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Sem Firula

Compensa, sim

Arquivo Geral

29/11/2018 15h50

Atualizada 01/12/2018 16h01

A brilhante decisão da Conmebol (atenção, o comentário possui altíssimas doses de ironia) de realizar a partida de volta, ou melhor, o segundo jogo da final da Libertadores de 2018 prova, infelizmente, que o crime compensa.
E como!
Como adiantei ontem, várias cidades pelo mundo se lançaram para receber o tal jogo.
Incluindo Belo Horizonte e Chapecó.
Correm também Assunção, Miami e Doha – pode ser que surja mais alguma, mas acho difícil.
Para os clubes não reclamarem, a Conmebol disse logo que arcaria com as despesas de 40 pessoas, por equipe, para o jogo final.
Isso quer dizer que, seja onde for a partida, a entidade continental irá bancar traslados, passagens, hotel e alimentação para 40 felizardos.
Vamos começar, então, a analisar algumas situações peculiares – e falar francamente, sem subterfúgios.
Com todo respeito à cidade catarinense, só mesmo um louco poderia imaginar o jogo em Chapecó.
Será que o insano que lançou a ideia procurou saber da polícia se a cidade tem condições de receber a invasão de argentinos que ocorreria?
E a capital mineira? Valeria a pena o risco? E tenho a certeza de que ninguém teve o cuidado de procurar as autoridades policiais, também, para saber sobre a questão da segurança.
Vamos esquecer o Brasil.
O jogo em Assunção teria custos reduzidos para a Conmebol.
As passagens não são assim tão caras (e o fretamento de um voo, único, baixaria ainda mais as despesas), a Conmebol tem um hotel…
Mas, vamos ser sinceros, Assunção não tem este apelo todo para realizar o último jogo de uma final “dupla” da Libertadores – lembro que, a partir de 2019, a decisão será em partida única, já marcada para Santiago.
A cidade italiana falou na ancestralidade argentina ser ligada à Bota.
Muito pouco. Sem falar que ia ficar caro.
Miami seria uma opção interessante.
Turistas, imigrantes, apelo pelo futebol, mídia…
E a possibilidade de atrair novos parceiros, tanto para a Conmebol, como para River Plate e Boca Juniors.
Só que aí surgiu Doha.
Capital do Qatar, sede da Copa do Mundo de 2022, a cidade já respira o Mundial como tive oportunidade de falar há menos de um mês, quando lá estive.
Começam, aí, também, as ingerências financeiras e políticas – que demonstram, infelizmente, que o crime compensa, sim.
A Qatar Airways é uma das novas patrocinadoras da Conmebol.
Já avisou que arcaria, com toda a simpatia, com os custos de transporte das duas delegações.
A mesma empresa é patrocinadora do Boca Juniors – talvez os jogadores do seu patrocinado tenham direito à classe executiva (brincadeirinha).
Não para por aí, não.
Em 2019, o Qatar irá disputar a Copa América, no Brasil.
Mais exposição para a competição (promovida pela Conmebol) e mais possibilidade de conseguir novos parceiros.
Pensam que é só isso?
Uma semana depois da decisão começa o Mundial de Clubes, em Abu Dhabi.
Ou seja: o campeão já estaria se aclimatando, com todas as despesas pagas, para o possível jogo contra o Real Madrid (campeão europeu), numa provável decisão.
Lembrando que o time espanhol não anda bem das pernas no Espanhol e “vai ali e volta já” para o tal Mundial.
Repararam? A Conmebol não gasta, ganha e divulga-se (apesar de todas as lambanças feitas deste os tumultos).
Boca ou River, quem ganhar, fatura uma grana, divulga sua marca e ainda chega descansado para o Mundial.
No futebol sul-americano, cometer erros é uma boa.

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