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Regionalismos que aprendi aqui

Arquivo Geral

27/02/2018 7h30

Atualizada 26/02/2018 17h46

A gente chama de regionalismo alguma expressão ou palavra que tenha significado ou uso dentro ou advindo de um território específico. Essas que vou partilhar aqui só ouvi depois que vim morar em Brasília.

O verbo “curiar”

Eu tinha começado uma aula na Faculdade de Ceilândia, quando uma aluna parou na porta e ficou olhando. Assim que ela percebeu que eu a notei ali, prestando atenção, falou pra mim: “Professor, posso ‘curiar’ sua aula?”. Na mesma hora, perguntei o que era “curiar”. A turma estranhou minha pergunta e me explicou o sentido.

Vocês todos devem saber que é “observar, assistir, presenciar”. Não tem no dicionário nem no Volp. Mas o Dicionário Informal (online) mostra o uso e o relaciona o termo e o uso com a cidade de Natal (RN). Além disso, inclui como sinônimo o verbo “voyerar”, imagine. Pra mim, vem de exercer curiosidade: curiar. Pode ser?

Eu moro “no Goiás”

Essa expressão eu ouvi por aqui e estranhei muito a inclusão do artigo antes do estado de Goiás. De antemão, é bom informar que qualquer construção com Goiás não abarca o uso de artigo. Isso quer dizer que “no Goiás” deveria ser “em Goiás”; “do Goiás”, melhor “de Goiás”, etc.

Mas como eu sei que não se usa artigo diante de alguma localidade? A dica é buscar no dicionário como se chama quem nasce no lugar. Nesse caso, procuremos “goiano”. Lá, você encontra “relativo ao estado de Goiás”. Viu esse “de”? Significa que não há artigo diante do nome do estado, tá bom? Então, eu vou “pro Goiás” é um regionalismo inapropriado que há por aqui.

O famoso “tomar de conta”

Aqui eu também encontrei essa expressão que não se usa pouco. É mais ou menos assim: “Fulano chegou aqui na festa e ‘tomou de conta’”. Essa nem no Dicionário Informal eu achei. Significa a mesma coisa que “tomar conta”, que é cuidar ou invadir.

A dica para encontrar isso no dicionário (porque a expressão não tem como item) é teclar “tomar” ou “conta”. No fim do item, você encontra as expressões. Lá tem “tomar conta de”. Mostrando sua ocorrência correta. Aliás, não consigo explicar a inclusão dessa preposição no meio de tomar conta. Não tenho uma hipótese para isso ainda. Carece de melhor olhada.

Isso me lembrou um programa policial de tevê em que se falava sempre que um carro roubado foi “tomado de assalto”. A expressão “tomar de assalto” não significa levar algo de outrem, mas é um termo militar que quer dizer “invadir algo de surpresa”. Mais uma confusão, não é?

Gente de fora de Brasília e de Goiás também vão estranhar essas novidades.

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