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Tratemos do gênero feminino

Arquivo Geral

11/07/2017 8h00

Atualizada 12/07/2017 17h55

Como deu confusão essa história de “presidenta” aqui no nosso país, né? Claro que envolvia muitos outros aspectos além do estudo de gramática e morfologia. A situação era muito sociológica e também mostrava que a linguagem faz parte do contexto social. Mas, sinceramente, considero isso passado.

Em todo caso…
Só pra não ficar pendente e parecer que estou em cima do muro. Devo informar (aí já suplanta a minha opinião) que presidenta é lexema (aqueles itens de dicionário, sabe?) já reconhecido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), incluído no Volp. O que também mostra a liberdade de mudança de uma língua.

É fato que ela serviu para demonstrar um orgulho das pessoas do sexo feminino por alçarem tal poder e marcar sua posição. A palavra é legítima, registrada oficialmente e “a presidente” ainda vale, mas não há argumentos consistentes para descaracterizar o uso de “presidenta”. Aliás, os acadêmicos da ABL não a incluiriam no Volp se eles existissem.

Vejamos um caso existente
Um caso que ocorreu e que ainda estamos no meio do processo é “bispa”. Todo mundo sabe que é o feminino de bispo, lógico. E a palavra “lógico” entra aqui porque a lógica está num processo natural. A desinência “-a” é a marcadora de gênero feminino. Sendo assim, mais facilmente e naturalmente, é colocar esse “a” no fim de um substantivo para marcá-lo como feminino, não é? Pronto, fim do difícil “episcopisa” que tanta gente defendia e “ensinava” quando alguém falava “bispa”.

Faço isso com diácona também. Esse nem o Volp ainda reconhece. Mas o que você acha do processo que houve com episcopisa? Ocorrerá com “diaconisa” também?

Vejamos um caso hipotético
Depois disso tudo, e vamos perceber ainda mais que o processo de construção de palavras no feminino envolve mais do que incluir uma desinência, o que você acha que pode acontecer se a Igreja Católica Romana decidir ordenar mulheres ao ministério como padres? Vamos pensar racionalmente e logicamente, por enquanto, levando em conta o latim. Padre é pai, mulheres seriam mães, portanto: madre, claro!

Mas já existem madres, e elas não exercem as funções de padres. Uma mulher exercendo as funções de padre (um padre no feminino) poderia ganhar a desinência do feminino, transformando a função para mulheres. Sendo assim, seriam “padras”. O que você acha? Ficaria claro?

Sem dúvida a Santa Sé que decidiria isso, mas o tema nos faz pensar que não é tão fácil decidir somente logicamente a respeito de temas em que pesam tantas outras nuanças. Ô coisa linda a linguagem. Ninguém segura ela não!

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