O que pode ser mais desagradável do que a falta de uma rodadinha de futebol para se comentar, não é mesmo? Tudo bem que ontem à noite (e bota noite nisso) a Conmebol sorteou os grupos da Libertadores de 2017 (tem uns times bem estranhos – leiam desconhecidos, por favor), mas isso vai ser papo para amanhã. Então, enquanto Papai Noel está lendo suas cartinhas e os jogadores curtem suas férias, o que resta ao colunista é tratar dos cartolas e suas loucuras.
No Rio de Janeiro o momento é pródigo para eles. Com dois times classificados para Libertadores (Flamengo e Botafogo), um voltando à Série A (Vasco) e outro com nova direção (Fluminense), além de o Bangu trazendo Loco Abreu e o Volta Redonda ainda festejando a conquista invicta da Série D nacional, a loucura do mercado de fim de ano foi reforçada com anúncios inesperados dos dirigentes.
Eurico Miranda convocou uma coletiva para dizer que reduziu a dívida do clube, que vai ser candidato à reeleição (chegou a ironizar quando falaram que passaria o bastão para o filho) e prometeu um “presente de Natal” para a galera. Entre otimistas e pessimistas há a indicação de que o presente seja o atacante Luís Fabiano. E Eurico já garantiu que, a partir de agora, o “hábito” do “presente” irá voltar.
Para os rubro-negros, a expectativa é com relação à contratação do ex-ídolo tricolor Conca. Escrevo ex-ídolo porque a reação dos torcedores do Fluminense quando souberam que o argentino poderia estar se transferindo para a Gávea foi drástica. Até o novo treinador do Fluminense, Abel Braga, meteu a colher e falou em “gratidão”, ao criticar a possível transferência do meio-campo para o rival de sua equipe. O mais estranho é saber que o Flamengo pagará uma fortuna ao jogador que não pode sequer atuar – está contundido e as mais otimistas avaliações falam em liberação apenas a partir de maio. O comentário é que a negociação só não é “oficial”, ainda, porque se Conca se transferir antes de 31 de dezembro deste ano o Fluminense recebe uma grana – e os cartolas flamenguistas não querem colocar esta azeitona na empada tricolor.
Na noite desta terça-feira, com a presença do ex-desafeto Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Peter Siemsen deixou a presidência do Fluminense. Agradeceu a muita gente (inclusive a Rubinho…) e passou o bastão, literalmente, para Pedro Abad, novo comandante do clube das Laranjeiras. Cauteloso, o novo cartola-mor tricolor não falou em contratações – na realidade, o Fluminense precisa dar “um freio de arrumação” na casa, afinal de contas, segundo levantamentos realizados serão nada menos do que 108 jogadores no centro de treinamento no dia 2 de janeiro, com o retorno de vários jogadores que estão emprestados por aí. E ainda há a tentativa de fazer negócio com os titulares Gum e Cícero, para citar apenas dois.
Em São Paulo a política está fervendo no Palmeiras – e olha que o Verdão acabou de conquistar o título nacional. Existem muitas picuinhas políticas, a maior delas é contra o ex-presidente Mustafá Contursi, que alega ter concedido um título benemérito à empresária que patrocina o clube e que quer se candidata ao conselho e, depois, à presidência. Num momento em que as atenções deveriam estar voltadas apenas à Libertadores…
E a situação está confusa também no Corinthians (por causa do estádio e da falta de treinador) e no São Paulo (com o novo treinador Rogério Ceni, ex-goleiro, tendo indicado logo de cara a contratação de um goleiro, a situação de Denis, seu ex-reserva, ficou muito fragilizada). Só o Santos parece caminhar de forma tranquila, agindo para renovar os contratos e pensando, ainda, em tirar Robinho para mais uma aventura na Vila Belmiro.
Para os gaúchos o fim de ano será marcado pela tristeza do Internacional (com nova diretoria) e euforia dos gremistas (que renovaram com Renato Portaluppi). Situação quase igual a dos mineiros, onde o Atlético, apesar de ter ficado abaixo de suas expectativas vai de novo para a Libertadores enquanto o Cruzeiro tentará, de novo, remontar-se para oferecer algo mais a seus torcedores em 2017. Tudo, porém, neste momento, não passa de papo de cartola.
