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“Grammatica da Lingoagem Portuguesa”

Arquivo Geral

18/09/2018 11h42

Trata-se de uma publicação de Fernão de Oliveira de 1536. Foi o primeiro registro de um estudo da língua portuguesa. Devido à sua época e também a ser uma primeira inserção do tipo, acabou sofrendo algumas incompreensões. Hoje, porém, muitos consideram sua importância para os campos fonético e filológico.

Como Fernão divide a sua gramática

As diversas características da língua portuguesa são estudadas e distribuídas por capítulos da seguinte forma: até 5: apresentação; 6 a 29: fonética e ortografia; 30 a 42: lexicologia; 43 a 48: morfologia; e 49: sintaxe.

Fernão demonstra que sua intenção era muito mais ortográfica, como a maioria dos gramáticos renascentistas. Porém, sua originalidade e preocupação já se percebem na apresentação. Nos cinco primeiros capítulos, Fernão fala de seu intento e, só depois, a partir do cap. 6, ele aborda, diretamente, o uso da língua, a qual divide em letras, sílabas e vozes.

O processo de avaliação da linguagem

Fernão toma por base as linguagens romana e grega. Fala bastante de seus exemplos na manutenção de suas línguas, o orgulho e a imposição de ensiná-las a outros povos. Por isso, convida ao estudo da língua portuguesa em preferência às línguas estrangeiras, atitude importante num momento de afirmação da cultura lusitana. Além disso, apesar de basear-se na força do grego e do latim, Fernão propõe uma autonomia do português em relação à língua latina, reconhecida como “língua-mãe”.

Ele tenta demonstrar o sistema de um idioma que representa a essência do seu povo. Por isso, apesar de não contar com reflexões profundas sobre as variantes da língua, ele demonstrou algumas diversidades, como diferentes pronúncias do português europeu, comentando que “cada um fala como quem é” ou “uma mesma nação e gente de um tempo a outro muda as vozes e também as letras”. Isso confirma o que sempre falamos: “A língua é viva”.

Seu exemplo para hoje

Fernão de Oliveira, já em 1536, demonstra sua preocupação em descrever a língua com suas diversas normas vigentes, sejam elas na expressão oral e escrita no momento da produção, e a impossibilidade de deixá-la uniforme no tempo e no espaço, já que o português é uma língua falada há muitos séculos e em vários lugares do mundo, com suas diversidades culturais.

Porém, como Fernão usou para sua base a nobreza e os fidalgos portugueses, muitos gramáticos atuais utilizam o que eles mesmos chamam de “forma culta”, ou seja, a gramática utilizada por “escritores consagrados”. Enfim, tanto Fernão como os de hoje levam em consideração a diversidade da língua, mas apontam, mesmo a despeito disso, a sua unidade de regras. O convite é você conhecer essa gramática secular e comparar o seu estudo com nossa prática hoje. É bom lembrar que a língua é viva e não pertence somente a fidaldos.

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