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Sem Firula

Apenas números

Arquivo Geral

21/02/2019 7h00

Atualizada 20/02/2019 13h07

Passada a comoção inicial, hoje, tirando uma ou outra notinha de pé de página informando que o paciente já caminha pelo quarto ou se recupera das queimaduras, ninguém mais fala do criminoso (repito: criminoso) incêndio que matou dez crianças naquilo que era chamado de Centro de Treinamentos Ninho do Urubu.
A questão, agora, diz respeito às indenizações.
O Flamengo já recua. Fala que faz propostas superiores às da boate Kiss e se cala.
É claro que qualquer cálculo no caso dos meninos está prejudicado. Sempre estará.
Um pretenso jogador de futebol, com 14, 15 anos, pode ser qualquer coisa. Ou nada.
Pode chegar à seleção brasileira.
Marcar o gol decisivo numa Copa do Mundo.
Ou perder-se pelo caminho em más companhias.
O que ele representaria para a família jamais se poderá saber. É difícil, sem dúvida alguma.
Alguns especialistas já falaram que, numa previsão inicial, sem exageros ou benevolências, seriam uns R$ 10 milhões para cada família.
Muito? Pouco? Como escrevi, impossível dizer.
Vinicius Junior, pouco mais velho do que os meninos que morreram, ganha isso em um ano.
Mas ele deu certo. Ou está dando certo.
Isso talvez não acontecesse com nenhum deles. Mas… E se todos o superassem?
O silêncio do Flamengo grita tanto que chega a ser ensurdecedor.
Infelizmente, o clube passa a impressão de esperar que a necessidade bata à porta das famílias para fechar acordos vantajosos.
E, ao lerem vantajosos, leitores, entendam tristemente acordos em que o Flamengo pague o mínimo possível às famílias das vítimas.
Como faz por exemplo a Vale, adiando as indenizações das vítimas de Mariana para apresentar lucro nos balanços e pagar bônus a diretores e acionistas.
De nada valerão as homenagens feitas, as músicas, as missas, se as famílias além de chorarem a perda física dos seus meninos ficarem para sempre sofrendo com a questão jurídica.
Voltando aos tais R$ 10 milhões estimados…
O que são R$ 100 milhões para um clube que gastou, apenas na contratação de Arrascaeta (que deu o passe para a vitória do Fluminense na semifinal da Taça Guanabara), mais de R$ 60 milhões (sem contar os salários)?
Que a cartolagem rubro-negra não permita que os meninos se transformem em meros números de um balanço contábil.

Na torcida
Se derrotar a seleção das Ilhas Virgens (tradicionalmente um adversário complicado para nós), fora de casa, nesta quinta-feira, a seleção brasileira masculina de basquete garante um lugar, na quadra, para o próximo Mundial da categoria, a ser realizado na China.
Faço questão de frisar o na quadra porque, no último, entramos por convite – comprado.
Até então, só nós e os Estados Unidos tínhamos ido a todos os Mundiais. Como acontece com o futebol (só que lá, os sobrinhos do Tio Sam não têm essa moral).
Lembro, também, que foi por não pagar pelo tal convite que começaram os dramas do nosso basquete.
O jogo promete ser duro, mas o Brasil tem plenas chances de vencer e classificar-se.

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