Menu
Coluna Marcelo Chaves
Coluna Marcelo Chaves

Jornalismo sério continua sendo essencial

Deputado federal e apresentador Fred Linhares fala da importância da comunicação na política e de seu trabalho na televisão e no Congresso Nacional

Marcelo Chaves

14/10/2025 11h14

Fotos: Douglas Gomes / Lid Republicanos

Nascido e criado em Brasília, Fred Linhares, 45 anos, carrega no sangue a paixão pela comunicação. Filho do saudoso radialista Silvio Linhares, ele cresceu nos corredores das rádios e emissoras de TV, onde aprendeu a dar voz à comunidade. Como radialista e apresentador, ficou conhecido por sua atuação firme na cobertura de temas policiais. Essa proximidade com as ruas e com as histórias das pessoas o levou à política. Em 2022, foi eleito deputado federal pelo Republicanos, recebendo um dos maiores apoios populares do Distrito Federal.

Seu pai, o jornalista e ex-deputado distrital Sílvio Linhares, teve papel decisivo na sua formação. O que mais marcou essa convivência entre o jornalismo e a política? Há alguma lição dele que o senhor leva para a Câmara?

Meu pai me ensinou duas coisas que levo para a vida: o respeito pelas pessoas e a coragem para falar a verdade. Cresci vendo-o no rádio, ouvindo o povo, e entendi cedo que comunicar é servir.

O senhor é apresentador da Record Brasília e, ao mesmo tempo, deputado federal. Como conciliar essas duas funções, que exigem posturas éticas distintas? Já se viu diante de um dilema entre a isenção jornalística e a atuação política?

Meu tempo na TV é fora do horário da Câmara. Cumpro todas as sessões, comissões e votações, e tenho um dos mandatos mais ativos da bancada do DF. A TV é só uma forma de continuar perto das pessoas, ouvindo quem está nas ruas e levando informação com responsabilidade, transparência e verdade. Até o momento, não precisei escolher entre um e outro porque, no fundo, os dois acabam tendo o mesmo propósito: servir à população.

A visibilidade conquistada na TV ampliou sua presença no debate público. O senhor acredita que a comunicação é hoje o principal instrumento de influência política? E de que forma o jornalismo pode contribuir ou atrapalhar um mandato parlamentar?

Hoje, quem não sabe se comunicar não governa. A política precisa sair dos gabinetes e voltar para a rua, e a comunicação é a ponte para isso. Acredito que o jornalismo, quando é sério, não atrapalha o mandato; ele ajuda a fiscalizar e melhora a política.

Quais são suas três principais metas para Brasília até o fim do mandato? E que resultados concretos a população do DF poderá ver dessas iniciativas?

Primeiro, gerar oportunidades para os jovens, com educação tecnológica e qualificação. Segundo, fortalecer a segurança pública, valorizando quem protege nossas famílias. Terceiro, e não menos importante, investir na saúde e na transparência, para que o cidadão saiba onde está cada real investido. E isso já está acontecendo: aprovamos leis, destinamos emendas e levamos o nosso “Gabinete de Rua” para ouvir de perto quem mais precisa ser ouvido, o povo.

O senhor defende a inclusão de disciplinas como programação de informática, robótica e educação financeira nas escolas públicas. Como viabilizar esse projeto diante das limitações orçamentárias? Há parcerias com o MEC ou com o setor privado?

No ano passado, apresentei o Projeto de Lei 345/2024, que propõe a modernização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O texto inclui programação de informática, robótica, educação financeira e primeiros socorros no currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano. Tenho trabalhado para que a proposta avance nas comissões da Câmara, em diálogo com o Ministério da Educação, redes de ensino e o setor privado. O objetivo é muito simples: alinhar a formação dos nossos estudantes às demandas do mercado de trabalho e, claro, às competências do século XXI.

Brasília ainda enfrenta altos índices de criminalidade. O que o senhor, que começou a carreira cobrindo pautas policiais, considera prioridade para reduzir a violência urbana?

Segurança se faz com valorização e estrutura. Fui um dos primeiros a lutar pela manutenção do Fundo Constitucional do DF, que garante o salário e o funcionamento das nossas forças de segurança. Hoje, na Câmara, sigo defendendo melhores condições de trabalho e respeito a quem protege nossas famílias. Porque acredito que valorizar a tropa é o primeiro passo para reduzir a violência.

O senhor apresentou projeto para punir quem cria desafios perigosos nas redes sociais. Como equilibrar liberdade de expressão, educação digital e responsabilização das plataformas?

Essa proposta nasceu depois do caso da menina de 8 anos aqui do DF que perdeu a vida ao inalar desodorante por causa de um desses desafios. Aquilo me marcou profundamente como pai e como parlamentar. A internet é um espaço de liberdade, sim, mas também de responsabilidade. O objetivo não é censurar, e sim proteger nossas crianças. Por isso, defendo que a educação digital caminhe junto com a punição de quem coloca vidas em risco.

Como o senhor pretende manter a transparência e o diálogo com o eleitor de Brasília? Há planos para ampliar a prestação de contas, participação popular e acesso aos dados do mandato?

Transparência para mim é estar nas ruas. Meu gabinete não é só em Brasília, é em cada cidade do DF. A gente criou o Gabinete de Rua para ouvir a população de perto e prestar contas do mandato de perto. Acredito muito que a política precisa voltar a olhar no olho das pessoas, e não só em época eleitoral.

Como jornalista, o senhor observa diariamente o comportamento da sociedade. O que Brasília ainda precisa aprender sobre si mesma para ser uma capital mais justa, moderna e humana?

Brasília precisa lembrar das suas origens. A capital nasceu de um sonho coletivo, e às vezes a gente se esquece disso. Ser uma cidade mais justa é entender que ninguém fica para trás. Quando o poder volta a ouvir o povo, Brasília se reencontra com a sua própria essência.

A imprensa de Brasília tem papel decisivo na formação da opinião pública e na mediação entre o poder e a sociedade. Como o senhor enxerga o futuro do jornalismo político na capital e o impacto das redes sociais nesse processo?

O jornalismo sério continua sendo essencial. As redes sociais mudaram o formato, mas não o propósito, que é informar com responsabilidade, e isso vocês têm feito com excelência. O que muda é que agora todo cidadão também é um comunicador. O desafio é transformar essa nova era da informação em uma era de mais consciência e menos manipulação.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado