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Sem Firula

Fim de papo

Arquivo Geral

31/12/2016 13h15

Atualizada 03/01/2017 13h16

Admito: esta semana tive alguns dias de desânimo para escrever a coluna. A falta do futebol, a debilidade dos chamados esportes olímpicos, até o mercado da bola… Parecia que faltava assunto, ou melhor, faltava assunto interessante. Hoje, porém, última coluna do ano, vou precisar me conter para torrar a paciência do leitor com um caudaloso levantamento do que foi este ano que daqui a pouco, felizmente, estará indo embora. Não faltaram assuntos curiosos, fortes, alegres, tristes… De medalhas a derrotas; de alegrias imensas a dores irreparáveis, 2016 vai embora mostrando que foi um ano completo. Em todos os sentidos.

Claro que o primeiro tema a destacar é a Olimpíada do Rio de Janeiro. A primeira Olimpíada na América do Sul. A primeira Olimpíada no Brasil. E no Rio de Janeiro… Deu certo? Faltou alguma coisa? Por partes… Sim, os Jogos Olímpicos Rio 2016 deram certo. Do irreverente (e às vezes pouco esportivo) jeito brasileiro de torcer, aos problemas na Vila dos Atletas, a Cidade Maravilhosa passou, sim, com louvor pelas avaliações. Tanto que, na área de imprensa, conquistou o título de melhor apoio aos jornalistas concedido pela Associação de Imprensa Esportiva Internacional, seção Américas, e ficou em segundo lugar na avaliação mundial da entidade, perdendo para a Eurocopa, da França.

Se os Jogos começaram com o pé esquerdo, com os problemas enfrentados pela delegação australiana para entrar na Vila dos Atletas (apartamentos sujos, não acabados, com falta de estrutura), as festas de abertura e encerramento serviram como marcos de uma competição diferente do o mundo dos esportes estava acostumado nos últimos anos. Não houve a grandiosidade de Pequim (2008), nem a organização de Londres (2012), mas certamente não aconteceu o caos de Atenas (2004), apesar de este colunista achar que as dívidas (muitas até hoje não pagas) do Comitê Organizador farão lembrar os Jogos realizados na capital grega.

Esportivamente não há como negar a importância dos multimedalhistas Michel Phelps, na natação; e Usain Bolt, no atletismo. As piscinas do Rio de Janeiro viram um Phelps renascido, feliz, festejando cada conquista com um beijo carinhoso no filho Boomer. Comemoração família total. Bem diferente do astro jamaicano que voou nas pistas do Engenhão e, depois, foi comemorar em boates e com “primas”, se é que me entendem. E a noiva ficou sabendo de tudo – neste quesito, pelo visto, o Raio não é profissional. Vários outros destaques individuais, mas para nós, brasileiros, além do ouro do saltador Thiago Braz (que bateu o chorão francês Renaud Lavillenie, com um salto de 6,03m), valeram demais as medalhas de ouro masculinas no vôlei e, ufa, no futebol, com direito a Maracanã lotado e vitória sobre a Alemanha, nos pênaltis.

Para seguir uma cronologia, deveria fechar a coluna com a tragédia da Chapecoense. Não quero, porém, que o ponto final da coluna em 2016 seja triste. Assim, dou uma cortada no tempo e falo da madrugada de 29 de novembro. Uma data que ficará marcada para sempre na história do futebol brasileiro. Numa montanha colombiana terminou (ou será que começou?) o sonho de uma modesta equipe do Oeste de Santa Catarina. Viajando para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, de Medellin, a Chapecoense não chegou a seu destino. E o que se viu a partir do acidente foi a comprovação de que o ser humano ainda pode dar certo.

A solicitação do clube colombiano (felizmente atendida pela Conmebol), de que fosse declarada a Chapecoense como a campeã do torneio que jamais terá sua final, abriu a série de atos que permitem pensar num futuro mais feliz para todos nós. As cerimônias, emocionantes, emocionadas, que aconteceram no estádio onde deveria ser realizada a partida comprovam isso. E a forma como a torcida do mundo inteiro abraçou nossa pequena/grande equipe… Emocionante demais.

Fechando o que para muitos poderia ser chamado de retrospectiva de 2016, e, como disse, me contendo para não escrever, escrever e escrever, tenho de falar especificamente do futebol. Futebol que aponta uma luzinha no fim do túnel em relação à seleção brasileira; futebol que terminou o ano com a recuperação de um campeão como o Palmeiras; futebol que sofreu, como todos nós, com a grave crise econômica que decidiu pousar no Brasil e parece não querer ir embora.

Campeão brasileiro de 2015, o Corinthians viu seu time ser desfeito algumas vezes pelas investidas em seus jogadores. Terminou o Brasileiro deste ano fora da zona de classificação para a Libertadores e, o que é pior, com o Palmeiras festejando o título nacional e nadando de braçada, aparentemente, para a temporada que se inicia amanhã. Não foi o único a ter decepções, porém, o Timão. O que dizer para a galera do Internacional, que viu seu time ser rebaixado para a segunda divisão nacional, pela primeira vez na história, na mesma semana em que o maior rival conquistava a Copa do Brasil?

Este último parágrafo da coluna de hoje, sem querer, acabou resumindo não apenas o ano de 2016, mas a nossa vida. Não temos apenas alegrias, não são apenas tristezas. Se há alguém lamentando, sempre há quem festeje. Enquanto os colorados amargavam o rebaixamento, os gremistas sorriam com o título e a desgraça dos rivais; enquanto os corintianos tentavam reorganizar-se, sem dinheiro e com muitos problemas no estádio que ganharam de presente, os palmeirenses teciam louvores a um mecenas que dirigiu o time de volta ao topo do futebol. Assim foi 2016. Tristezas e alegrias; choros e sorrisos. E ele vai terminando, com o apito final e o fim de mais um jogo.

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