Menu
Sem Firula

Loucura total

Arquivo Geral

17/12/2016 8h00

Atualizada 21/12/2016 10h07

A Copa do Brasil há algum tempo deixou de apresentar aquelas surpresas que inquietavam os torcedores dos grandes clubes. Sem qualquer demérito aos citados, nos últimos anos tornou-se praticamente impossível vermos um Juventude, um Santo André ou um Paulista de Jundiaí alcançarem o título. E isso se confirmava na hora de levantar o troféu: depois dos triunfos das equipes do interior paulista (Santo André em 2004, Paulista em 2005), a relação dos campeões só tem o Sport, em 2008, fora do eixo dos “12 grandes”. Os outros campeões desde então foram o Flamengo (2006 e 2013), o Fluminense (2007), Corinthians (2009), Santos (2010), Vasco (2011), Palmeiras (2012 e 2015), Atlético Mineiro (2014) e Grêmio (2016). E em todas estas decisões as participações mais surpreendentes foram do Figueirense, Coritiba (duas vezes), Atlético Paranaense e Vitória. Nada além disso.

Pois os torcedores se preparem: com as novas regras, em 2017, é bem provável que tenhamos, pelo menos nas primeiras etapas da competição, muitas surpresas. O colunista explica seu pensamento. Para se adequar à nova Libertadores, que irá até novembro, e permitir que os clubes que participam da competição continental também possam jogar a Copa do Brasil, a CBF alterou de forma radical o regulamento da competição – e criou um monstro, de tão loucas que foram as novas regras. Para começar, os oito times que estão na Libertadores (Palmeiras, Santos, Flamengo, Atlético Mineiro, Botafogo, Atlético Paranaense, Grêmio e Chapecoense) só entrarão na Copa do Brasil na quinta fase – isso, mesmo se Botafogo e Atlético Paranaense, que estão na pré-pré-Libertadores sequer atingirem a fase de grupos.

Não são apenas estes oito, porém, que vão pegar o trem lá na frente. O Atlético Goianiense (campeão da segunda divisão nacional), o Santa Cruz (campeão da Copa do Nordeste e recém-rebaixado da Série A) e o Paysandu (campeão da Copa Verde, também da Série B nacional) também só passarão a disputar a Copa do Brasil quando restarem apenas cinco dos 80 (isso mesmo, 80) que iniciarão a briga – e neste grupo de 80 temos o Vasco, o Corinthians, o Fluminense… Será que alguém consegue uma explicação lógica para tal vantagem?

A criatividade, porém, não fica apenas na estação em que irão pegar o trem. Como o calendário ficou (ainda) mais apertado, não teremos, na primeira fase, os chamados jogos de volta. A CBF dividiu os clubes de acordo com seu ranking e os teoricamente mais fracos serão anfitriões dos mais fortes, em jogo único. Os “grandes” jogarão pelo empate, mas na casa do rival. Ou seja: um vacilo, uma bola “vadia” como diziam os antigos radialistas, pode determinar a eliminação. Na segunda fase haverá sorteio do mando de campo (também será disputada em jogo único) e, aí, o “grande” não terá mais a vantagem do empate – se o jogo terminar em igualdade, pênaltis. A partir da terceira fase, ida e volta, como tradicionalmente acontecia.

Resumindo: nas duas primeiras fases da Copa do Brasil poderemos ter muitas surpresas. Já imaginaram, apenas para dar tratos à bola, Corinthians, São Paulo, Vasco, Internacional e Fluminense eliminados por, respectivamente, Caldense, Moto Club, Santos do Amapá, Princesa do Solimões e Globo do Rio Grande do Norte? O que dirão as emissoras de televisão nos dias reservados à transmissão dos jogos se não tiverem estes puxadores de audiência? Com a palavra a CBF e os gênios que inventaram este regulamento louco.

Sem rumo

A demissão de Osvaldo de Oliveira do Corinthians foi inesperada. Ou melhor… Era algo esperado, mas não considerado. E por várias razões. A multa rescisória é altíssima – e o Timão vive dizendo que está sem dinheiro. Claro que acima de qualquer valor financeiro está o bem estar da equipe, mas… Os maus resultados não poderiam ser a desculpa: há tempos, desde que desmontou o time campeão brasileiro de 2015 o Corinthians não consegue bons resultados. Chegar à última rodada do Brasileiro brigando por uma vaga na Libertadores pode ser considerado um feito. Então, por que a decisão tomada?

À noite, assistindo à coletiva do presidente do clube, aí mesmo é que fiquei sem entender mais nada. Segundo o cartola mor do Parque São Jorge, se o Corinthians tivesse vencido o Cruzeiro e se classificado para a Libertadores (na realidade, a pré-pré-Libertadores), ele seria mantido no cargo. Ou seja: nas palavras do presidente corintiano o treinador foi demitido por conta de uma derrota. E uma derrota, convenhamos, nada anormal: perder de 3 a 2 para o Cruzeiro, em Belo Horizonte, não envergonha ninguém. A partir daí vemos o quanto o Timão está sem rumo (perdoem o quase trocadilho). E a falta de orientação se estende até às principais opções para substituir Osvaldo de Oliveira: Guto Ferreira e Vanderlei Luxemburgo. Água e azeite. Areia e vidro. Depois reclamam da sorte…

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado