Você entra na sala esperando uma superprodução sobre a Fórmula 1. Sai com um manifesto visual sobre tempo, propósito — e tudo aquilo que nos torna insubstituíveis. Inclusive o valor de collabs com alma, não apenas com orçamento.
O novo filme produzido pela Apple, com Lewis Hamilton, Brad Pitt, Jerry Bruckheimer, Joseph Kosinski e Hans Zimmer, é tudo isso. E mais um pouco. Uma obra que colide gerações, marcas, mitos e música em uma orquestra de potência, suor e presença.
Quando marcas e narrativas colidem na largada
Após o sucesso de Top Gun: Maverick, o diretor Joseph Kosinski decidiu acelerar em outro terreno de alta adrenalina: o automobilismo. Para garantir autenticidade, chamou quem vive e respira F1: Lewis Hamilton.
Junto com Jerry Bruckheimer, deram ignição à ideia: direção de Kosinski, roteiro de Ehren Kruger, protagonismo de Brad Pitt. Assim nasceu o filme mais esperado do ano, anunciado em dezembro de 2021.

A autenticidade como motor do branding colaborativo
Esse não é apenas um filme. É uma obra-prima de branding colaborativo em alta performance. Cada protagonista carrega um universo próprio, resultando em uma experiência imersiva e verdadeira.
Hamilton, cuja marca pessoal transcende o esporte, trouxe autoridade técnica e paixão visceral para cada detalhe do filme ressoar com a verdade das pistas. Kosinski trouxe sua precisão narrativa. Bruckheimer, sua expertise em franquias globais. Zimmer, uma trilha sonora que pulsa.
As pistas são reais. E a autenticidade também.
Hamilton prometeu o filme mais autêntico sobre F1 e entregou. Como produtor executivo, participou de tudo: revisou o roteiro, opinou sobre elenco, treinos, sons. Testou Brad Pitt na pista. Garantiu que todas as cenas fossem reais, com carros inspirados na Fórmula 2, preparados pela Mercedes-AMG.
Com apoio da FIA e da Mercedes, inseriu a fictícia APXGP como a 11ª escuderia nas temporadas de 2023 e 2024, filmando nos intervalos da programação oficial. Resultado: bastidores reais, reações do público e cenas autênticas, incluindo recortes hilários de Pitt nos bastidores.
A engrenagem que faz o branding acontecer
Projetos assim exigem sinergia e propósito. A Apple foi mais que financiadora: impulsionou o filme em nível estratégico, técnico e de marketing. Em junho de 2022, adquiriu os direitos por US$130–140 milhões, vencendo gigantes como Netflix e Amazon.

Produzido pela Apple Studios, em parceria com Plan B, Dawn Apollo e Warner Bros., o filme contou com câmeras customizadas, marketing disruptivo, trailers em eventos como o Super Bowl LIX e clipes interativos. As marcas reais (Expensify, Geico, EA Sports, IWC, Tommy Hilfiger etc.) foram integradas de forma orgânica ao universo da APXGP.
Pitt e Hamilton: quando propósito vira combustível
Pitt, com a Plan B, ajudou a financiar e protagonizou. Hamilton, com a Dawn Apollo Films, assinou cada decisão criativa e técnica. Eles não venderam nomes. Lideraram uma missão. O resultado é um case de branding colaborativo onde verdade e presença são combustível.
A grande sacada: contar essa história do jeito certo
Essa convergência criou algo raro: uma história que ressignifica a F1. Pitt, aos 60+, interpreta Sonny Hayes, ex-piloto que retorna com estratégia e sabedoria. Um manifesto contra o etarismo.
Punk rock nas pistas e nas marcas
Em cena simbólica, um investidor afirma: “Ele é punk rock para a marca”. A atitude ousada de Sonny reflete na estética do filme, inspirada na cultura punk. Pitt traz energia diferente. Corre com cicatrizes, sabedoria e silêncio. Corre porque ainda tem o que entregar. Isso é potência.
A mensagem ecoa para a geração 40+: quem quer usar o tempo como vantagem. A narrativa vai além dos fãs de esporte ou ação. É para quem sabe pilotar com o que a vida ensinou.

A tecnologia que não substitui o talento
O filme reforça: tecnologia potencializa, não substitui. IA, dados, câmeras hiperprecisas estão lá. Mas quem guia é a sensibilidade humana. Sonny integra o novo: silencia antes da largada, sente o carro no osso. Alta performance é escuta.
Nostalgia como linguagem — não como muleta
Entre marchas e riffs, pulsa a memória. Quando Sonny evoca Ayrton Senna, somos tragados por domingos de corrida nos anos 80/90. Led Zeppelin e Queen tocam não para emocionar, mas para lembrar quem fomos.
Visual vintage, IMAX, textura real. Nada de CGI excessivo. Emoção no suor e no ruído. Nostalgia que impulsiona e reconecta. Branding atemporal é ouro.
A nova era das collabs no cinema
F1 é um laboratório de branding cultural. Não é propaganda embutida. É um ecossistema simbólico, emocional, estético. Cada marca tem papel: SharkNinja lança produtos, Tommy Hilfiger cria coleção, Heineken traz responsabilidade social. Zimmer entrega uma trilha curada com nomes como Ed Sheeran, Rosé, Tiësto — e em vinil.
Esse é o novo branding: cria universos, não campanhas. Relevância, não apenas awareness. Collab com alma vira movimento.
O maior acerto do filme está no que ele não diz, mas pulsa: você pode ter o carro mais caro, a melhor tecnologia, a equipe mais bem paga. Mas, sem propósito, tudo vira barulho vazio. O que move o protagonista não é o troféu. É o amor por pilotar.
E o que move esse filme é entregar um recado: Você pode desacelerar. Voltar. Fazer do tempo um aliado — não um inimigo.
Essa produção é mais que uma collab entre marcas. É um ponto de virada na forma como construímos narrativas, legado, tempo e relevância.
É o cinema voltando a ser manifesto. É a cultura pop fazendo branding com alma. É a F1 começando uma nova era.
Um agradecimento com o motor ligado
Este artigo é dedicado ao meu pai, que me fez amar os domingos de F1 nos anos 80 e 90, trouxe o punk rock com seus discos de vinil, assinou por anos a revista SET e sempre jogou combustível na minha criatividade.
Obrigada também ao Jornal de Brasília pela collab potente com os colunistas Tamires Rodrigues, do Cinema com Ela, e João Luiz da Fonseca, do Alta Velocidade, por essa experiência cinematográfica em primeira mão. Essa também foi uma volta perfeita.