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Professor M.

De volta ao futuro passado

Muitas organizações usam o DeLorean do Dr Brown, do filme De Volta Para O Futuro, para retornar ao passado e negligenciam as viagens ao futuro.

Prof. Manfrim

24/03/2019 22h40

Atualizada 18/09/2019 22h27

O filme De Volta Para O Futuro também teve suas idas e vindas, viagens temporais entre os estúdios de cinema americanos, trocas de nome e título, reviravoltas no roteiro e nos elementos do filme, que durou cinco anos até sua estreia nas telonas dos cinemas.

Uma verdadeira viagem no tempo, compondo uma história de persistência, flexibilidade, parcerias e cocriação entre os envolvidos no projeto. Um exemplo de aprendizado na viagem do tempo de inovações e empreendedorismos.

Qualquer semelhança com projetos, programas, ações e empreendimentos nas organizações não é mera coincidência. A diferença consiste em como conduzir e utilizar o DeLorean e em como absorver o aprendizado das viagens no tempo.

Em conversas com alunos, professores e profissionais colegas de mercado, percebi que as viagens no tempo nas organizações acabam sendo mais utilizadas para voltar ao passado do que para idealizar o futuro.

É frequente a interrupção de projetos, programas e ações inovadoras e promissoras nas organizações, por decisões equivocadas ou por alienação e miopia de gestores. O que existe em comum? Consumiram recursos valiosos!

Viagem organizacional temporal

Vamos nos concentrar nas iniciativas inovadoras, de profissionais que utilizam o DeLorean para obter uma visão de futuro promissora e sustentável, que criam novos modelos de negócio e relação com os clientes.

Reclamamos com frequência que os políticos, quando eleitos, não gostam de continuar os projetos e programas do antecessor e querem consolidar sua marca e suas próprias realizações durante seu mandato. Na iniciativa privada não é diferente!

Quantas iniciativas inovadoras sofrem reveses por motivos como descontinuidade incoerente, afastamento dos idealizadores, trocas discutíveis de equipe e de integrantes, disputas internas de poder, vaidade profissional e miopia sobre a inovação.

São tantos retrabalhos, duplicidade de trabalhos e acréscimo de recursos que assustam. Com frequência assistimos a repaginações, nova rotulagem, nova embalagem e volta ao passado de ações que já haviam sido realizadas antes.

Gestores retornam a um ponto no passado que já havia sido transposto antes. Reiniciam ações como se fosse um novo começo, ignorando todo o aprendizado e os profissionais que se dedicaram ao tema antes.

Descontinuidade dos projetos e ações

Certas descontinuidade parecem ser uma amnésia proposital, um esquecimento intencional do que foi realizado anteriormente e das pessoas envolvidas, com intenções propositais ou involuntárias questionáveis.

É aceitável as mudanças de direcionamento em prol de melhorias e evolução para um melhor resultado futuro, como exemplo ‘pivotar’. Contudo, é incompreensível o abandono ao que já foi aprendido e investido em inovações promissoras e prósperas.

Imagino dois motivadores para que os gestores tomem essa decisão: desinformação sobre o projeto, programa e ações e (ou) miopia sobre a inovação e os resultados futuros.

Afastamento dos idealizadores

Inovadores e empreendedores continuamente navegam de projeto em projeto com naturalidade e sem remorso. Muitos possuem o espírito de criação e concepção de ideias mas não lidam bem com o dia a dia delas após a implantação.

Com frequência ocorre nas organizações o distanciamento do idealizador da inovação do processo de implantação, por motivos controversos e incompreensíveis para os inovadores, prejudicando e (ou) comprometendo o resultado final.

Em organizações com forte presença da cultura de hierarquização, inovadores podem ser considerados uma ameaça à autoridade formal a partir do momento que se destacam como líderes informais, referência de conhecimento e atitudes e formadores de opinião.

Individualismo x coletivismo

A cultura de reconhecimento profissional individual ainda reina na maioria das organizações (resultado individualista), contrapondo aos esforços para engajar as pessoas em trabalhos coletivos, coparticipativos e cocriativos (resultado em grupo).

Ainda precisamos criar um sistema sólido de reconhecimento financeiro e (ou) ascensão profissional pautado em conhecimentos, habilidade e atitudes colaborativas e em competências contributivas aos resultados em coletividade.

Não cabe mais apenas reconhecer a realização individual (individualismo). Precisamos valorizar os inovadores pelo esforço em trabalhar colaborativamente, em democratizar suas experiências no grupo e pela capacidade de potencializar resultados em equipe.

Vaidade profissional

Quando falamos de resultados positivos das inovações, com consequente reconhecimento dos inovadores, falamos da atração fatal de um sentimento humano, a vaidade, que provoca resultados devastadores nas organizações.

Como descrito em um dos dicionários da língua portuguesa, vaidade é a qualidade do que é vão, inútil; fútil. E quais os reflexos da vaidade nas organizações? A resposta é fácil: desperdício de recursos (materiais, tecnológicos, financeiros e humanos), retrabalhos e reinícios desnecessários.

Frequentemente projetos, programas e ações são interrompidas nas organizações pela vaidade profissional, pelo sentimento humano de autovalorização, pela busca da autoafirmação na organização e pela disputa irracional de poder.

Preparando os pilotos

Pilotar o DeLorean do Dr Brown, do filme De Volta Para O Futuro, nas organizações não é tarefa fácil, requer pilotos do tempo que saibam dirigir nas estradas conhecidas do passado e em caminhos ainda inexplorados do futuro.

São caminhos do passado e do futuro que se entrelaçam, que podem confundir e tirar da rota um piloto inexperiente ou, servir de álibi a um piloto com intenções prejudiciais à organização.

Na trilogia do filme, os personagens Dr Marty McFly (ator Michael J. Fox) e Dr. Emmett Brown (ator Christopher Lloyd), passam por diversas situações onde passado e futuro se misturam e coloca em risco suas próprias existências.

Precisamos nos concentrar em otimizar os recursos organizacionais na eficácia do presente e na eficiência do futuro, e em eliminar situações letais à organização.

Como eu sempre digo: muitos usam o DeLoream para voltar ao passado ao invés de ir ao futuro. Que desperdício!

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Prof. Manfrim, L. R.

Compulsivo em Administração (Bacharel). Obcecado em Gestão de Negócios (Especialização). Fanático em Gestão Estratégica (Mestrado). Consultor pertinente, Professor apaixonado, Inovador resiliente e Empreendedor maker.

Explorador de skills em Gestão de Projetos, Pessoas e Educacional, Marketing, Visão Sistêmica, Holística e Conectiva, Inteligência Competitiva, Design de Negócios, Criatividade, Inovação e Empreendedorismo.

Navegador atual nos mares do Banco do Brasil, UDF/Cruzeiro do Sul e Jornal de Brasília. Já cruzou os oceanos do IMESB-SP, Nossa Caixa Nosso Banco (NCNB) e Cia Paulista de Força e Luz (CPFL).

Freelance em atividades com a Microlins SP, Sebrae DF e GDF – Governo do Distrito Federal.

Contato para palestras, conferências, eventos, mentorias e avaliação de pitchs: [email protected].

Linkedin – Prof. Manfrim

Currículo Lattes – Prof. Manfrim

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