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MAIS DAS REPETIÇÕES

Arquivo Geral

26/07/2017 11h23

A repetição é um fenômeno da língua que deixa tantas marcas que vale a pena falar mais um pouco sobre ele. Hoje quero abordar um exemplo do mundo corporativo e outro do dia a dia de cada um de nós. Uma situação da qual ninguém foge. Aí, você pode comparar com a sua impressão.

Relembrando

Um dos motivos do uso excessivo de repetições é a fascinação por palavras da moda. Isso pode acontecer em vários ambientes. De qualquer maneira, não deixa de mostrar pobreza vocabular ou uso de expressões ou palavras chamadas de “curinga” ou “ônibus”, por terem a característica de carregar tudo que é significado.

O outro lado que vamos tratar fala de palavras que buscam causar impacto em quem as encontra. É um caso de tática de comércio que tenho certeza que todos conhecem.

O caso de uma palestra

Há algum tempo, participei de uma apresentação corporativa em que o palestrante utilizou a palavra “agenda” em quantidade excessiva e com diversos significados, deixando a plateia sem especificação do seu sentido. Essa palavra está na moda, o que nos aponta que a pessoa que a usa pode querer dar demonstração de estar atualizada no contexto corporativo em que está inserida.

Ocorre que esse excesso de ocorrência de uma palavra, especialmente quando ela tem significado diverso, pode demonstrar uma deficiência lexical (as palavras diferentes constantes de uma língua). Pelo menos quatro significados diversos foram utilizados nesse dia: compromisso, reunião, programa de trabalho, projeto, entre outros. Agenda só não foi utilizada mesmo com o sentido de “livro datado que se destina a anotações de compromissos” (a primeira acepção de dicionários).

A situação no comércio

Outra palavra que perdeu seu poder por ser utilizada não somente de maneira excessiva mas, também, por, perceptivelmente, vir sendo usada com abuso de seu significado é “promoção”. Aliás, nesse bolo, podemos incluir “oferta” e “liquidação”. Como ouvi esses dias, a palavra (ou as três) parece somente ser um apontamento do preço que está sendo cobrado no local.

Os comerciantes não são bobos. Sabem que ainda tem muita gente que é atraída pelas letras garrafais e vermelhas, bem grandes, na frente de uma vitrine ou numa placa antes do estabelecimento. Tantas pessoas nem comparam preço ou qualidade, e são levadas pela isca atrativa. Por outro lado, já há uma turba que sabe bem que esses vocábulos perderam seu sentido. Não estão anunciando efetivamente um desconto no preço comparado a outros. Mas só uma tentativa de ganhar um comprador.

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