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Pleonasmo ou redundância?

Arquivo Geral

27/03/2018 8h00

Atualizada 26/03/2018 16h20

É claro que repetir, repetir, repetir e repetir alguma palavra acaba não somente enchendo o saco de quem está lendo ou ouvindo, mas também pode deixar o interlocutor sem entender muito bem o que está sendo afirmado ou mesmo enfraquecer a ideia. Quando repetir pode ou não pode? Quando redundância e pleonasmo são sinônimos e quando não?

A repetição de ideias

Evidentemente, há um tantão de gente de plantão pronta para apontar alguma repetição de palavra ou de ideias quando te ouve ou lê. Os exemplos emblemáticos para essas repetições são os famosos (quem nunca ouviu isto?): “subir pra cima” e “descer pra baixo”.

Alguns vão acusar: “Isso é redundância”. Outros vão gritar: “Conserta esse pleonasmo”. Mas ainda que se possa admitir que são sinônimos sob alguns aspectos, redundância e pleonasmo, é bom saber, nem sempre têm o mesmo significado. Pleonasmo não é somente um nome menos conhecido para a redundância.

A redundância nua e crua

Já vimos os exemplos clássicos de redundância acima. Mas você se contenta em classificar sempre essas expressões como essa repetição de ideias pura e simplesmente sem nem ao menos ficar com a pulga atrás da orelha? Temos o exemplo de alguém que estava no corredor de um prédio e uma pessoa pergunta por ele. A resposta é: “Ele desceu pra baixo pela escada”.

Caso clássico de repetição sem pestanejar. Ainda mais porque não houve mais especificação sobre o “para baixo de quê”. A história poderia mudar se alguém dissesse que seu João pegou a escada e subiu pra cima do telhado. Não é somente um “subiu pra cima”, quem sobe já sobe pra cima. Mas teve uma separação. João subiu (pra) (cima do telhado). A regência do verbo subir aí pode ser em, a ou para.

Agora o pleonasmo

Como já foi dito, há casos em que se pode considerar pleonasmo como um sinônimo de redundância. Sobre isso, não há mais necessidade de explicar. Todavia, é bom lembrar que há o pleonasmo necessário. Eu mesmo nem considero o exemplo acima (pra cima do telhado) como redundância ou pleonasmo. Até parece que é, mas, na separação dos termos, fica evidente que não o é.

Pleonasmo, então, é, tecnicamente, uma figura de linguagem. É tratado na linguística e na literatura como uma forma legítima de comunicar no sentido de reforçar uma ideia, a despeito da repetição de alguns termos. Nesse caso, então, não há desperdício ou excesso de sentidos, o que causaria incompreensão. Ao contrário, o pleonasmo serve para dar força ao que está sendo expresso, ou mesmo mais clareza. Por exemplo: “Vi com estes meus olhos que a terra há de comer”. Tá bom então. Quem vai duvidar depois disso?

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