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Gramatical x agramatical

Arquivo Geral

09/01/2018 8h00

Atualizada 05/02/2018 11h57

O pessoal que estuda a linguagem mais aprofundadamente lida com esses conceitos bem cedo na vida acadêmica. Isso acaba sendo o primeiro pontapé para um olhar diferente para o que se chama comumente erro ou acerto em gramática.

Erro x acerto

Para superarmos, logo, a ideia de que tenha a ver com o que está certo ou errado, vamos colocar cada coisa no seu devido lugar. O conceito de erro e acerto está relacionado com o uso das regras de uma língua de acordo com a norma padronizada.

Sobre a norma padronizada, posso dizer que estão orientadas pelas grafias ensinadas pela ABL, pelas bases expostas no Acordo Ortográfico e as regras gramaticais consagradas, em geral. Você já deve ter ouvido falar de norma culta. Bem, não posso considerar culta somente a forma escolhida como padrão. Por outro lado, sei que o que chamamos de “padrão”, foi colocado nesse posto por alguma casta da sociedade, em detrimento de outras, que se comunicam igualmente. Sendo assim, chamo-a de norma padronizada.

Sobre a agramaticalidade

Consideramos agramatical algo que não é possível de ser produzido na língua por não haver até mesmo quem compreenda, por conseguinte, quem fale ou escreva de tal forma. Diferente do que chamamos de erro, uma palavra dita ou escrita de forma errada, pode ser considerada assim simplesmente por estar em desacordo com a norma padronizada, o que eu chamo de segunda língua. Isso porque, sem estudar, ou sem orientação, você não chega a conhecê-la totalmente.

Acompanhe a frase que ficou na minha cabeça desde a primeira aula de introdução à linguística, no longínquo ano de 2000, na UFRJ: “Os menino joga bola”. Certamente você dirá que a frase está errada. Agora que estamos ajustados no tocante à diferença entre erro e agramaticalidade, também concordo que está errada. Mas te digo: ela é gramatical.

Vamos à fascinante diferença

A frase acima é totalmente compreendida por qualquer, repito e enfatizo, QUALQUER falante da língua portuguesa. Ninguém terá dúvida do que se joga, de quem joga e da quantidade dos sujeitos. Sabe por quê? O artigo no plural joga toda a ideia para o plural, mesmo com o núcleo do sujeito (meninos) sem concordar e sem o verbo fazer sua flexão correta. Quem a ouve imagina vários meninos jogando bola da mesma forma que “os meninos jogam bola”.

Mas e o agramatical então? Imagine se é possível, em português, alguém falar (ou escrever): “Menino bola joga os(*)”. Essa frase é totalmente incompreensível. Não faz sentido pro falante da nossa língua e, por isso, não a imagino sendo produzida por ninguém. A agramaticalidade de uma sentença (uma frase) é marcada em linguística com um asterisco (*). Deu pra ver a diferença?

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