Faltando menos de uma semana para a decisão final dos eleitores, as pesquisas seguem apontando o ex-presidente Lula como favorito para sair com a vitória. Contudo, independente do resultado que será proclamado na noite do dia 30, uma certeza pode ser dita: a democracia seguirá ameaçada por um país dividido em segmentos antagônicos.
Esse movimento teve início em 2014, com a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O então candidato derrotado, Aécio Neves, não aceitou o resultado das urnas, se disse injustiçado e colocou dúvidas sobre o sistema eleitoral. Assim começou a escalada antidemocrática que desembocou no cenário que vivemos hoje. As forças políticas que cercavam Aécio partiram para uma guerra pós-eleitoral. Só o poder interessava, mesmo que para isso fosse preciso romper com o sistema democrático e a convivência entre outros agrupamentos sociais.
Os anos passaram e esse racha entre segmentos da sociedade foi se fortalecendo e explodindo pontes existentes de diálogo. As bolhas nas redes sociais se tornaram protagonistas nesse abismo social, onde cada grupo se fechava e tomava distância dos divergentes.
A existência de um sistema democrático depende da convivência entre os que não pensam da mesma forma. Se um lado pretende fuzilar e exterminar o outro, a democracia corre risco.
Nessa reta final, os lados estão cada vez mais distantes, e qualquer tentativa de contato vira uma potencial agressão. Se de um lado Lula pode contar massivamente com os votos das mulheres, mais pobres (pessoas que ganham até dois salários mínimos), jovens, nordestinos e católicos, Bolsonaro garante sua competitividade com votos dos homens, mais ricos (quem ganha acima de cinco salários mínimos), pessoas em meia-idade, sulistas e evangélicos.
Infelizmente, para o sistema democrático, a eleição se transformou em uma guerra entre setores da sociedade. Nesse momento, o debate de ideias e projetos não importam, os candidatos só buscam se fortalecer entre suas bolhas e somar qualquer voto dos poucos indecisos que restam. No dia 30, teremos uma decisão soberana do povo. Vamos ver como os segmentos derrotados irão reagir.