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É carnaval

Arquivo Geral

13/02/2018 23h22

Quando eu era fuzileiro naval, trabalhei com um cabo que tinha como nome de guerra Carnaval. O cabo Carnaval era bem conhecido, por ser uma pessoa bastante animada, digamos assim. Um dos comandantes dizia que seu nome era bem apropriado porque ele era uma pessoa bastante apoteótica.

Palavras, lembranças, significados

As palavras têm suas histórias e como elas surgiram. Dentro delas há raízes que são praticamente o seu DNA, mostrando de onde vieram, para que servem (ou pelo menos para que serviam quando nasceram) e seu contexto mostra para onde vão e para onde podem ir. Mas, como um ser vivo, tudo pode acontecer.

Uma palavra é criada com muita engenhosidade para que passe a quem escuta o seu significado. É o veículo por meio do qual viaja o pensamento de alguém, sai pela boca – ou pela ponta da caneta ou pelo teclado – e entra no ouvido – ou é absorvida pelos olhos – levando o que significa. Mas, no meio do caminho, pode passar por várias mudanças.

Do carnaval

A origem da palavra e da festa é muito difícil de afirmar. O que podemos dizer ser consenso é que havia uma festa anterior à apropriação do carnaval por parte da igreja. E ela ocorria em várias partes, com significados diversos. Na apropriação a igreja, o “carne vale” ou “carnis levale”, quer dizer algo como “adeus à carne” ou “abandonar a carne”. Era uma despedida da carne, já que, na Quarta-Feira de Cinzas, começa a Quaresma: período de abstinência.

Daí a fazer relação com as festas de extravasar para além da carne foi um pulo. Fantasias, música, libertação das regras exageradas e outras coisas foram virando um exagero que, para alguns, estragou a festa por completo, condenando-a. Exageros, aliás, são ruins para ambos os lados. De qualquer forma, não se pode negar a vertente cultural, popular e até crítica no carnaval. No fim, cada um escolhe o carnaval que quer. Até mesmo cama, filme e pipoca.

Da apoteose

E quem diria que na raiz da palavra apoteose tem Deus? Pois é. Ele está lá no “teo”. A apoteose era uma cerimônia romana de inclusão de alguém entre os deuses, uma divinização. Daí em diante, a palavra fez seu caminho até significar o auge de alguma coisa, o ponto máximo.

Por isso, temos, hoje em dia, na Marquês de Sapucaí, a Praça da Apoteose, onde a escola de samba termina seu desfile e faz seu congraçamento com uma chave de ouro, deificando sua apresentação.

Carnaval (o cabo) era assim. Chegava e se transformava no cume da reunião dos fuzileiros. Contava piada, fazia performances, cantava e ninguém conseguia ficar sério. Como disse o comandante, era apoteótico.

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