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Quinto Ato
Quinto Ato

Sobre genocídio e genocidas

Theófilo Silva

30/03/2021 9h37

Sobre Genocídio e genocidas

Diria que as duas palavras mais pronunciadas no Brasil nos últimos meses, seja nas redes sociais, seja na imprensa em geral, são os vocábulos genocídio, atribuída a desastrada e horrorosa política do governo federal de combate à peste do Covid; e a segunda é a sua derivada e correlata, genocída, com a qual as pessoas denominam o presidente da República Jair Bolsonaro. Fato esse, que fez com que o governo federal trouxesse de volta a famigerada Lei de Segurança Nacional, ameaçando todos aqueles que lhe atribuíram esse adjetivo. Foram muitos, muitos milhões que o fizeram. E alguns foram processados ou presos por isso. A constitucionalidade desse resquício autoritário que remonta à ditadura militar está em discussão no injusto Supremo Tribunal Federal.

Os dicionários definem a palavra Genocídio, como: “Extermínio total, deliberado, de uma comunidade, grupo étnico ou religioso, povo etc…”. Ou ainda, de: “Grande destruição de pessoas”. Entre os muitos massacres, genocídios que mataram muitos milhões de pessoas, o mais famoso e tenebroso deles, e que acabou gerando o julgamento de Nuremberg, foi o chamado Holocausto, o assassinato de quase seis milhões de judeus em campos de concentração espalhados pela Europa. Outro genocídio que reverbera até hoje, foi o do povo armênio, durante a Primeira Guerra Mundial, pelo Império turco otomano, exterminando algo em torno de dois milhões de pessoas. O maior assassino da história da humanidade, o ditador da URSS, Josef Stálin, após a Segunda Guerra, exigiu que os alemães que moravam em territórios soviéticos voltassem para a Alemanha a pé, matando mais de um milhão deles! E temos, nos anos 70, praticamente transmitido pela TV, o genocídio do povo cambojano pelo movimento marxista leninista, Khmer Vermelho, do ditador Pol Pot, em que quase um quarto da população do país foi morta pelo sistema de coletivização forçada imposto pelo regime.

Deu-se em novembro de 1945 a criação o Tribunal de Nuremberg, para julgar a alta cúpula da Alemanha nazista por crimes contra a humanidade durante a Segunda Guerra. Vinte e dois membros do partido nazista foram julgados e condenados. Onze deles à morte por enforcamento e outros por penas diversas. Foi daí que nasceu a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em vigor nos dias de hoje, que tem feito um enorme trabalho em favor dos oprimidos no mundo. Temos também o Tribunal Penal Internacional, em Haia, onde vários genocidas já foram julgados. Sendo o mais famosos deles, Slobodan Milosevic, durante a Guerra dos Bálcãs, nos anos 90. Milosevic acabou morrendo de ataque cardíaco durante o julgamento, em 11 de março de 2006.

315 mil pessoas mortas não convencem Bolsonaro da gravidade da tragédia que enfrentamos, pois ele sabotou e continua sabotando todas as medidas de proteção necessárias à contenção dos efeitos devastadores da doença, que são recomendadas pelos especialistas de todo o mundo. Sua total irresponsabilidade fez com que o número de mortes diárias chegasse a quase um terço do número mundial, durante todo esse mês de março. Um horror, uma catástrofe. Chegando ao ponto de Senado e Câmara criarem um comitê de crise para gestão da pandemia, tal o desastre da condução do presidente. Sem contar que, em dois anos o Brasil teve quatro ministros da saúde.

Assim, acho que passada a pandemia, a possibilidade de que esse governo enfrente um julgamento por crimes contra a humanidade, contra o povo brasileiro, tem uma enorme possibilidade de prosperar. Se eu fosse Bolsonaro tomaria muito cuidado. Digo que “A coisa pode esquentar para ele”, pois entidades de direitos humanos estão trabalhando para que isso ocorra. Não vou chamar Bolsonaro de genocida, porque não quero ir pra cadeia. Mas que está ocorrendo um genocídio no Brasil, isso não se discute.

Portanto, deixo à conclusão com vocês, leitores. E aproveite a semana santa para ficar em casa! Shakespeare recomenda!

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