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Equívocos e pronúncias no cotidiano

Arquivo Geral

09/04/2019 7h03

Para nos ajudar nesse tema, hoje, vamos usar o vídeo que foi espalhado à profusão em que o ministro Sérgio Moro, em apenas 30 segundos, comete três equívocos relacionados a pronúncia. Vamos às particularidades de cada um.

Cônjuge que virou “conge”

O que ficou mais marcado e difundido foi o momento em que ele se referiu aos maridos e mulheres como “conges”. A palavra até foi espalhada com a letra j na grafia. Eu creio que, se existisse, deveria ser com g. Só com a supressão da sílaba “ju”.

Essa pronúncia, evidentemente equivocada, me fez lembrar o fim de verbos no gerúndio, que em alguns casos “cantando” vira “cantano”. Isso ocorre porque “n” e “d” são linguodentais. Na pronúncia, o “d” acaba sumindo. É uma explicação para o fenômeno, que é passível de análises sociolinguísticas.

O ministro, a meu ver, poderia ter relaxado nesse nível, já que as sílabas “juge” faladas rapidamente seriam condensadas. É uma hipótese, mas, na prática, nunca reparei esse desaparecimento da sílaba “ju”. Foi a primeira vez. De qualquer forma, como no exemplo anterior, é uma pronúncia que não se espera de alguém na sua posição e, especialmente, no ambiente em que estava.

O já tradicional “pode vim” em lugar de pode vir

É muito comum que essa troca seja feita em vários âmbitos da linguagem. O ministro, nesse particular, pronunciou “não ‘vim’ a ser condenada”, obviamente em lugar de “não vir a ser condenada”. Trata-se, também, de outro “relaxamento” cometido sem observar o registro, ou seja, o ambiente em que se fala.

Digo isso porque, numa conversa de bar, normalmente, essa observação nem seria feita, ou em um ambiente como um parquinho de criança, onde já ouvi um pai falando para a filha no escorregador: “Pode vim”. Nesse dia, o pai era eu mesmo. Mas parei e deduzi: “Eu não poderia falar desse jeito… mesmo aqui”.

Entre o sobre e o sob

Essa é clássica também. “Sobre” quer dizer acima de. Já “sob” é o contrário: em baixo. Mas e no campo das ideias? Quando alguém fala de alguma coisa, está discursando sobre um tema. Já quando alguém age debaixo de uma emoção, está agindo, logicamente, sob ela. Por isso, alguém pode cometer um crime “sob violenta emoção” e não “sobre”.

Todos esses exemplos, que acabam trazendo estranhamento a quem tem um pouco mais de estudo sobre a gramática e a sintaxe, podem ser tachados de preconceito quando se cobra de alguém menos letrado. A meu ver, como orienta o Procon, observar a boa grafia em anúncios te impede de cair em ciladas para comprar ou adquirir serviços de baixa qualidade. Quero dizer: seria muito bom que os homens públicos nos dessem garantia, também por sua prática da boa linguagem tanto escrita quanto falada, especialmente em ambientes mais monitorados, de sua preparação para os respectivos cargos.

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