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Sem Firula

Não é vergonha

Arquivo Geral

26/11/2016 9h17

Atualizada 25/11/2016 12h18

Estive conversando com Jorge Perlingeiro na semana que passou – nota do colunista: Jorge Perlingeiro é um veterano da TV brasileira; por anos trabalhou com o pai, Aérton Perlingeiro, no “Almoço com as estrelas” e, depois, por mais de 30 anos brigou para manter um programa, independente, para falar de teatro, música e carnaval; foi diretor social da Liga Independente das Escolas de Samba, onde iniciamos grande e proveitosa amizade; amante de futebol, torce pelo América.

No papo, Perlingeiro perguntou pela minha Caprichosos de Pilares – outra nota do colunista: a Caprichosos de Pilares notabilizou-se por enredos críticos e irreverentes nos anos 80; tornou-se uma espécie de segunda escola de muitos, mas hoje está mal, no terceiro grupo, fora da Sapucaí, desfilando na Terça-Feira Gorda na Intendente Magalhães – e lembrou como era difícil sair de um Grupo de Acesso e voltar ao Grupo Especial. O papo era carnaval. Mas pode-se, com tranquilidade, passar a conversa e as dificuldades para o futebol. Principalmente no Brasileiro.

E por que faço toda esta introdução? Por causa do Vasco. Vejo nas redes sociais diversos torcedores vascaínos espumando de ódio porque o time chega à última rodada da Série B ainda sem saber se voltará ou não à elite do futebol nacional na próxima temporada. Tudo ficou para ser decidido hoje. Menos mal que será no Rio de Janeiro, no Maracanã, e contra um adversário que não tem qualquer pretensão – o Ceará. Mesmo assim, o fantasma do Náutico irá atormentar torcedores, jogadores, comissão técnica e cartolas vascaínos até o apito final. Mas… É vergonha, chegar nesta situação? O Vasco, por ser o Vasco, deveria garantir sua volta antecipadamente?

Volto, então, a lembrar da conversa com Perlingeiro. Há anos acompanhando os desfiles, o apresentador fez uma conta simples: para permanecer no Grupo Especial, que possui 12 agremiações, a escola precisa chegar na frente de apenas uma. Pelo regulamento, só uma escola é rebaixada na Quarta-Feira de Cinzas. Já para subir… O Grupo de Acesso, ou Série A (no samba a elite compõe o Grupo Especial), tem 14 agremiações brigando pelo título e só uma sobe. Ou seja: quem quiser “virar Especial” precisa ganhar de 13. É ou não mais difícil ganhar de 13 do que de uma?

Esta é conta, curta, rápida e cruel, que Perlingeiro faz. No futebol é assim também. Para permanecer na Série A você precisa chegar na frente de quatro, em 20. Se terminar em 16º a galera vai xingar, mas o time não vai cair e garantir a boa cota da televisão para a temporada seguinte. Para subir você precisa superar ao menos 16, também de 20. E mesmo subindo, em quarto, ou terceiro, o torcedor vai reclamar – como reclama agora o vascaíno, dizendo ser uma vergonha que seu time ainda tenha garantido o retorno (e há quem tema, com razão, que possa acontecer alguma surpresa desagradável).

Expectativa

Apesar de tudo, a galera vascaína está fazendo sua parte. É bem provável que os 65 mil lugares disponíveis estejam ocupados (52 mil vendidos, 13 mil gratuitos). E, é claro, o Vasco vai para cima do Ceará porque ganhando, qualquer que seja o resultado do Náutico contra o Oeste a vaga estará assegurada – sem contar um possível tropeço do Bahia. Tensão pura no ar. E não pensem que acontece só na parte de cima da tabela, não. O Joinville conta com o Timbu para superar o time paulista e permanecer na Série B. Como se vê, cada equipe tem uma expectativa. E isso faz o futebol interessante.

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