol que, em caso de derrotas, o primeiro a cair é sempre o treinador. Repito: foi, sem dúvida alguma, um mico não conseguir a vaga para o Mundial. Daí a demitir o treinador por isso…

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado