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Futebol e mulheres

Arquivo Geral

03/07/2018 8h00

Atualizada 02/07/2018 12h16

A máxima “futebol, cerveja e mulher” sempre está atrelando esses três elementos na mente dos machões ao longo da história. Você é adepto do “sempre foi assim” ou costuma colocar em xeque seus valores para pensar nas outras pessoas?

Uma outra experiência

Na semana passada, e ainda nos trilhos do comentário sobre o fenômeno da “bo… rosa”, na coluna anterior, lidei com um fato interessante que envolve futebol e mulheres. Eu estava ouvindo um programa esportivo no rádio do carro com minha mulher, quando um dos radialistas contou uma bravata sobre estar no motel com uma mulher. Milena só falou “que nojo!”, expressão que me incomodou por sua posição naquele momento.

Isso me fez pensar no esforço que se tem feito para inserir as mulheres no mundo do futebol. Hoje já temos, além de repórteres e algumas apresentadoras, boas comentaristas e até narradoras. Isso mostra que essa atitude de envolver a mulher como “coisa consumível” nesse meio já está anacrônica. O “sempre foi assim” precisa mudar. Trocamos as atitudes primeiro para depois mudarmos as palavras ou vice-versa? Você escolhe.

Outro fato paralelo – mas que demonstra o mesmo problema

Rede social é terra de ninguém. Então, numa das brincadeiras que fazemos muitas vezes, enfiei-me em uma “treta” com o tal “Canarinho Pistola”. Como não sou fã dele, comentei numa foto, em que ele estava na beira de um rio pescando, que eu queria que um tubarão o comesse. A resposta do Pistola foi desejar que algo bem anal, protagonizado pelo capeta, acontecesse comigo. Em caixa alta e bastante curtido por muita gente.

Por conta do jogo do Brasil ontem, a mídia noticiou que as duas torcidas, ao incluir a do México, estão unidas por gritos homofóbicos. O que mostra que ainda temos o sexo como maneira de subjugar o outro. Artifício para colocar gays e mulheres em posição inferior.

A linguagem como mecanismo de mudança

Teoricamente, e vemos isso em Pierre Bourdieu, o sexo é prazer, mas também pode ser utilizado como forma de dominação, para subjugar alguém. O que nos aponta para uma necessidade de tratar o caso de maneira diferente. É mudar a cabeça mesmo. O respeito é necessidade premente e também passa pela forma de nos comunicarmos. Assim, conforme Norman Fairclough, acreditamos que mudar o discurso ajuda a ajeitar a prática social.

Nesse sentido, a tríade “futebol-mulher-cerveja”, que agrada a tanta gente, precisa ser repensada, já que temos pessoas que não querem se sentir objeto. Não se trata de condenar os espaços de brincadeiras. Eu imagino o tanto de vezes que as mulheres se reúnem para, de forma terapêutica e até jocosa, tirarem partido de seus maridos. Mas é outro ambiente. Como os homens também o fazem. Mas o futebol está cada vez mais aberto, deixem as mulheres e os homossexuais entrarem… sem serem ofendidos, por favor!

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