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Professor M.

Política Pública Figital e Transformação Digital

A transformação digital tem direcionado a política pública para o universo figital de organizações, empresas, cidadãos e sociedade.

Prof. Manfrim

27/03/2021 17h17

Arte: Semob

A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem tornado o ambiente de negócios e a interação entre organizações, empresas, clientes, consumidores e stackeholders mais ágeis, amigáveis e efetivas, melhorando a jornada e a satisfação dos diversos atores.

Concomitantemente, os universos físico e digital foram se aproximando de forma exponencial, de tal maneira que essa convergência gerou o termo phygital, derivado da contração das palavras do inglês PHYsical (ambiente físico) + diGITAL (ambiente digital), aportuguesado para “figital” (físico + digital).

Nesse cenário de grande transformação, o Setor Público tem se movimentado também na direção do figital (phygital), de realizar transformações na gestão pública e na prestação de serviços aos cidadãos, impulsionado pela vontade de servidores e pelos novos hábitos e comportamentos dos cidadãos.

Ainda que a velocidade não seja a mesma do setor privado, o setor público tem se movimentado na direção da modernização de atividades, serviços e interações entre os poderes e esferas, entre seus órgãos e com a sociedade, entre os servidores públicos e com os cidadãos.

Nesse sentido, o setor público vive uma transformação digital, que “[…] significa oferecer um serviço público de qualidade, com menos gasto de tempo e dinheiro por parte do cidadão, para melhorar a vida daqueles que vivem e trabalham no país” (GOV.BR).

Com efeito, a transformação digital no setor público é necessária e primordial, necessitando da participação e engajamento dos gestores e servidores públicos nesse objetivo, bem como da participação dos cidadãos pois, é uma ação de pessoas, com pessoas, para pessoas.

A aceleração da mudança

A variável temporal tem sido determinante nesse ambiente de mudanças, conduzindo a dimensão “velocidade” para o centro das atenções e como um aspecto multifacetado na transformação digital.

Podemos destacar cinco perspectivas do elemento “velocidade”:

1 – Velocidade da Informação.

Atualmente, vivemos a aceleração dos processos e atividades relacionados a dados e informações, tais como coleta, extração, recepção, classificação, separação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, transferência, difusão, comunicação, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, controle, modificação, produção, crítica, avaliação e análise.

O trânsito de dados e informações entre os órgãos públicos, desses com o cidadão, entre os cidadãos, e dos cidadãos com os entes públicos intensificou drasticamente nos últimos tempos, provocando aceleração na transformação digital.

2 – Velocidade da Exigência.

Como consequência da nova velocidade dos dados e informações, a “exigência” dos cidadãos e da sociedade acompanhou essa aceleração, seguindo a tendência temporal exponencial que o setor privado já vinha vivenciando.

As reclamações, reivindicações, solicitações, requisições, contestações, postulações, carências, demandas, pedidos e pleitos, chegam muito mais rápido aos entes e órgãos públicos, exigindo respostas e soluções na mesma velocidade, adicionando novos desafios ao setor público.

3 – Velocidade da Jornada.

Sob o ponto de vista da “informação” e da “exigência” tratados anteriormente, a jornada dos cidadãos e dos gestores e servidores públicos também acelerou, onde o caminho, a trajetória e a dinâmica de interação ficaram mais rápida e múltipla.

A velocidade também trouxe como consequência a multiplicidade e pluralidade de jornadas entre a sociedade e o setor público, repercutindo na diversidade e complexibilidade de interações e conexões.

4 – Velocidade da Integração.

Igualmente, a necessidade de integração entre os poderes e as esferas do setor público também aceleraram. As ditas “caixas” precisaram ser abertas e os “feudos” precisaram derrubar seus muros, tanto na interação entre eles quanto para com a sociedade.

Dessa forma, setor público, setor privado, terceiro setor e sociedade civil necessitam atuar mutuamente, agir conjuntamente, inter-relacionarem-se, interatuar e cocriar soluções que satisfaçam as necessidades dos diversos atores.

5 – Velocidade da Assertividade

Considerando as perspectivas expostas acima, a variável “resultado” é o símbolo do sucesso ou insucesso, e seu reflexo está no quanto o resultado das ações foram assertivas ou não para os atores envolvidos, bem como o tempo de resposta do Setor Público.

Questões como perceptibilidade, agilidade, compreensibilidade, tangibilidade, materialidade, objetividade, transparência e clareza das necessidades dos entes públicos e dos cidadãos são determinantes na assertividade do setor público para com ele mesmo e para com a sociedade.

Política Pública Figital ou Phygital Public Policy

Ainda que não haja consenso, e pela diversidade de conceitos sobre Política Pública, as definições que os autores Heidemann e Salm (2009, p. 29-30) transcreveram em seu livro, podem ser úteis na equalização de um pensamento uniforme:

  • Segundo David Easton (1953, p. 129), política pública significa “a alocação oficial de valores para toda a sociedade”;
  • Para Lasswell e Kaplan (1970, p. 71), política pública abarca “um programa projetado com metas, valores e práticas”;
  • No entender de Jones (1977, p. 4), deve-se considerar a distinção entre as politicas públicas: “propostas de políticas (meios especificados para atingir as metas), os programas (meios autorizados para atingir as metas), as decisões (ações específicas assumidas para implementar as metas) e efeitos (os impactos mensuráveis dos programas)”.

Segundo Heidemann e Salm (2009, p. 30) “[…] a definição de política pública inclui ao mesmo tempo dois elementos-chave, a saber: ação e intenção. Pode até haver uma política sem uma intenção formalmente manifestada, mas não haverá de forma alguma uma política positiva se não houver ações que materializem uma intenção ou propósito oficial eventualmente enunciado”.

Similarmente, Secchi (2010, p. 2) afirma que “[…] uma política pública possuiu dois elementos fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público: em outras palavras, a razão para o estabelecimento de uma política pública é o tratamento ou a resolução de um problema entendido como coletivamente relevante”.

A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) provoca também a transformação digital das políticas públicas, influenciada igualmente pela ‘velocidade’ da (i) informação, (ii) exigência, (iii) jornada, (iv) integração e (v) assertividade, como vimos anteriormente.

Contudo, “A transformação digital não se resume à tecnologia. Ela é, principalmente, uma mudança da cultura institucional que inclui aspectos como agilidade e entregas constantes, percepção da experiência do usuário no uso de serviços e canais de atendimento, entre tantas outras coisas que permitam que a inovação e a tecnologia sejam mescladas para a melhoria das políticas públicas” (MONTEIRO, 2021).

As Políticas Públicas demandam igualmente ações, programas e projetos de inovação que devem permear todo seu ciclo de vida, necessitando de evolução em todas suas etapas:

  • 1. Identificação do problema público;
  • 2. Decisões políticas para a solução;
  • 3. Formulação da política pública;
  • 4. Implementação da política público;
  • 5. Monitoramento da política pública;
  • 6. Avaliação da política pública.

Nesse sentido, trata-se de uma evolução necessária, que consiste na convergência das políticas públicas para o ambiente figital (phygital), para o contexto vivido atualmente pela sociedade, cidadãos e organizações.

Espera-se que a concepção e gênese das políticas públicas seja envolta da visão figital, que desde seu nascedouro considere a união desses dois universos e que todas as seis etapas descritas acima sejam phygital.

Com isso, ao considerarmos a política pública um dos meios de interação e presença do Poder Público na sociedade, nada mais natural do que se relacionar nos universos físico e digital com os cidadãos e organizações.

Apesar das diversas ações, projetos e programas do Poder Público acontecerem no mundo físico, o mundo digital deve ser explorado na interação, operacionalização e comunicação com os usuários e beneficiários da política pública.

Ora, é explorar a possibilidade da presença digital do poder público na jornada e experiência física dos usuários e beneficiários da política pública. Considerar “[…] que os serviços requeridos pelos cidadãos lhes sejam prestados por sensibilidade e por correspondência a seus mais legítimos anseios” (HEIDEMANN; SALM, 2009, p. 31).

Acrescente a esse contexto a perspectiva futura de municípios inteligentes e de internet das coisas, e visualizará os desafios a serem superados e as oportunidades a serem aproveitas pelo Setor Público no relacionamento com os diversos atores da sociedade.

Enfim, é a ótica contemporânea de sinergia entre o setor público, setor privado, terceiro setor e sociedade civil no universo figital (phygital).

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HEIDEMANN, Francisco G. SALM, José Francisco. Políticas públicas e desenvolvimento: bases epistemológicas e modelos de análise. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009.

MONTEIRO, Luis F. Desafios para a transformação digital no setor público brasileiro. Revista do Tribunal de Contas da União, v. 1 nº 145. Brasília: TCU, 2021.

SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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Prof. Manfrim, L. R.

Fanático em Gestão Estratégica (Mestrado). Obcecado em Gestão de Negócios (Especialização). Compulsivo em Administração (Bacharel). Consultor pertinente, Professor apaixonado, Inovador resiliente e Intraempreendedor maker.

Explorador de skills em Gestão de Pessoas, Gestão Educacional, Visão Sistêmica, Holística e Conectiva, Marketing, Inteligência Competitiva, Design de Negócios, Criatividade, Inovação, Empreendedorismo e Futurismo.

Coautor do Livro “Educação Empreendedora no Distrito Federal”. Colaborador no Livro “O futuro é das CHICS: como construir agora as Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis”.

Navegador atual nos mares do Banco do Brasil, Jornal de Brasília e Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes, Humanas e Sustentáveis. Já cruzei os oceanos da Universidade Cruzeiro do Sul, Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Cia Paulista de Força e Luz (CPFL), IMESB-SP, Nossa Caixa Nosso Banco, Microlins SP, Sebrae DF e Governo do Distrito Federal.

Contato para palestras, conferências, eventos, mentorias, hackathons e pitchs: [email protected].

? Linkedin – Prof. Manfrim

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