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Moda

Jean Paul Gaultier se despede das passarelas

O estilista, de 67 anos, anunciou seu último desfile de surpresa na última sexta-feira em um vídeo enviado para a imprensa

Redação Jornal de Brasília

22/01/2020 20h15

Atualizada 10/02/2020 13h07

Depois de meio século marcado por uma criatividade extravagante e um espírito transgressor no mundo da moda, o estilista francês Jean Paul Gaultier faz nessa quarta-feira, 22, em Paris, seu último desfile de alta costura, mas não se parece completamente.

O estilista, de 67 anos, anunciou seu último desfile de surpresa na última sexta-feira em um vídeo enviado para a imprensa.

“Você vai dizer em primeira mão, será meu último desfile, você tem que vir, não pode perder isso”, diz Gaultier como se telefonasse supostamente a um amigo.

“Será uma grande festa, com muitos amigos e vamos nos divertir muito. Acabará muito tarde”, diz forma divertida.

O desfile, no teatro musical de Châtelet, acontece durante a Semana de Moda de Alta Costura, em um clube escolhido pelo Gaultier desde 2001, junto a outras 15 marcas, como Dior e Chanel.

Mas esse não será o ponto final. Sua marca, vendida pelo grupo espanhol Puig em 2011, “continuará”, “com um novo projeto” será qualificado como “instigador” e será revelado “em breve”, disse, enigmático.

– “Inconformista” – Subversivo e livre, Gaultier é um dos estilistas mais importantes de todos os tempos, e desafiou a tradição da beleza tradicional incluindo todas as instruções sexuais em seus desfiles, muito antes dos demais. Também foi precursor na fusão de gêneros ao passarela.

Nos anos 1980, revolucionou a moda com suas criações geniais, como o corpete usado por Madonna, uma saia masculina e camiseta listrada de marinheiro, uma reinterpretação em homenagem à sua avó, que ou “vestia de azul”.

Cercado de músicas como atriz espanhola Rossy de Palma, Gaultier fez seus desfiles em um mundo todo: longe do formato tradicional de passarela, montados espetáculos verdadeiros que mostram excentricidade e ousadia, mais próximos de um cabaré.

“Estilista inconformista busca modelos atípicos. Os rostos disformes são aceitos”, disse um anúncio publicitário nos jornais nos anos 1980.

Convide para passar homens mais velhos, mulheres com sobrepeso e em 2014 Coloquei sua passarela na drag queen Conchita Wurst.

Criou também figurinos para filmes como Má Educação e Kika , de Pedro Almodóvar, O Quinto Elemento de Luc Besson , e colaborou com seus desenhos coloridos no carnaval do Rio e no Dia dos Mortos do México.

Muitos ou consideram referência histórica, como o espanhol estilizado Alejandro Gómez Palomo, cuja marca Palomo Espanha desfila com sucesso em Paris há dois anos.

– Todos belos! – “Jean Paul Gaultier tinha 17 anos quando começou a trabalhar comigo, acreditava nele e continuava acreditando nele. É o único a quem apoiar”, lembrou recentemente seu mentor Pierre Cardin em uma entrevista à AFP.

Em 2018, gravou “todo mundo é belo” em seu espetáculo autobiográfico Fashion Freak Show em Paris. Seu sucesso deu asas para voar além das semanas de moda, segundo especialistas.

“Há muitos que ouvimos falar de Gaultier, que tomamos uma decisão, ou chegamos a um momento. O espetáculo dá perspectivas de futuro”, segundo ou histórico de moda Olivier Saillard.

“Era muito bonito ver o público rir, chorar, sentir-se em comunhão com ele. É mais alegre que um modelo de moda que dura 11 minutos, com pessoas fazendo fotos com seus smartphones e apenas aplaudindo”, acrescenta em entrevista à AFP.

Para esse especialista, Gaultier continua “construindo aparências, mas de outra maneira” 

Estadão Conteúdo. 

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