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Moda

C&A aposta em coleções menores para evitar o envelhecimento do estoque

Um projeto que já fazia parte das estratégias da rede desde 2018 agora ganhou mais importância

Redação Jornal de Brasília

11/08/2020 10h58

Para as varejistas de moda, a crise provocada pela pandemia de covid-19 tem sido mais desafiadora do que para setores que já estavam mais desenvolvidos no e-commerce. Com estoques que envelhecem com o passar das estações, as redes tiveram de apostar em promoções para fazer a roda girar. Nesse sentido, a C&A diz que deve dobrar o número de lançamentos em 2020. Antes, a média era de 10 coleções no ano. O plano é migrar de vez para coleções mais curtas e focadas nas tendências de consumo dos clientes.

“Antes essas coleções mais curtas eram inspiradas nas ruas. Agora, a inspiração vem da casa”, diz Paulo Correa, CEO da varejista, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

Um projeto que já fazia parte das estratégias da rede desde 2018 agora ganhou mais importância. A companhia passou a lançar coleções quinzenais, com menos peças, as chamadas cápsulas. As tendências de consumo são capturadas por uma startup parceira que junta dados de tráfego na internet e pelo “conselho fashion” da rede. Formado por clientes e ex-clientes, esse grupo mantém uma conversa constante com a área de criação, dizendo o que tem vestido, sentido vontade de vestir e o que tem servido de inspiração. Durante a pandemia – já era de se esperar – a busca por conforto cresceu.

“Quando percebemos essas tendências, falamos com os fornecedores. Perguntamos quais tecidos eles têm. Às vezes são sobras de materiais. É um processo mais sustentável e que gera peças mais exclusivas”, explica Correa. A rede conseguiu, nesse modelo, reduzir o ciclo de produção das coleções para 30 dias. Normalmente, esse processo durava cerca de 3 meses.

Ele garante que os números do próximo balanço devem mostrar avanço nas vendas online da companhia. “No online, temos certeza de que ganhamos mercado. E a escala da pandemia levou a operação do e-commerce para outro patamar. Hoje ele é rentável. Já o marketplace é a nossa startup”, diz.

 

Mais parceiros

A empresa ampliou as lojas parceiras em seu ambiente digital, com o intuito de ampliar o sortimento de produtos em áreas que não são a especialidade da companhia. “Turbinamos nosso marketplace com parceiros que complementam nossa estratégia. A moda é expressão, expandimos o conceito para o lar”, diz.

A C&A resolveu avançar nessa área criando uma espécie de galeria digital. “Essa galeria pode evoluir para o físico futuramente. A princípio, podemos trabalhar com a ideia de corredor infinito. O cliente está na loja, vê uma peça e quer buscar outro tamanho ou cor. Ele pode encontrar isso no aplicativo. Podemos expandir esse conceito para produtos de parceiros relacionados àquela peça”, explica Correa.

Hoje, o marketplace já inclui lojas de cama, mesa e banho, linhas de produtos para animais de estimação e até mesmo marcas de roupas que complementam a proposta da C&A. “A marca de calças Sawary é um exemplo disso”, diz o CEO.

 

Mais barato

“As varejistas de produtos essenciais tiveram uma demanda maior no período de pandemia. Logo, um tendência menor de promoções. No nosso caso (varejo de moda), não foi assim. Os estoques estavam parados. Isso gerou, na maioria dos varejistas do setor, um apetite promocional muito maior. Em abril, ainda recebemos coleções de inverno. Costumamos vender o inverno de março a agosto. Este ano, essa venda começou em junho no comércio físico. Isso aumenta o apetite por promoções”, conta Corrêa.

Ele diz que, mesmo nesse contexto, a C&A conseguiu investir em novas coleções para o inverno, buscando capturar as tendências do “ficar em casa”. Para o verão, a rede se reinventou e deve vir mais exclusiva e veloz. “A busca por conforto aumentou e as linhas voltadas para o trabalho perderam relevância”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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